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sábado, 30 de maio de 2009

A vida na mansão, eu, Teco e a cozinheira.

Meus ouvidos, que a terra há de um dia comer, no fundo daquele corredor ouviram gritos, sei lá pareciam gemidos, mas eram gritos de mulher. Na verdade, não eram exatamente gritos, e sim gemidos. Prestando bem atenção, não se dirigiam a mim aqueles gritos, quer dizer, gemidos. A pessoa que gemia nem devia saber, sequer imaginava que soubrara eu, euzinho, apenas eu, em casa. De onde vinha o ruído? Esgueirei-me pelos cantos da sala, atento como um perdigueiro, com passos delicados, flutuei por alguns momentos. Percebi que o som partia de um dos banheiros do lugar, baixinho, sussurrado, quase um som imperceptível, não fora eu naquele momento um louco, um desvairado em busca de algum tipo de som ,um banheiro situado no meio de um corredor que levava aos quartos dos empregados. Fui até lá, devagar, pé ante pé, um tigre à espreita da vítima, um angorá já sentindo o cheiro e o gosto de sua deliciosa preá, um gatinho preparando o bote final sobre aquele pássaro escolhido, a comida certa na hora exata, espiei pela porta entreaberta, fui mais além, farejei e o que vi me surpreendeu. Teco, o mordomo, tentava agarrar a cozinheira.Mas que belo sacana havia me saído esse Teco! Tinha prensado a cozinheira contra a parede. Enfiava as mãos por baixo da saia dela, aproveitava-se agarrava-a com vontade, a pobresinha, ali, indefesa, escanteada, esnucada, com ânsia mesmo. Teco queria de qualquer jeito sovar a cozinheira. Dei uma boa olhada nela. Hum. Nunca havia reparado naquela cozinheira, envolvido que estava com Amanda ou Fernanda, mas agora percebia que se tratava de uma mulata bem interessante. Boas pernas, coxas fortes. Bem interessante, de fato. As possibilidades infinitas da vida na mansão! Teco apalpava aquelas coxas cor de chocolate e resfolegava com a cabeça enfiada entre os delicados e macios seios da cozinheira. Ela arfava e repetia:

- Para! Para! Sai! Sai! Apertava a pobresinha, judiava da indefesa moça.

Mas não parecia querer realmente que ele parasse. A calcinha dela apareceu entre os dedos ávidos do mordomo. Uma calcinha amarelinha, com delicadas rendinhas azuis, sabe aquelas rendinhas dos nossos sonhos de jovem? Asssim, juuustamente iguais, uma calcinha delicada, ajustadinha àquele corpinho de boneca Suzi, acho que não podia ser menor. Em um segundo, a calcinha já lhe cobria os joelhos redondos. O sexo pulsante da cozinheira agora se expunha à concupiscência do mordomo. Grande Teco! Invejei-o. Ganhara duzentos pilas sem fazer esforço e agora ia se repoltrear com uma cozinheira gostosa, mas, convenhamos, indefesa, pois fora com certesa abatida pela lábia daquele ingrato, caiu no conto do vigário, é, conclusão Teco é um sedutor barato, um homem, se é que a isto pode-se chamar de homem, um homem sem caracter,um semvergonha, este Teco.

A coisa ia acontecer ali mesmo e seria uma loucura, um ato insano do meu amigo Teco, senti vontade de assistir e ao mesmo tempo de gritar para ele parar com tal ato de força, mas achei que a função facilitaria o meu trabalho. Primeiro o dever, depois o prazer. Deixei Teco se divertindo com a cozinheira e decidi que talvez me ocupasse dela mais tarde., quem sabe numa outra oportunidade, finalmente a vida na mansão havia de continuar após o feito mal intensionado do mordomo, deslizei para a sala outra vez, subi as escadas e fui direto para o quarto da velha bruxa. Sabia onde estavam as joias: escondidas num fundo falso do roupeiro. Rapidamente abri o roupeiro, extraí o fundo falso e de lá saquei a caixa de joias. Faiscavam, brilhavam como um pequeno sol. Um tesouro! Piratas matariam pelo conteúdo daquela caixa. Coloquei-as todas em um saco de pano que trouxera especialmente para o trabalho, exceto um colar de brilhantes muito chamativo e, provavelmente, muito caro. Esse, meti no bolso das calças. Devolvi a caixa ao fundo falso, fechei o roupeiro, retirei as luvas e saí do quarto, sempre tendo o cuidado de apagar minhas impressões digitais. Desci as escadas. Agora vinha a parte mais delicada do plano, talvez a mais perigosa: teria de esconder o colar numa gaveta do quarto do Teco. Queria imputar-lhe a culpa pelo roubo. Seria perfeito. Per-fei-to! Pagaria minha dívida com o agiota, cobriria o rombo na contabilidade da empresa e ainda me livraria do chantagista maldito, sim chantagista, um amigo chantagista, pode não parecer mas é... sobre isto se você quiser falaremos mais tarde numa outra ocasião, por hora está bom assim. Ele não poderia me acusar de nada nem que desconfiasse. Se me denunciasse, teria de admitir que fez chantagem comigo, seria possível inclusive que o obrigassem a devolver os 200 pilas que lhe paguei.

Era mesmo um plano genial. Mas, para esconder a jóia em seu quarto, precisaria passar pelo banheiro onde o mordomo e a cozinheira espadanavam em sexo pecaminoso. Foi com muita, muita, mas muita cautela que passei pela frente do banheiro. Não pude evitar: dei uma espiadela, que loucura estava eu fazendo, eu? Não o Teco ou seria eu? Sei lá fiquei meio tonto quase desgracei meu plano ao ver aquilo tudo pelo buraco da fechadura, pobre moça! Teco possuía a cozinheira em cima da pia, furiosamente, rosnando:

- Me chama de patrão! Me chama de patrão! Vai, me chaaaama...

Ela gania:

- Patrãozinho! Patrãozinho!

O bom Teco, grunia, sei lá parecia um grunido mesmo, coisa de amador, de estagiário, de quem ainda não sabe ou jamais saberá fazer direito, direitinho, como manda o figurino...

Fui em frente. Entrei no quarto dele. Não escolhi muito: abri a última gaveta de uma penteadeira e acomodei o colar entre as meias e as cuecas do chantagista desgraçado. Limpei as impressões mais uma vez. Esperei alguns minutos, escutando com o ouvido colado à porta. Só poderia sair quando o caminho estivesse limpo. Esperei. Esperei.

Esperei.

Ouvi vozes ao longe, um corredor imenso, Teco e a cozinheira deviam estar se despedindo. Malandro, esse Teco. Esperei mais um pouco. Esperei. Esperei. Esperei.

Abri a porta, enfim. Tudo estava silencioso. Tudo calmo, pairava no ar o silêncio das horas de meditação dos conventos, dos momentos mais solenes, das meia noites dos cemitérios, um silêncio que predizia perigo! Perigo!

Já estava no corredor, quando ocorreu o inesperado, o imprevisto, o desespero pareceu abocanhar-me, as pernas afrouxaram, tudo encolheu, desapareceu minha volupia, gelei, derepente...

A cozinheira me viu.

Sim. Ela me viu. Já havia se livrado de Teco, que na certa se encontrava em outro ponto da mansão. Vinha caminhando placidamente, delicadamente, santamente, pelo corredor, com o maior ar de inocência naquele rosto de rainha da bateria. E flagrou-me saindo do quarto do mordomo, com o saco de pano cheio de joias na mão.

E agora? O que eu poderia fazer???

Não sei, você sabe? No próximo sábado combinei um chop com Fernandinha, sabe a Fê do pé de valsa, quem sabe, ela com a astúcia natural das espertas mulheres, saberá dizer-me o que fazer n'uma sinuca de bico dessas, aguarde... enquanto isso, vá espiando por algumas frestas, algumas fechaduras, finalmente, existem tantas outras cozinheiras por aí...


Por: Wcastanheira. Num desses sábados chuvosos, pensando, pensando, no quase nada, só poderia sair isto, nada mais...

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