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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Zero Hora 31/08/2008

Qual sua opinão sobre o desarmamento?

O desarmamento evita muitos acidentes domésticos, mas a violência urbana aumenta. Os marginais jamais entregarão suas armas, se houver uma polícia atuante, uma justiça executante, talvez produza bons frutos a lei, mas como mudar a cultura deste país onde uns podem e outros não, mesmo expostos à mesma lei? Ninguém pode andar armado e ponto final, portar arma é crime, esta deve ser a prática, mas pra mim é utopia.
Wanderlen Borges Castanheira
Marítimo - Tramandaí (RS)

Zero hora 14/02/2009

  • Você é a favor de hospitais só atenderem pelo SUS.



  • Este atendimento favorece os grandes médicos, que podem fazer um serviço mais qualificado. Enquanto visitam os conveniados, também atendem o paciente do SUS, sem perda de dinheiro, atendimento apenas eplo SUS desncorajaria aos grandes profissionais, que não teriam motivo para trabalhar nestes hospitais, por enquanto eles vão lá atendem aos convenios e particulares e dão um pulinho par ver os menos agraciados.


  • Wanderlen Borges Castanheira
    Marítimo – Tramandaí

  • Zero Hora 31/01/2009


  • Leis menos riígidas garantem o emprego?

  • O que garante o emprego é o custo/ benefício da capacitação x produção. A empregabilidade está diretamente ligada à carga tributária, se o empregador tiver menor custo emprega mais, mas também não creio que manterá empregado um funcionário que por conta disto não produz ou produz pouco e com baixa qualidade.

    Wanderlen Borges Castanheira
    Marítimo – Porto Alegre

  • Zero Hora 02/08/2008


  • Propaganda eleitoral deve ser liberada na internat?

  • Deve ser restrita ao máximo, acho uma invasão, uma falta de educação o político se intrometer onde não deve. Que faça sua campanha na rua, nos bares, mas esqueça a internet, deixe-a para os cultos, é muita bobageira, é muita falsa promessa, além de encher a caixa com um conteúdo, inútil e sem propósito, cada um que faça sua campanha demonstrando capacidade no dia a dia

    Wanderlen Borges Castanheira
    Marítimo – Tramandaí

  • Zero Hora 06/01/2009

    Você é a favor do alcool zero, no trânsito?

    Terá que se fazer respeitar pela força policial, sem carteiraços das classes dominantes. Teremos menor número de acidentes e um trânsito organizado, fazer a lei valer para todos é importante e necessária, mas... e a cultura dos afilhados e dos filhinhos de papai importante?

    Wanderlen Borges Castanheira
    Marítimo - Tramandaí

    Jornal Dimensão 09/04/2009

    O que espero do novo prefeito de Tramandaí
    Como a maioria absoluta do povo, acredito no novo Prefeito, espero que fiscalize o seu pessoal e o serviço, com um bom secretariado, não é possível a ele tudo ver, que quebre este adormecimento de poder que havia, acorde mais cedo e ande de cabeça erguida entre o povo, que visite aos bairros e veja as necessidades que porventura vereadores ou secretários não vêem, mantenha o embelezamento do centro, pois isto é necessário, somos uma cidade turística, cuide da orla da praia, revitalize a pintura do gigantinho, ou vai esperar cair? O prédio pode ser visto também como cartão postal, sê pintado, espero que de modo algum permita o nepotismo direto ou cruzado, uma vergonha pra nós, que mantenha o equilíbrio das finanças, com pagamentos em dia, espero que o Prefeito receba em algum dia o povo em seu gabinete e que continue honesto (e isto ele é), não se deixando absorver pelo poder, acredito no seu trabalho para atender aos bairros e centro, apagando a péssima lembrança que hora nos deixa, trabalhe com dinamismo e seriedade, acorde um pouco mais cedo e dê um passeio por sua cidade.
    Wanderlen Borges Castanheira - Marítimo

    Zero hora 08/02/2009


    • Compulção alimentar, é vicio?
    • Não, compulsão alimentar é um caso médico, é preciso tratamento psicológico, o doente tem que se ajudar, adimitindo que quer parar e com isto aceitar o tratamento e a ajuda da família, aliás o auxílio, o engajamento da família, tem que fazer parte do tratamento, para que não vire, tortura

      wanderlen Castanheira

      wanderlen@pop.com.br
      Tramandai - RS - Brasil
      08/02/2009 - 15:43

    Zero Hora 21/03/2009

    Flanelinhas, devem ser extintos?

    Sempre existirão os bons e os maus e andarão próximos. Eles precisam é de um pouco de formação social e escolaridade, pois são trabalhadores. Apoio social faz a pessoa crescer em cidadania.

    Wanderlen Borges Castanheira
    Marítimo – Tramandaí

    ZERO HORA 29/03/2009

    O QUE VC ACHA DO AUMENTO SALARIAL DO JUDIÁRIO GAÚCHO?

    Não podemos criar mais abismos salariais no Estado, precisamos tratar a todos com paridade. As
    medidas econômicas devem ser em escala linear, beneficiando não somente os amigos da corte. Wanderlen Borges Castanheira Marítimo - Tramandaí

    ZERO HORA 08/07/2008

  • Privatizações

    Justa a greve dos Correios. Temos que pagar pelos péssimos salários, condições de trabalho e falta de divisão nos lucros. Se deu certo quebrar monopólio de tantas áreas, porque manter o correio nacionalizado? Todos ganham com a privatização.

    Wanderlen Borges Castanheira
    Marítimo - Tramandaí

  • terça-feira, 28 de abril de 2009

    Jornal Dimensão 30/04/09

    Vergonha Nacional
    Estamos passando por um período de muita confusão no meio político nacional, a farra das viagens na câmara Federal, os desvios de verbas no Legislativo estadual, agora esta discução lamentável no STF, se o Sr Presidente foi acusado de mafioso, porque não investigam, porque não buscam a verdade, os Srs Juízes, homens togados, vieram ao nível da sargeta, nestes momentos é que penso,o que devemos fazer? Se juízes baixam o galardão do vocábula, se alinham seu discurso ao da mais baixa plebe? Como posso por veses condenar nossa humilde sessão de vereadores quando fazem acusações mútuas de nem tão baixo nível? Preocupa-me a falta de vergonha e por hoje também ao desiquilíbrio de pais matando filhos, de violência sexual incesta nas famílias, será o fim dos tempos? Não, com certeza, não, é a falta de DEUS, pessoas orantes e crédulas na justiça divina, não fazem isto, é a falta de acreditar que o bem gera o bem e o mal gera o mal, que não basta rezar é preciso praticar boas ações e dar testemunho de atos Cristãos, ainda creio que DEUS vencerá, que todas estas coisas são meios, jamais o fim, por isto sonho com políticos honestos e juízes além disto, centrados, equilibrados e justos, nascemos para sermos felizes na plenitude.

    Wanderlen Borges Castanheira Indianópolis

    zero hora 25/04/09

    Passagens para políticos
    Politico tem que ser tratado como todo trabalhador, passagens, moradia e outras mordomias, precisam acabar, sou funcionário deslocado da minha sede, nem por isso tenho qualquer vantagem, quer viajar paga passagem, é óbvio, paga aluguel, é claro.

    Wanderlen Borges Castanheira Marítimo Tramandai

    Rua Sidnei Ferrí 268 Indianópolis 9559000 Tramandai RS

    segunda-feira, 27 de abril de 2009

    UMA SEGUNDA FEIRA

    Uma segunda com a certeza do dever cumprido, omtem domingo 26/04/09 formamos mais 20 casais para efetivarem seus matrimonios diante de DEUS, foi um domingo feliz em ver as carinhas deles felizes e com muito amor no coração de cada um , fico aqui na expectativa de que cada um deles seja muiiito feliz no seu casamento e possam a cada dia de suas vidas viver com muita expectativa de um amor cada vez maior de um para o outro, que possam daqui a muitos anos as pessoas olharem para eles e dizerem, vede como se amam> Este é o nosso imenso desjo quando auxiliamos a jovens casais na formação para o casamento Cristão.
    Um beijo e os desejos de saúde ePAZ do Wanderlen e da Méri.

    sexta-feira, 24 de abril de 2009

    SONHAR COM VOCÊ

    Quando a noite já ia longe, os pássaros já dormiam, quando tudo se aquietava, os cães, apenas os cães zelavam por suas casas, os bebados desciam tropegos as ladeiras íngremes e tentavam de algum modo transpor suas dificuldades impostas pela falta de condicionamento reflexivo, o rouxinol havia adormecido numa árvore próxima, como a esperar o momento certo de avisar da chegada de um novo dia, pois sabia ele, ser necessário seu canto para despertar os notívagos, os embriagados, aos embevecidos pelas paixões noturnas, era preciso seu canto para marcar o momento da troca de algumas rondas, mas pobre rouxinol, para mim não precisaria cantar, pois de que adiantou Deus na sua infinita sabedoria, na sua imensurável bondade, ao dia e a noite criar? Se pelo menos para um filho Seu, a paz e a harmonia do adormecer, parece não ter doado, saio às ruas e vou de encontro ao primeiro bar, ali apenas dou de cara, com a porta quase fechada, queria eu que assim também estivesse meu pobre coração, mas não, está aberto, escancarado, deixando entrar quem quer que seja, pois tamanha é sua dor que já não sabe dimensionar, o que deseja e o que apenas lhe basta pelo momento, ando um pouco mais pela rua deserta, sem ter com quem dialogar,a não ser com minha própria solidão, aprofundo meu passo em busca da casa de mulheres, apenas mulheres, não importa nada, desde que sejam mulheres, uma porta semi aberta convida-me para entrar, paro, penso, tenho ainda forças para dizer não, tenho ainda um pouco de dignidade, para recusar convite tão fácil, continuo minha caminhada, mas direcionada, automática, com destino certo, indubitável, meus passos ... meus passos, parecem não ser meus, minha cabeça, por onde anda? Sei lá vai de encontro a ti junto a este corpo. já quase sem alma, já quase sem forças.
    Paro, olho, um lindo jardim, com flores divinamente encantadoras, rosas amarelas, ah, nossas rosas, rosas amarelas, quão distante estão, mas parece que foi ontem, que te dei a primeira rosa amarela, lembro ainda do teu sorriso lindo, dos teus olhos de uma cor tão semelhante ao verde do mar, do teu corpo esguio, das tuas mãos, ah, tuas mãos, quão macias, quão próximas da macies das pétalas das amarelas rosas, como pode o tempo não passar para os homens apaixonados, como pode as coisas mais simples maltratarem tanto nosso coração?Medito ao olhar o jardim, contemplo ao olhar as rosas amarelas, tão lindas, me fazem sempre um poeta sonhador, pergunto-me porque me fez Deus ter tanta afeição por tão bela cor?Como em tantas coisas, fico sem resposta, delicio-me a pensar no seu sorriso, no seu abraço cândido, no seu beijo macio e quente, delicado, demorado, sei lá, tão profundo, mas tão ardente, que o tempo parece não ser capaz de desmanchar o seu sabor, vou andando, meio perdido, meio sonolento, a divagar, a poetizar, a perguntar, porque sofrem tanto os poetas? Será que outros corações são mais embrutecidos, são menos gente? Não creio, mas não creio mesmo, acho que apenas o meu é assim um pouco vadio, não quer trabalhar para buscar alguém, não quer lutar para encontrar alguém, aprendeu a apenas sofrer por você, óh coração vadio, vai à luta, vai a busca de outra, já fazes sofrer tanto a este corpo, a esta cabeça, a este todo, que daqui a pouco coração, restará apenas você e uma carcaça humana, e aí o que fazer desto resto de gente, desprezado por esta mulher? De que adianta questionar quem não quer escutar. Consigo pelo menos dar mais alguns passos, mas não consigo optar pela direção, vou no automático ao teu encontro, com a certeza de que não me queres, com a certeza do teu desprezo, sigo meus passos, que importa o adiantado da noite, se ainda que durante o dia tua resposta seria a mesma, meus passos são lentos, são curtos, mas são decididos, vai levando este corpo desprezado, esta mente abandonada, mas um coração apaixonado, passo lentamente, quase parando por sua casa, a vidraça do banheiro deixa-me ver que talvez estejas por lá, teu cachorro de tanto me ver, já comigo tem um bom relacionamento, diria que temos um bom entendimento, pois entre eu e ele, já não consigo dimensionar quem é mais irracional, que vontade de bater à tua porta, que angustiado desejo, mas controlo todo o meu ímpeto e vou lentamente passando, não consigo parar de imaginar teu banheiro amarelo em minha homenagem, teu vazo com rosas amarelas a lembrar nossos dias, nossa noites tão lindas, assim viajo na saudade, assim aprofundo-me nesta imensa solidão, mais uma noite sem você e com certeza ao chegar em casa, a insonia será novamente a fiel companheira e o rouxinol, cantará pra quase todos, menos pra mim, mas nem tudo é tristeza, ergo minha cabeça, volta meu brio, volta minha decisão de viver, preciso estar altivo, preciso estar com brilho nos olhos, volto a viver com a força de um bravo amante, preciso de algum modo adormecer, pra pelo menos durante o resto da madrugada esperar por você, esta graça, a graça de sonhar Deus ainda não tirou dos pobres poetas.


    Devaneios noturnos, um momento de reflexão poético e altivo, pra pensar, apenas pensar!!
    Por WBcastanheira

    quinta-feira, 23 de abril de 2009

    Matéria no dimensão 01/04/09

    Alunos e professores
    Vivemos um começo de ano tumultuado na relação alunos e professores, ainda não por aqui, mas em outros municípios. Parece que temos duas forças a medir, quando na verdade o papel do professor é educar para profissionalizar, a família educar para a vida, a igreja educar para o respeito ao irmão e o valor de Deus Pai, a comunidade dar o bom exemplo de civilidade. Mas, parece que todos estão falhando e cai nos professores toda a responsabilidade, que ficam apenas 4h com nossos filhos e recebem crianças rebeldes, muito embora seja a minoria.Muitas famílias, graças a DEUS, acompanham a educação e formação dos filhos e graças a isto podemos dizer que a maioria das crianças são bons e respeitadores alunos, mas há uma minoria que dá muito trabalho aos mestres, hoje desvalorizados pelo próprio ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que tirou o direito de qualquer cidadão dar aos filhos mal educados uma correta noção de respeito, o menos tudo pode, a ele tudo é permitido, então feche a escola aos rebeldes, pois com palavras, mas sem ação não é possível educá-los. Chame o pessoal do ECA e por certo eles educarão esta minoria quase incontrolável. Parabéns aos bravos professores que mesmo assim ainda, conseguem educar nossos filhos, nesta mistura de valores onde apenas eles, mestres, não têm valor. Fico aqui acreditando neles e confiando neles, pois pode ser que um dia voltem a ter o poder de dar disciplina na sala de aula.

    MATÉRIA P/DIMENSÃO 16/04/09

    Homenagem à professora
    Caros leitores, em tudo temos o direito de concordar ou não, mas permita-me o direito de dirigir hoje meu texto a uma pessoa muito especial na vida histórica de Tramandaí. Há poucos dias um casal de amigos moradores de Recife/PE, solicitou-me um exemplar do livro recém lançado pela nossa escritora, professora e historiadora - Leda Saraiva Soares, explicam eles, que possuem as edições anteriores da escritora e não querem perder este novo lançamento, que está completíssimo, um show de pesquisa e informações sobre a história de Tramandai e Imbé. Dona Leda completa-se e orgulha-nos a cada livro que lança, por todo o seu serviço dedicado a todos nós, pela seriedade das informações, pela qualidade do serviço prestado, pela harmonia da estrutura do livro e por tantas outras coisas. Tomo a liberdade de usar este espaço do nosso nobre jornal, para parabenizar, homenagear e dizer, muito obrigado professora. Como gostaria de ter sido um aluno seu, mas a vida deu-me a deliciosa chance de fazer a prazerosa leitura dos seus livros. Que DEUS lhe abençoe e ilumine, para que assim, possamos receber por meio da dedicação, reflexos positivos da sua luz. É nobre para Tramandai ter Leda Saraiva Soares como sua historiadora e quão feliz devem estar seus ex-alunos. A Ledinha não cansa de orgulhar a esta terra. Parabéns!

    PÓS EACRE 2009 CAPÃO DA CANOA

    ORAÇÃO CONJUGAL

    Quantas orações conjugais fizemos ao longo da nossa vida de casal, orações profundas, momentos a três, de inquestionável valor para a unidade da família, orações de coração aberto, sintonia profunda com DEUS, ao lado do bercinho de nossos filhos, qual pai, qual mãe não rezaram juntos ao olharem, ao admirarem aquele precioso bem adormecido ou em momentos de angustia, naquela hora em que sem forças, parece que o mundo vai desabar, demos medicamentos, demos carinho, demos chazinho e nada adiantou, nos sentimos frágeis, então nos unimos, num uníssono Pai Nosso, numa inquestionável Ave Maria e outras orações, entregamos nas mãos de DEUS e ao colo de Maria, que oração! Que contacto diretíssimo com o PAI, sabe o que é isso? Oração conjugal, a diferença da nossa oração? Que a nossa é um PCE, deve ser diária, em casal, mas como podemos buscar nela os mesmos objetivos, os mesmos valores, em alguns dias pediremos e como somos inclinados às negociações em outros ofereceremos trocas, te dou isso em troca daquilo, não faz mal,nosso DEUS está aberto às nossas negociações, ele entende nossas aflições e sabe dosar o tempo certo para cada situação, mas também ao final de cada dia, ao inicio de cada manhã, quanto temos a agradecer, o dom da vida, a graça dos filhos, a graça de ter o quanto necessitamos para viver, a graça de cada momento que DEUS nos dá, para buscarmos a felicidade, a opção de podermos fazer aquilo que nos parece melhor para cada momento, tudo isto está nas mãos do Senhor e a nós ELE oferece a cada dia.
    Mais um exemplo de oração conjugal, quantas vezes, agradecemos unidos, nossas vitórias como casal, a aprovação num concurso, a aquisição de um bem planejado há muito tempo, quanta oração conjugal fizemos para a louvar as vitórias dos nossos filhos, na escola e pela vida a fora, são momentos conjugais, fáceis de fazer, e com certeza pela força da nossa oração, DEUS está entre nós é até imperceptível mas pedimos, oramos com tanta convicção que ELE ouviu, por tudo isto não justifica, não termos tempo para esta oração só porque faz parte de um PCE, faça dele um ponte de apoio, agradeça, peça ou simplesmente fiquem ali, olhando pra ELE, ELE escuta o coração de cada um de vocês, com certeza vosso silêncio para o PAI é uma oração que basta, leva a ELE um turbilhão de pedidos ou um tsunami de obrigados.
    Méri e Wanderlen Pós EACRE 2009

    TEATRO: A SEMENTE

    Narrador: Certa vez em uma pequena cidade do interior, morava uma senhora, que já estava um pouco envelhecida pela ação da idade.Com o semblante muito cansado e com o corpo já debilitado pelo peso da idade, deixava-se notar pelos demais, devido ao esforço que fazia para acompanhar seus colegas de trabalho no atribulado embarque e desembarque do ônibus que todos os dias os apanhava para levá-los ao trabalho.
    A simpática senhora costumava sempre na parte da manhã antes de pegar o ônibus, entrar na loja em frente a parada e comprar um pacote de sementes de flores e levar consigo, para ir jogando pela janela do ônibus durante o trajeto percorrido.Isso chamava a atenção dos demais passageiros que comentavam:

    1º-Passageiro: O que ela está fazendo? Acho que já está caducando!

    2º-Passageiro: Não pode ser normal uma pessoa gastar dinheiro a toa só por divertimento, e todos os dias!

    3º-Passageiro: Será que ela não consegue ver que esta estrada de quase sete km é formada só de areia seca e de pedras?

    Narrador: E assim todos continuavam a prestar atenção na pobre senhora que passava os dias de sua vida pegando o ônibus, comprando sementes de flores e colocando seu dinheiro fora.
    Um dia, embarcou no ônibus um novo funcionário, belo rapaz, em plena juventude. Sua reação não foi diferente das demais pessoas que costumavam ver todos os dias o que aquela senhora fazia.Porém sua curiosidade após dois meses de expectativa teve um resultado diferente dos demais, resolveu perguntar o porquê daquilo que ela fazia.Aproximou-se da senhora e perguntou:

    Rapaz: Senhora, já fazem dois meses que eu venho observando seu costume de comprar sementes e espalhar por todo o trajeto que o ônibus faz, não consigo entender o que a leva a colocar seu dinheiro fora desse jeito,já que muitas vezes não o tem nem para fazer um lanche.

    Senhora: Meu rapaz, nem tudo na vida tem explicação ou resultado imediato.

    Rapaz: Como a senhora pode ver, o caminho é deserto, cheio de areia, pedras e ervas daninhas por todos os lados , sem falar nos pássaros que sempre esperam que a senhora jogue a semente para eles se alimentarem, nem água tem para molhá-las a não ser da chuva, e com essa seca!

    Senhora: Tudo é feio quando queremos que continue feio, mas podemos mudar ou tornar um pouco mais alegre e bonito aquilo que acreditamos e aonde passamos.

    Narrador: O rapaz se retirou e continuou achando que talvez fosse a solidão da pobre senhora que a fazia pensar daquele modo.
    O tempo passou e o rapaz foi mandado pela firma que trabalhava, fazer um curso de especialização de seis meses, para assumir um novo cargo.
    Ao voltar o rapaz iniciou novamente a rotina de pegar o ônibus juntamente com outros funcionários para ir trabalhar.
    Passaram-se duas semanas e o rapaz notou a falta da velha senhora que todos os dias pegava o ônibus e com sua sacola improvisada de pacote de loja, saia a espalhar alimentos de semente aos pássaros e jogar dinheiro fora.
    Resolveu então perguntar ao motorista do ônibus o que havia acontecido com ela, se estava de férias ou doente pois havia notado a sua falta. O motorista respondeu:

    Motorista: Caro amigo, a quanto tempo estás ausente?

    Rapaz: Fazem quase sete meses.

    Motorista: Já se vai para dois meses que a simpática senhora nos deixou!

    Rapaz: Nos deixou como, foi embora para outra cidade?

    Motorista: Se é outra cidade ainda não sei, pois ninguém voltou para dizer, só sei que ela faleceu, , uma vizinha não a viu sair para o trabalho e foi verificar. Que lástima, estava morta em seu leito.Morreu dormindo.

    Narrador: O rapaz ficou muito triste com a notícia , pois já estava acostumado com a velha senhora jogando sementes pela janela, sorrindo e cumprimentado a todos.
    Certo dia, cansado por ter ido dormir tarde e acordar cedo, o rapaz acabou por adormecer logo que entrou no ônibus e foi despertado pelos gritos de euforia de uma criança que dizia a sua mãe:

    Criança: Mamãe, mamãe, olhe que flores lindas floresceram a beira da estrada! Parece que foram plantadas com tanto carinho e amor.

    Mãe: Sim minha filha são lindas mesmo, quem as plantou teve muito bom gosto, pois além de ser bonitas tornaram este caminho que era tão feio e cansativo, em um caminho belo e alegre para aqueles que o tem que percorrer todos os dias.

    Narrador: Foi aí que o rapaz entendeu o que a velha senhora havia tentado explicar para ele no dia que conversaram.
    Nem tudo tem um resultado imediato, mas nem por isso devemos de nos deixar abater, perder a fé e não lutar pelo que acreditamos.
    Muitas vezes o que fizemos não pode ser apreciado por nós, mas devemos ter a certeza de que outros irão apreciar. Nunca podemos desistir de semear, um dia a semente vai germinar e alguém irá colher o que de bom foi plantado e com um sorriso no rosto dizer:
    FELIZ DAQUELE QUE SOUBE SEMEAR PARA QUE OUTROS POSSAM COLHER.E MAIS FELIZ AINDA AQUELE QUE CONSEGUE FAZER COM QUE A SEMENTE PROPORCIONE ALEGRIA DE VIVER CADA DIA EM FUNÇÃO DOS

    (TEATRO) ENCENAÇÃO DE NATAL

    COM: O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma jovem da Galiléia na cidade de Nazaré. A virgem estava prometida em casamento a um homem chamado José que era descendente de Davi, o nome da virgem era Maria, o Anjo apareceu a ela que estava em sua casa e disse:

    ANJO: Alegra-se cheia de graças pois o Senhor está contigo!

    COM: Ouvindo isto Maria ficou preocupada e perguntava a si mesma o que a saudação do anjo estava dizendo a ela, o que ele queria dizer, mas o Anjo continuou:

    ANJO: Não tenhas medo Maria, porque você encontrou a graça diante de DEUS. Você vai ficar grávida e dará a luz um filho em quem porás o nome de Jesus, ele será grande e será chamado filho do altíssimo, o Senhor dará a ele o trono do seu pai Davi e o seu reinado jamais terá fim.

    COM. Maria recuou um pouco assustada pois ainda não compreendia o que o anjo estava dizendo e então perguntou ao anjo:

    MARIA: Mas como isto poderá acontecer se não conheço homem algum?

    ANJO: O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do altíssimo te cobrirá com sua glória o Santo que vai nascer de ti será chamado filho de Deus, sua prima Isabel apesar de idosa, está grávida, uma prova de que para DEUS nada é impossível.

    COM: E Maria colocou-se a disposição do seu Senhor dizendo:

    MARIA: Sendo assim, eis aqui uma humilde serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra

    COM: Naqueles dias Maria deixou sua casa e partiu para a região montanhosa, onde morava sua prima Isabel e Zacarias, seu esposo, Lá chegando saudou sua prima, quando Isabel ouviu a saudação de Maria a criança agitou-se em seu ventre e cheia do Espírito Santo, com um grande grito exclamou:

    ISABEL: Salve Maria, bendita és tu cheia de graças, você é bendita entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre, a que devo eu a honra de receber a mãe do meu Salvador?

    COM. E Maria cheia do Espírito Santo lhe responde:
    MARIA: Magnificat

    COM: E lá, Maria permaneceu por muito tempo e durante este tempo contou tudo o que aconteceu ao seu noivo José que era homem justo e não queria denunciar Maria. Pensava em silêncio em deixá-la, mas enquanto José pensava o Anjo do Sr apareceu-lhe durante o sono e falou:


    ANJO: José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como sua esposa, que está grávida pelo DOM do Espírito Santo, ela dará a luz a um filho e você dará o nome de Jesus que será o Salvador do seu povo.

    COM. Tudo isto aconteceu para que se cumprissem as escrituras, a virgem conceberá e dará a luz a um filho, ele será chamado Emmanuel que quer dizer Deus conosco.
    E José fez como o Anjo lhe havia pedido, subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia até a cidade de Davi, chamada de Belém, na região da Judéia para registrar-se com Maria, sua esposa que estava grávida.
    Enquanto estavam em Belém se completaram os dias para Maria dar à luz, José estava preocupado com o estado de sua esposa, pois não conseguiam um lugar para se hospedarem.

    JOSÉ : Por favor, minha esposa está para dar a luz, consiga um lugar em sua hospedaria pelo amor de Deus.

    1ª PESSOA: Desculpe, mas aqui não temos lugar para vadios e desocupados, estamos lotados, vá procurar outro lugar.

    JOSÉ: Por favor, minha esposa está para dar a luz, consiga um lugar em sua hospedaria pelo amor de Deus.

    2ªPESSOA: Sinto muito, não posso perder tempo com vocês, vá procurar lugar em outra hospedaria estamos lotados.

    JOSÉ: Por favor, minha esposa está para dar a luz, consiga um lugar em sua hospedaria pelo amor de Deus.

    3ª PESSOA: Meu Senhor, aqui na hospedaria não temos nenhum lugar, mas se quiserem podem ficar ali na estrebaria.


    COM: Maria e José foram para a estrebaria onde nasceu o menino Jesus, entre os animais, Maria enfaixou o menino e o colocou em uma manjedoura que havia ali.
    Naquela região havia uns pastores que passavam a noite nos campos tomando conta das suas ovelhas. Um anjo do Senhor apareceu e a glória de Deus os envolveu numa explendida luz, quando o anjo falou:


    ANJO: Não tenham medo, eu anúncio para vocês a boa nova, nasceu hoje na cidade de Davi o SALVADOR, podem ir até ele, encontrarão um recém nascido enrolado em panos, deitado numa manjedoura.

    COM: De repente uniu-se ao Anjo uma milícia celestial cantando hinos de louvor e dizendo:

    ANJOS: Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por ele amados.

    COM: Quando os Anjos se afastaram os pastores combinaram entre si de irem até Belém para ver este acontecimento que o Senhor lhes revelou, chegaram adoraram e rezaram em louvor ao menino.
    Alguns Magos vieram do oriente seguindo a estrela de Belém, pois queriam homenagear ao menino, ao saber disso Rei Herodes ficou alarmado, recebeu os magos secretamente e disse-lhes:

    HERÓDES: Ide a Belém e procurem obter informações sobre este menino, onde nasceu e me avisem, pois preciso ir até lá adorar esta criança.


    COM: Quando os Reis magos entraram na estrebaria e viram o menino com sua mãe Maria e José, ajoelharam-se e diante dele prestaram homenagem, depois ofereceram presentes a ele, ouro, mirra e incenso, porém Deus os avisou por meio de um Anjo:


    ANJO: Não voltem até Herodes, pois ele deseja matar o menino, tomem outro caminho.

    E assim cumpriu-se a escritura.

    quarta-feira, 22 de abril de 2009

    MEU SILÊNCIO

    Se meu silêncio te preocupar, aviza, que busco um modo para gritar o quanto te amo, mas se para você for indiferente, tenha caridade, pelo menos dê-me um oi, não imaginas o quanto me faz falta um pouquinho da tua atenção, alimenta meu dia, completa minha respiração, parece que faz bater, é necessário para ajudar a bater meu coração.

    Não tenhas vergonha de cruzar teu olhar com o meu e se acaso minha imagem a ti se apresentar, tenhas a piedade de pelo um pouquinho nela pensar.
    Se a brisa teus cabelos tocar, não venhas a te assustar, pode ser minha saudade, a te procurar.
    Se um dia, eu sonhar com a felicidade, não estarás, nem mais longe, nem mais perto, do que na realidade, pois não podes nem em sonho ser pra mim mais do que a verdade
    se respiro, respiro você
    se sonho, sonho contigo
    se vivo, vivo por ti
    com certesa, sem você jamais vivi
    pra que esquecer, que não me queres?
    pra que então outras mulheres?
    se com certesa, só a você minh'alma quer
    meu coração,
    meu olhar
    não vê outra mulher.
    Se um dia, me encontrares triste, foi porque naquele dia não consegui, pensar em ti,
    mas... se me veres feliz é porque simplesmente te vi
    Saudades da praça. do rolimã, da calçada e do abraço
    da igrejinha, da escola e do compaço
    saudades, saudades é o que sobre ao poeta
    verdade de quem sonha, tristeza de quem não sabe sonhar
    pois sonhando, só sonhando, consigo te amar.

    terça-feira, 21 de abril de 2009

    SE EU CHORAR

    Se eu chorar, só por hoje, não me critiques, deixe-me derramar meu pranto, sabes lá ao menos se é de alegria, se é por alguma tristeza ou simplesmente por vontade de chorar?
    Se eu chorar, só por agora, deixe-me sentir este sentimento tão profundo e esvaziante, sabes lá porque choro, se é por ti, por alguém que conheces ou se apenas para sentir a delicia de poder chorar?
    Se eu chorar, encosta-te um pouco mais em mim, deixa-te enlevar por meu pranto, apenas olhe, adimire-me por eu não ter a vergonha de chorar, vem, deixa teu rosto colar ao meu, deixa teu cabelo macio encostar ao meu, deixa tua mão delicada repousar sobre minha mão e... fica assim, paradinha, como que a escutar meu pranto, já que não aprendeste a escutar meu coração, já que ainda não sabes interpretar meus gritos, meus gemidos até hoje tão contidos, já que não podes dar a paz que tanto necessito, quem sabe teu carinho, tua presença, podem aliviar meu pranto?
    Mas, se eu chorar ainda mais, não fujas, fica.
    Tenha a caridade de estar comigo neste momento de sentimento tão profundo, quem sabe se não é da tua presença que minh'alma necessita?
    Fica comigo, aqui, quietinha, houve meu pranto, assim como as criancinhas escutam as histórinhas da vovó, sinta-me, assim como o pássaro se delicia com a água do prato ao banhar-se, assim como as aves batem as asas felizes ao encontrarem-se, sinta-me, mas não assim como eu espero, pois assim seria demais, mas sinta-me assim como o cãozinho feliz ao chegar seu dono, se eu ainda chorar.
    Chora um pouco comigo, quem sabe não é do seu pranto que tanto preciso?
    Se não conseguires, não se vá, tenha pelo menos a delicadeza de esperar,
    quem sabe ao te ver, ao deste delírio acordar, eu consiga um sorriso te dar!!
    Então terá valido a pena esperar.
    Se eu chorar, não tenhas piedade, nem compaixão, é um sentimento lindo, é o extremo de um poeta, que seria de nós, não tivéssemos o pranto como companheiro, a lua e o sol como rima
    e a solidão como sina?
    Que seria de nós poetas, se apenas ríssemos, ora ora, rir todos riem, se apenas aplaudíssemos, aplaudir todos aplaudem, mas poucos teem a grandiosidade de mostrar seu pranto.
    Portanto.
    Naõ tenhas piedade,
    talvez eu não chore por dor, nem por amor
    mas por ver no mundo a falsidade.
    Que seria do poeta, não fosse o delírio, não tivesse ele e apenas ele, o direito de ir às estrelas, de estar no céu, de amar quem não lhe ama, de ver quem não lhe vê, pobre de vocês mortais, não sabem o quão profundo é sofrer por quem não podeis sequer ver, é amar, a quem não podes sequer tocar, é escrever, delirar, sofrer e... voltar
    e poder paz chorar.
    Portanto, ouve meu pranto, dá-me apenas o muito do teu carinho
    e assim...
    já não choro sózinho
    dá-me um pouco da tua imensa luz, do teu brilho,
    fica pertinho, pra que eu sinta teu calor
    dá-me tua mão, pra que eu...
    pense... que é AMOR!!

    DEVANEIOS DE UM POETA, SEM RIMA
    "Para o poeta a solidão é a grande riquesa de um nobre momento de podermos estar com quem e onde desejamos estar"
    Por Wcastanheira.

    sexta-feira, 17 de abril de 2009

    PENSANDO NO POETA

    Meu vate amado
    e... tuas musas por onde andam?
    Como andam as mulheres após provar o amor de um poeta?
    Estarão em paz, mas com certeza em busca do amor perdido
    com certeza jamais esquecido
    por tempos idos
    louvarão, gritarão e continuarão a sós, ai de vós, amadas, idolatradas
    a rua continua escura, a praça iluminada e as crianças, a passargada?
    Como fazer
    para continuar a viver
    e como viver se todas e a todos deixaste sózinho
    se eles passarão
    e eu passarinho
    mas por aí ficarão
    atravancando meu caminho.
    Se por meio de um anjo, um recado podeis enviar
    diga-me, como igual a ti,
    poderei amar?
    e pelo caminho, minhas musas deixar

    terça-feira, 14 de abril de 2009

    POR HOJE FALAREI DA FERNANDINHA

    FERNANDINHA

    Hoje e só por hoje, vou falar da Fernandinha, uma moreninha, pequena, assim, como comparar, sei lá pequena apenas mignom, cabelos, ah, os cabelos da Fernandinha, incomparáveis, macios, escorregadios, como toda ela, leves, sabe, de um cheirinho de shampoo Jhonson, Fernandinha é toda cheirosa, assim, com aquele aroma de talquinho pom pom, uma delícia, o bom dia dela, parece um... um... ronronar de gata mimada, aquelas que se enroscam na gente, pra pedir carinho, Fernandinha, não caminha, ela não anda igual outras meninas, ela flutua na rua ladrilhada, parece que apenas pra ela, e assim todo dia ao amanhecer fico ali, esperando por ela passar, parece que a banda deve tocar pra ela a cada dia, parece que a torcida do Flamengo a espera diariamente, parece que uma torcida organizada a aplaude de pé, tal é a faceirice desta boneca encantada, poucos já ouviram sua voz, a não ser aqueles que primam por estar com ela no dia a dia, no escritório tem uma sala própria, ao lado chefe, que jamais a deixa sair, depois que entra Fernandinha, acho que pertence absolutamente a ele, outro dia tive a dura tarefa de adentrar a sala para carimbar um documento, nooossa, quando aquela beldade levantou, ergueu-se comigo um mundo de fantasia, um carrossel de sonhos, delirei, viajei, fui ao etéreo e voltei várias vezes, não acreditei, estava ali, pertinho, quase, mas quase encostando minha mão na mão da Fernandinha, senti de perto bem de pertinho o aroma do seu cabelo que de leve encostava à minha mão para dar uma carimbadinha, não acreditei quando ouvi um ronronar delicado.
    -Onde ponho o carimbo?
    Tremi, suspirei e... fiquei assim como ficam os mortais diante das coisas quase incrédulas, não consegui responder muito além dum, -queee?
    -Onde o Sr quer o carimbo?
    -Aaaqui, respondi meio tonto, aquela mãozinha tocou minha mão, a mão da Fernandinha, era curtinha, cheinha, quentinha, com as unhas delicadamente pintadas, acha que com uma estrela, parei de respirar, tentei ver a cor dos seus olhos, mas qual minha surpresa, ela não levanta o olhar.
    Dei-me por feliz em ter ficado, assim tão próximo, tão corpo a corpo, finalmente foi uma vitória espetacular, provar daquele aroma e um pouco daquele calor. –Só isso? Perguntou ela, com uma suavidade na voz que mais parecia vindo do céu, talvez seja assim que falam os anjos, -posso sentar? Obrigado muito obrigado e fiquei ali, adimirando aquela escultura mignon, num lance delicado, macio, altivo e encantador ela sentou, não, vocês não imaginam como a Fernandinha senta, uma coisa descomunal a sentadinha dela, primeiro com as mãozinhas delicadas afasta a cadeira, aproxima uma perninha, ergue um pouquinho a sainha e vai sentando lentamente, mas tão lentamente que parece flutuar antes de deixar cair seu... como chamar.... não sei, mas com certeza não tem o mesmo nome do das outras mulheres, mas sentou, alinhou as duas perninhas, que maravilha, eu ali, pasmo, boca aberta a admirar a sentada da Fernandinha, acomodou a saia, puxou um pouquinho, deixando amostra um palmo, não medi, mas com certeza era um palmo acima dos delicados joelhos, suas pernas não são nem grossas, nem finas, nem morenas demais nem claras em demasia, elas teem a dimensão exata, o tamanho e a espessura certas do encanto, da loucura e da maravilha tentadora a um homem, eu ali, basbacado, encantado, admirado, quando ela perguntou, -precisa de mais alguma coisa Sr? –Eeeeu? Não, só tava aqui. –então não quer mais nada?
    Como dizer a verdade, pensei, pensei e lentamente fui saindo, deixando pra trás aquela moldura, aquele monumento em forma delicada de mulher, era preciso fazê-lo, senão possivelmente a polícia havia de ser chamada não para me tirar de lá, mas para me remover, tão patético que fiquei.
    Noutro dia, tomando uma cerveja, distraindo-me com amigos num bar , entre uma rodada e outra, qual minha surpresa, levantou Arnaldo pé de valsa e diz, -pessoal, me desculpe, mas tenho que sair. –fica mais um pouco, que nada toma mais uma, bradou um amigo do grupo, -não, não posso, preciso buscar minha caninana.
    -Caninana,? Bem, se é assim, vai lá, pois a mesma deve estar esperando.
    Ele saiu, mas saiu de um modo tão simples que sequer deixou a impressão que sua caninana merecia uma pausa naquele tão importante momento, continuamos bebendo umas cervejinhas, num papo descontraído, mas... repentinamente, quase num piscar de olhos, quem? Quem? Quem passa por nós?
    O Arnaldinho pé de valsa, com nada menos, nada mais que a Fernandinha a tira colo, babamos, não, não acreditamos, o Arnaldinho? –Olha o Arnaldinho, falou o Zeca, olha, -olha o Arnaldinho, falou o Miltinho do bar e eu... apenas, segurei o queixo assim mesmo, como tu imaginas, segurei com o polegar e o indicador, baixei a cabeça como que não acreditando no que via com estes olhos que a terra com certeza há de comer.
    Pensei, com mulher bonita homem nenhum tem valor, só destacam o milagre que ele consegue fazer, mas o Arnaldinho, deve ser porque é dançador e lá ia ele, sei lá mais se via a ela, ela sim, não caminha, desliza, aliás flutua, paira no ar, sumiram na esquina, após um longo, infindável, incontável silêncio, alguém falou, -O que faz a dança, -é mas logo ali ele dança, disse outro, e como sempre tem um que avalia a situação, disse logo, -é, mas mais vale um filé com os amigos que um osso solitário, e assim pedimos outra e outra e aos poucos fomos voltando par casa, com a Fernandinha na cabeça e a coisa assim ficou pra outro dia, a grande dúvida, se Arnaldinho chama aquilo de caninana, como será pra ele um filé??
    Ou a Fernandinha apenas gosta de dançar e... fazer dançar???
    PENSE!!!
    Voltaremos.

    sábado, 11 de abril de 2009

    UM ODE AO POETA

    Que dia lindo amado poeta!!
    Talvez nas nuvens
    talvez no etéreo espaço
    mas com certeza junto aos anjos estás
    porque anjos devem gostar de poesia
    porque anjos devem ter muito o que fazer e muito pra dizer
    Que saudade meu vate poeta, quanto tempo faz que não te vejo?
    Mas contenta-me saber que esperas e que a Deus alegras
    ÓH meu doce poeta, tua rua continua escura
    Teu pássaro talvez tenha partido contigo, imerso na tristeza de ver tua janela fechada
    A mulher já não caminha na rua da praia, pois já não se sente tão amada
    E o sapato florido, já não o vejo, será que está tão florido e porque meu poeta um sapato tem de ser florido?
    Talvel seja um sapato perdido, mas agora encantado ou num pé metido?
    Como saber poeta, das interrogações que deixastes
    se nunca mais aqui tornastes
    Ah quanta saudade, dos teus passos leves, do gato no telhado
    Da ciranda na calçada, da poesia, tá tudo tão parado
    dos pássaros, da passargada,
    da praça iluminada, da poesia, do nada
    De te ver na praça da alfandega
    das crianças em pândega
    Um dia te encontrarei e te contarei
    deste tempo deixado, deste vazio vazio aqui brotado
    A ruazinha continua escura, o sapato florido, o passaro na janela
    mas como explicar a eles, estes todos que não entendem
    que atravancam meu caminho
    que eles pessarão e eu... passarinho
    Nada poeta, pode explicar o tamanho da minha saudade
    não entendem minha poesia
    não compreendem meus versos sabes porquê?
    Porque vem de ti,
    da tua luz
    que depois de tanto tempo
    ainda me conduz.

    Acho que fui tão explicito que tenha lhe feito entender que falei do poeta dos poetas de Alegrete, de Poa e do mundo, minha paz e minha inspiração dizem tudo de Quintana

    sexta-feira, 10 de abril de 2009

    HOJE, ELA NÃO ESTAVA LÁ.

    Amanheceu um lindo dia, acordei levantei, fiz a volta na cama e a beijei com ternura, com um beijo leve, para não acordar a um anjo, fiz minha higiene matinal e preparei meu café, ao voltar ao banheiro não coloquei meu perfume predileto, nem fiz a barba, não havia necessidade, ela não estaria lá, dediquei meus pensamentos aos momentos do dia que iria enfrentar, tudo tranquilo, mas... ela não estaria lá, sai a porta, abri o carro, dei partida assim meio sem vontade, ela não estaria lá, segui pelo caminho mais longo, antes fui ver o mar, vi que estava agitado, fora da caixa, o sol tentava ainda timido vencer, transpor algumas nuvens que insistiam em proteger-nos dele, meu pensamento, meu coração ainda divagavam , entre ela e o trabalho, não conseguia foco, ela não estaria lá, só isto batia e rebatia meu pensamento, mas já estava feliz em pensar nela, engatei a primeira marcha e saí, assim meio contragosto, devagar, quase parando, pensando e admirando a tudo e a todos, um cachorrinho que parece abandonado passa pela minha frente, quase paro, dou a vez a ele, coitado, pensei, deve estar buscando um abrigo, alguma comida, alguma companhia, por certo não parecia feliz, mas eu... parecia feliz, muito embora pensasse exaustivamente, ela... não estaria lá, e fui me dirigindo para onde não encontrava motivos de ir, mas deveria ir, ela é uma dorminhoca, talvez nesta hora esteja aprofundada em bom sono, deitada talvez em belo decúdito dorsal, para inspirar um possível encantado pintor ou quem sabe esteja n'um delicioso e demorado banho, agora posso a imaginar a água morna a deslizar no corpo dela, em gotas coloridas pela luz que vem do vidro da janela, talvez escorrendo por seus cabelos macios e descendo por seu alvo corpo, um macio sabonete alisa e belas espumas contrastam com sua beleza. Talvez ao olhar o amarelo do seu banheiro possa pensar pelo menos um pouco em mim, já basta isso a um platonistico assumido, desço de leve pela rua ainda vazia, vão comigo os pensamentos, planos e um cãozinho abandonado, como parar de pensar... ela não estará lá, já imagino seu café da manhã, seu dia, e viajo profundo no seu anoitecer, deitará e dormirá, sem ao menos um pouco lembrar de mim? Talves sim, certamente que sim, mas em devaneios dedico uma boa parte do meu tempo a viajar com ela, num trem azul, num boing veloz ou numa encantada passagem transatlantica ou quem sabe numa estrela galaxica iremos ao infinito, mas o infinito são seus olhos meu amor... chego ao trabalho, desligo o carro e... começo a escrever, são relatórios, cálculos, ações diarias, mas sem graça, falta muita coisa para completar minha felicidade, também quem disse em qual momento que ser efetivamente feliz é que é ser feliz? Porque não se pode ser feliz aos poucos, quando beijamos, quando abraçamos a quem amamos, quando reencontramos ou quando damos um gostoso tchau, quando estamos perto ou mesmo longe, mas ligados na força do pensamento, nas viajadas imaginárias, nos delírios dos poetas ou na fértilidade da memória ou na admiração da platonicidade, como é bom ser platônico quando a outra pessoa percebe isso e de um modo inteligente nos deixa alimentar este sentimento, o tempo passa estou só, mas agora já estou feliz, já piso onde ela pisa, já respiro o ambiente que ela respira, já estou mais próximo do amanhã, que bom, volto pra casa e fico feliz por poder ter vivido mais um dia em que de todos modos busquei minha felicidade.

    Por Wcastanheira

    MOMENTOS DE DEVANEIOS

    Quando o amor fala mais alto

    Amor não se implora, não se pede não se espera...
    Amor se vive ou não.
    Acredita-se, ou nos entregamos ou não vivemos um amor,
    Portanto não viva a um meio amor, não experimente um quase amor
    Ciúme, não torna ninguém fiel a você.
    Experimente, viver seu amor, com toda a sau força e....
    imagine-se o mais forte dos mortais porque está.... amando
    Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
    As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
    Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
    Água é um santo remédio.
    Deus inventou o choro para o homem não explodir.
    Portanto, chore, deixe-se esvaziar, na força do seu pranto
    Não existe sentimento ruim, existe sentimento mal vivido e experimentado
    A criatividade caminha junto com a falta de gana.
    Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
    Amigos de verdade nunca te abandonam.
    apenas por veses ocultam-se
    te deixam agir
    O carinho é a melhor arma contra o ódio.
    As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
    Há poesia em toda a criação divina.
    Deus é o maior poeta de todos os tempos.
    A música é a sobremesa da vida.
    Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
    Filhos são presentes raros.
    Presntes que recebemos para lapidar, para domesticar.
    De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.
    Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que
    abrem portas para uma vida melhor.
    O amor... Ah, o amor...
    O amor quebra barreiras, une facções,
    destrói preconceitos, abre alas, vence crenças
    cura doenças...
    Não há vida decente sem amor!
    E é certo, quem ama, é muito amado.
    E vive a vida mais alegremente...
    Porque o amor, abre janelas, abre portas
    faz parecer direitas
    coisas tortas!!

    "A GRANDE ÉPICA DE QUEM ESCREVE, É A GRANDE IDA AO ESPAÇO, COM PLENA CONSCIENCIA DE QUE QDO DER, ELE VOLTA, POR ISSO AMO ESCREVER, ESCREVENDO, AMO, APAIXONO-ME, FAÇO DESCOBERTAS E... ENFIM, VIVO AQUILO AO QUAL ME PROPONHO."
    Por Wcastanheira.

    UM HOMEM, UM TREM

    UM HOMEM, UM TREM.

    Um passeio simples, algo parecia repetir-se uma vez que seria o mesmo trem e até possivelmente o mesmo vagão, mas algo poderia ser deferente bastava apenas ela estar presente também fisicamente uma vez que estava na mente e no coração, estava nos sonhos e comigo empreende uma viagem diária, no ônibus, no carro, no trabalho e porque no trem havia de ser especial, sei lá, nossa infância estava encravada nos bancos e no espaço, nosso primeiro olhar, um beijo roubado e outros tantos doados, aquele amasso mais demorado estava ali tão perto, tão junto, que dava mesmo para sentir o seu calor, o seu cheiro, um aroma suave e a viagem continua e o trem parecia o mesmo ou seria o mesmo?Quem sou eu para saber as diferenças físicas se o abstrato, o mundo da imaginação, falava tão perto.
    Um homem, um tempo, um mundo imaginário, um pensamento de saudade que poderia realizar-se por conta do destino, pobre destino encarregado de me fazer feliz, deixei tudo por conta dele, porque não forçar este encontro? Porque não buscar esta pessoa? Sei lá talvez por falta de capacidade ou iniciativa, mas... Ela está presente em todos os momentos para que buscar ser mais feliz que isto?? Um trem, um homem.
    A paisagem parece igual, mas... Já não tem flores e os campos são os mesmos apesar da falta do verde até as árvores parecem um pouco escuras, passageiros contam piadas, mas... Sem graça, até a música ambiente só é a mesma quando toca o Rei Roberto voltam-me a paz do seu sorriso, os caracóis do seu cabelo e até são os mesmos os botões da sua blusa, viajo no tempo e busco com meus pensamentos um lugar além do horizonte bonito e tranqüilo p’ra gente se amar, um homem, um trem, falta a sua presença, a sua volta e a viagem continua, mas permanece em sonhos, em delírios, n’uma mistura de coisas que podem parecer banais apesar de me fazer um homem feliz no seu tempo e na sua viagem.
    Mas... Por onde andará a dona deste sonho, deste delírio? Passados os anos. Quem sabe com suas mãos mágicas, e como eram magiicas fizeram carinhos que jamais outras souberam fazê-lo, andaram por caminhos, descobriram sentimentos, marcaram de forma indelével este peito, este homem, este trem, como fazer voltar o tempo? Não é possível, mas por enquanto sonhar e sonhar ainda basta-me, onde andarão aquelas mãos, aquele beijo, aquele aroma?
    As pessoas passam por mim, de uma forma ou de outra as reconheço no tempo e no espaço, preciso de ar, de um modo diferente para voltar a ser gente, sorrir, viver, ser homem e ver este transporte como simplesmente um trem, não buscar um vagão quase fantasma, uma imagem da viagem mais colorida e finalmente viver, mas... Ela está presente de forma e em forma, em todos os espaços, seu aroma, seus cabelos como seria bom voltar a viver, voltar a amar, hoje pagaria muito para não tê-la conhecido, por outro lado sinto ter compensado experimentar este sentimento profundo, completo, devorador do homem e do trem .
    Um homem, um trem e porque não, uma viagem feliz em outro tempo, férias, viagem com a família, trem lotado, já não procuro aquele vagão, a mulher escolhe, as crianças decidem e eu acompanho, estou absorto na busca de ser feliz por algum momento, alguns dias, quem sabe horas, bastam-me férias, para que buscar sentimentos, lembranças, coisas do dia a dia do trabalho, preciso esquecer, ou seja viver, mas... Aquele trem, outro tem, aquele homem, outro homem, mas.. aquele sentimento no mesmo coração, finalmente crianças, pipoca, banco de madeira, o apito ahhh o apito era o mesmo, mas as crianças, a esposa, a viagem, outro destino férias que bom seria poder gozá-las sem voltar ao trem mas, crianças.... e lá estava eu, não havia música ambiente que bom menos um motivo para que eu volte a sonhar, mas quem disse que não quero sonhar?
    Almoço, uma moça aparece tocando ao piano, as mãos alvas e os dedos esguios, cabelos encaracolados e a pele branca como um copo de leite no seu leito natural, a blusa rosa com botões aparentes brancos aos meus olhos que em tudo vêem sempre a mesma coisa, as crianças brincam, correm entre os mesmos bancos e a esposa cobra é claro um pouco mais de atenção mas é férias o trem era diferente até o almoço era servido aos passageiros seria eu um deles ou estaria ausente, agora até parecia com um deles muito embora ausente ,abstrato em tudo, a moça do piano por momentos é a minha doce namorada de infância, passaram os anos apenas as imagens ficaram, ela porém na minha idéia jamais saiu do trem e passou o tempo e sempre viajamos juntos mas é época de descanso estamos em férias, como o coração, o pensamento pode descansar quando ama tanto, quando busca sem férias mesmo o consciente não querendo? A viagem continua, as crianças, a esposa e a moça... fico no talvez, chego mais perto e guardo comigo o medo de descobrir, finalmente as crianças, a esposa uma vida tranqüila programada não pelo coração, muito mais pela lógica filhos, esposa, férias... chego mais próximo, a blusa, os botões, o aroma, o banco de madeira falta provar o beijo com certeza é o mesmo, mas aquele gostinho de infância p’ra que mudar deixa assim, finalmente segunda feira volto ao mesmo trem, o mesmo homem, o mesmo sonho... e o aroma...o banco....o beijo...
    O mesmo homem, o mesmo trem.

    Por: Wanderlen Borges Castanheira.
    P/PRATA DA CASA 2005.

    Meu primeiro conto premiado com um 5º lugar, que emoção, ainda admiro-o, ainda olho-o, dá uma vontade danada de readaptar, mas, fico só na vontade, conto é assim, tem alguns que cada vez que vc lê, vc mexe, mas este é virgem!!

    quinta-feira, 9 de abril de 2009

    APENAS UMA SEXTA FEIRA

    APENAS UMA SEXTA FEIRA

    Era sexta feira, mais um final de semana destes em que se podem fazer tudo e de tudo desde que não se esteja sob a mira de um treinador, sabe como é, eles projetam seu sucesso através dos seus comandados, eu, um simples mortal, um cara de boa índole, um boníssimo Samaritano, colégio de Padres e coisa e tal, mas como todo mortal sujeito e exposto às coisas de mais (ou menos?) uma nova sexta feira, uma noite bonita, um belo luar, mas assim, um pouco perturbada por escassas nuvens, ás vezes a luz da lua, por vezes a sombra, uma cândida noite e eu ali em casa sozinho, olhando a noite pela janela do sexto andar, concentrado na vida, no trabalho e no que poderia fazer para viver mais uma sexta feira.
    Tão linda, a noite, uma noite quente cheia de luzes, que pensei: oh, as noites de sexta feira estão se esvaindo lentamente, a cada semana tenho menos noites de sexta feira para usufruir, logo eu, que adoro noites de sexta feira, as verdadeiras noites de pãndega, da esbórnia, da estroinice, da sacanagem, das despedidas de solteiro e porque não também de muitos casados, pois geralmente pra eles é na sexta que o casamento se complica, por todas essas casualidades que a vida nos oferece a cada momento, enfim, fiquei pensando o que fazer para manter-me calmo e concentrado?Concentração, para um jovem de 28 anos, é um grande sacrifício, numa sexta feira, uma tentação, um massacre, testosterona a mil, expectativa de vida voando e eu... aqui.
    Mas não podia chafurdar no lodo prazeroso da dissipação naquela noite, porque no dia seguinte, de manhã bem cedo, nove horas, teria jogo do nosso time.
    Mais do que um simples jogo: Uma decisão, portanto, precisava preservar-me, repouso, muito repouso pedira meu técnico, concentração, nada de festa, precisamos estar na ponta dos cascos, o time deles é fera, sabe como é, todo mundo se poupando nesta noite. Mas por que não dar uma voltinha inocente por aí? Só uma bandinha, sem pretensão, coisa de menino puro, assim tipo uma despedida antes do jogo final, que mal tem, a carne pode ser fraca, mas a mente é muito superior ela sabe muito bem o que quer e o que é melhor para cada momento, ainda mais sou homem, e homem sabe dominar pensamentos, não vira a esquina por instinto.
    Fui. Saí andando, tranqüilão, e peguei sei lá, uma rua destas meio penumbras, não podia aparecer muito mesmo, aquela rua escurinha era a ideal para quem precisa passar no anonimato da noite e desci por aquela rua sem destino. Lá no fim, n’uma esquina, vi uma placa amarela de néon, onde brilhava o nome de uma cerveja. Quando vi o néon, por algum motivo, senti que deveria entrar naquele bar, algo dizia vai, vai só um pouquinho, uma vózinha insistente ia atordoando minha cabeça, mas a mente é forte, é claro que vou resistir, pois o treinador não quer, caminhava e pensava: Entro ou não entro? Devo mesmo entrar? Será que entro mesmo? Ao chegar beeem pertinho da porta do bar, parei. Fiquei olhando e... pensando, pensando, quase sem perceber fui deixando o corpo cair sobre a perna direita de modo que quase sem perceber precisei adiantar a esquerda para equilibrar, consegui equilibrar-me e parar para pensar um pouco mais., não, não, isso deve ser armadilha do time deles, sabe como é, querem subornar o craque com ofertas malediciosas, coisas do mal que nos levam a falir na vida, pensei, pensei e pensei mais um pouquinho e disse, sai par lá capeta o treinador não quer, apesar de ser sexta feira e sabe como é, sexta é sexta, mas... o treinador não quer., bem, mas é sexta.
    Decidi ir embora, ufa, em primeiro lugar a responsabilidade, homem tem que ser homem é nas decisões, o grande jogo, a ordem do treinador, o dever me chama pra casa, então pernas que se movam pra outro lado, direita volver.
    Já ia saindo, juro, juro que ia, completo, com coração pernas e tudo, mas a danada da porta se abriu, um casal saiu agarradinho, assim coladinhos, pareciam felizes, alegres, e de dentro da porta veio voando uma risada de mulher, era uma risada clara, de metal, muito autêntica, de quem realmente estava se divertindo muito, foi atrás desta risada que não resisti, entrei no bar, uma entradinha só que mal tem e o treinador nem tá vendo e ainda mais é sexta feira, só uma entradinha, então ta, disse o corpo pra mente.
    O ambiente era meio escuro, um ar meio sinistro, coisa assim meio esotérica, havia muita gente no lugar, mas não estava insuportavelmente lotado. Pedi uma cervejinha, finalmente uma inocente cervejinha não pode fazer mal. O garçom trouxe. Ah, beem geladinha!Daquelas de estalar a língua, por estar assim tão gelada, é claro pedi outra e no meio daquela segunda cervejinha, identifiquei-a, ali, logo ali, ao alcance, quem? Quem? A dona da risada, pois ela riu de novo, até gargalhou, e sua gargalhada fez evoluções acima da fumaça dos cigarros, ela clareou o ambiente, encheu de musicalidade o bar, sabe aquelas risadas onde se pode até contar os dentinhos e analisar a epiglote da dona? Era assim que ela sorria, viajei, sonhei, delirei, mas e o jogo? Preciso estar concentrado nele, sai pra lá coisa do capeta, o treinador não quer estas coisas que você esta oferecendo.
    Olhei para ela, olhei bem para ela, admirei, analisei, medi, provei e continuei olhando, não conseguia não olhar para ela, com toda aquela majestade, dona daquela marcante risada, como pensar nos conselhos do treinador? Aí meu amigo (a) aconteceu algo assim que não acontece para os mortais todo o dia: Ela chegou mais pertinho, beem pertinho e fincou em mim um olhar esverdeado de um jeito que uma mulher daquelas, com aqueles olhos, aquele rosto, aquele corpo e aquela risada, não olha, e aí aconteceu outra coisa que não acontece assim todo o dia: eu soube de imediato exatamente o que deveria dizer a ela, sabia qual era a frase, qual era a entonação de voz, a forma como deveria dizê-la, o jeito, tudo, tudo. E... joguei os ombros para trás e dei uma leve puxada pra cima no canto direito do lábio assim n’um meio sorriso djóia mesmo, e me fui, me atirei, gingando, ziguezagueando entre as mesas, contornando os casais, mas parecia tããoo pertinho? sei lá acho que confundi um pouco a distância, duas cervejinhas, aquela coisa fruto da emoção, e continuei contornando os casais, com licença aqui, com licença ali, olhando sempre fixamente para ela e ela para mim e nossos olhares jamais se desviaram, era como marcação de zagueiro em centro avante esperto ou n’um ponteiro serelepe, até que eu chegasse beeem pertinho, mas beeem perto, a ponto de lhe sentir o aroma da água de colônia, o cheirinho do seu batom, e batom tem cheiro? Ah o dela tinha, a ponto de lhe sentir o hálito de leite condensado, e o cheiro de manhã de seus cabelos e fui me inclinando, me inclinando na direção dela até para chegar mais rápido, meu corpo fez de tudo para auxiliar ao meu lábio inferior tocar de leve no lóbulo macio da orelha direita dela e eu disse o que tinha de dizer, beeem baixinho, bem caprichado, sussurrado, ronronado, quente, umas únicas frases acertadas, fatais, sem recurso pra ela, uma frase com a precisão dos lançamentos do Ademir da Guia ou Rivelino sei lá, um desses fatais que não erravam lançamentos e esta frase como que ondulou pelo labirinto, passou pelo estribo, driblou o martelo, bigorna penetrou fundo no ouvido dela, foi subindo, subindo até o cérebro, ela se infiltrou, insinuante, gostosamente marcante, foi segura, foi no ângulo superior do seu coração e ela cadente, sorriu pra mim, um sorriso largo, maroto, despreocupado, com jeito de vem cá meu bem, quero te amar, te aproveitar, te fazer um craque em tudo, mas tudo mesmo.
    Vibrei, goooool do Brasil, um golaço, coisa de craque, friamente calculado, uma penetração incrível, um drible mágico, um chute desconcertante, é claro, ela quedou, não poderia ter resistência diante da perfeição do meu arremeço e o jogo continuou, mais uma cervejinha falou o garçom? ÃH, ãh, ãh falei sem perceber que algumas coisas que mais pareciam bolachas iam amontoando-se sobre minha mesa, mas tudo é festa, fiz meu gol de placa, muitas horas depois, precisamente 45 minutos antes do nosso grande jogo, estava eu voltando pra casa, meio desbragalado, meio tonto, meio zonzo, mas feliz, ria sozinho, báh, báh esqueci a concentração, mas não é nada, comigo é na catega, gingo pra cá, gingo pra lá engano a zaga e táhahha mais um golaço, resultado, vestiário tumultuado, preleção compriiiida, daquelas que parece que a fala do treinador sai lá do fundo do túnel, dificuldade de arrumar o uniforme, meias quase arreadas, amarrar cadarços? Que dificuldade, missão que quase abortei, mas craque sempre tem apoio de alguém que aposta nele, -calado, hoje em magrão? Éh, concentração total, guardar energias, meu caro.
    Enfim como tudo tem a sua hora, chegou a fatídico momento do jogo, o apito do juiz parecia loooonge, quase inaudível, mas no meu ouvido não sei por que soava um som estridente, arrasante, feria os tímpanos, estribo....como não poderia deixar de ser, fui o pior em campo, me arrastei, mas me arrastei feliz, perdemos é claro, fui condecorado como o herói da derrota, culparam-me por não acertar os lançamentos, errar os passes, mas e aquele lançamento lá no bar? Pô, aquilo não vale, um lance de mestre? Culpado, culpado, ecoava em todo o meu pequeno ser, mas tinha eu o consolo de uma frase bem encaixada, de um olhar verde colado ao meu, de um sussurro bem sussurrado, coisa de craque, de uma risada ecoante como canto de sereia, hoje perdemos, mas eu posso dizer que conheço o verdadeiro canto da sereia, tive coragem, fui atrás e adivinha o que vi? Belos mares, uma pele delicadamente alva, um sorriso que não tem superlativo absoluto sintético que caiba, que possa sintetizar, coisa de poeta e poetas tem valores sublimes para estes momentos, uma noite, uma orelha ah, ah que orelha, que cabelos macios, colados aos meus, ali juntinhos até as primeiras luzes da manhã e o principal, de uma noite de sexta feira, como não aproveitar se a cada ano elas estão mais escassas na minha vida, lamento pela derrota, pela falta de ginga dos meus colegas, mas eu, eu tenho a certeza de que fiz uma boa concentração, cuidei da alma e do coração e ainda por cima pô, é sexta feira e dizem que nelas habitam boi tatá, lobizomem, bruxa feia e outras coisas, sei lá, talvez encontre na próxima sexta se não tiver que concentrar.

    Por: WB Castanheira.
    Este conto aguarda por melhor sorte, já participou de vários concursos, mas ainda não conseguiu fazer a felicidade do seu criador

    UM SHOW NA MINHA VIDA!!

    UM SHOW NA MINHA VIDA
    Eu tinha as pernas cansadas, dobradas num v ao contrário, a calça jeans marcada com o que foi antes do barro que depois virou poeira que depois era uma camada fina e seca cobrindo o corpo e as roupas de todos nós. Ali, sentados naquele lugar imenso, que subia e descia ocre porque a grama já tinha sumido desde o primeiro dia do dantesco festival, onde o pessoal, caminhava, deitava, rolava, fazia quase tudo aquilo que a imaginação fosse capaz de criar ou repetir. Eu soltava distraído uns fiozinho da bainha da calça, Rose, uma doce amiga, uma eterna companheira, sempre ela, estava ali como sempre ou quase sempre, ela participa dos meus grandes e inesquecíveis momentos, as costas doíam e estavam juntas, coladas às de Rose, a gelada Rose, era nosso suor que escorria e empapava também a minha camiseta, ninguém sabia o que era de quem, naquela doce mistura. Duas criaturas sujas, molhadas, juntas de um monte de outros sujos que eram estes fãs dos Beatles, eu e Rose calados, colados, acabados, um pouco distantes e um pouco parte de, ouvidos zumbindo, cabeça chiando e o vento começando a soprar e os braços a arrepiar, momento que abraçamos eu nos meus, ela nos dela, quase ao mesmo tempo, isto era até onde a gente se permitia chegar ou pelo menos assim pensávamos.
    O ar tinha cheiro de delírio, de fim de festa, mas de felicidade geral, de conquistas, misturado com empolgações e emoções, gente ia e vinha, numa confusão de movimentos e atos, outros sentaram para falar ou deitaram para não falar, mas no fim era todo mundo muito parecido, cada movimento que Rose fazia movimentava a mim também, ela reclamava de dor e girava os ombros, e eu sentia o tranco nas costas, era tempo demais pulando, dançando, e ainda antes dormindo numa barraca e ainda antes viajando vinte e quatro horas de ônibus.Só para ouvir e ver a música dos Beatles, para comprar camisetas dos Beatles, e pulseirinhas e fitinhas dos ambulantes, para ouvir eles dizerem,- Helo Brazil, I’m very happy to be here today, foi um frenesi geral, um delírio enlouquecedor.
    Os Beatles destruíram, eles botaram pra quebrar, arrebentaram a boca do balão bicho, uns quatro ali da primeira fila foram esmagados e o Beatle disse lá uns stay calm, stay calm e a multidão aplaudia, pulava e comentava, putz, que gente fina esse carinha e gritava e se esticava para olhar e pulava e levantava poeira, até que uns mais espertos cobriram os narizes tipo bandidos do velho oeste com lenços que diziam Beatles e em baixo Latin American Tour e mais em baixo do what you want o nome do novo cd.
    Digamos que era bem diferente de estar lá vendo com a Rose um daqueles filmes, comendo pipoca macia e jogando as duras nas cabeças das pessoas da frente, enquanto um carro explodia e a boca ficava aberta e tudo mais e uns anos depois gente que explodia por dentro de raiva de amor nos lugares e numas épocas com chapéus e piteiras e algum revólver elegante. A verdade é que eu podia lá, ter explodido vendo os Beatles em cima do palco, tirar um lá, um dó, um sol e ficar de frente pro baterista e depois se enlouquecendo de improviso montado, mas tudo o que eu via era um pontinho, porque ninguém é tão grande pra ser visto de tão longe.
    Com a ponta do all-star, Rose começou a fazer círculos no chão.
    -Bah, meu –foi dizendo- Muito lindo tudo isto, toda esta energia, essas pessoas vibrando pela mesma coisa, juntos, unidos, a massa vira um troço só, e a gente parece que se achou no mundo, chocante mesmo, que idéia bacana você teve, podes crer jamais esquecerei, você ganhou este round.
    E daí ela riu um pouco envergonhada e virando o rosto para mim, e eu para ela, ficamos assim meio tortos, porque a Rose é destas que quando ri precisa dividir a risada e por isto tem a necessidade de olhar e de rir e de esperar que eu ria também. Acomodou-se de outra maneira, com as pernas cruzadas tipo índio, eu segui, então acho que ela me olhava esperando que eu dissesse, sim é isto mesmo, como se, para ela sentir realmente o que estava dizendo precisava antes da minha confirmação, mas, eu, não conseguia falar nada. Eu não tinha me achado, eu continuava perdido, embora admirasse Rose e os seus olhos fechados quando os Beatles fizeram baixar a poeira e aos poucos o pessoal acender os isqueiros, essa música que Rose me mostrou no quarto, na barraca, deitada na cama e absorvendo cada som com tanta paixão que fazia então aumentar a minha.
    Ela então falou quase, quase ao meu ouvido.
    -Eu menti que gostava do Beto. Eu escrevi uns troços e guardei no fundo do armário, amanhã eu mostro, acho que caiu bem é muito legal esta história de um dia após o outro, a gente descobre cada coisa, que até o coração duvida, mas são descobertas e o mundo tá aí pra gente viver.
    Eu acho que... bem, tem uma hora em que a gente não se entende mais.
    Rose cansou de esperar e abaixou o rosto, ficou um tempão assim com a cabeça entre as mãos, a blusa de malha fina permitia que por entre seus braços eu admirasse quase toda a beleza do seu peito e... os cabelos macios lhe caíam sobre o rosto sereno e cansado, sua pele dourada, linda, contrastava ao cair delicado daquela luz de um sol divino, estava colando após secar o suor, mas era tênue e delicada qual casca de um pêssego maduro, dela vinha um delicioso cheiro de rosa delicada, assim misturado com um afrodisíaco oriental milenar e eu a pensar, pensar que somos ótimos amigos por causa do Beto, mas e se Rose só estava testando meu sentimento? E se ainda não estiver no momento certo da minha decisão, ah, meus tenros 17 anos como confundem minha cabeça e amarram minhas opções. Num delicado movimento ela meteu a mão no bolso da calça, procurando alguma coisa, saiu de lá com uma palheta na mão.
    -Olha isto, esta relíquia, eu guardei de surpresa pra ti. Naquela hora que a gente se perdeu, é dos Beatles cara, ela jogou, eu agarrei,
    E peguei na mão, e recebi aquele negócio nos dedos com todo o cuidado do mundo, sabendo que minha surpresa deveria ser com a coisa em si, mas que na real era com o gesto.
    Nossa totalmente sem jeito. -Rose, tu que é toda fã dos Beatles, pôster na parede, Mccartney no quadro e outro na porta do guarda roupa, uma desesperada pelos caras, Lenon por todo lado, não sei mais o quê, vai me dar a palheta que ganhou deles, não acredito, tu já pensou, isso é mais que relíquia.
    -Relaxa meu, fica com ela, eu peguei foi pra ti, só pra ti ( um sorriso tão profundo, tão verdade que chegou a me queimar no estomago toda a mentira que eu guardava dentro de mim, como eu mesmo conseguia enganar-me).
    E daí ela virou-se e encostou nas minhas costas,suas mãos escorregaram , e como por acaso encontraram as minhas ao lado seu corpo, agora quente e agradável, foi se ajeitando até que ficasse de novo toda apoiada no meu corpo, eu desenlacei as pernas, voltei pro v de cabeça pra baixo, a palheta ainda na mão.
    Rose.
    -Fala
    -Tu não tá louca pra chegar em casa?
    -é, meio que sim, meio que não, a barraca está tão boa, tão, tão quentinha.
    Eu rodei a palheta nos dedos, até que de propósito ou não, ela caiu em silêncio no meio de todo aquele marrom, aquele pó que não acabava mais e que nos cobria todos. Ela ficou assim quase de pé, espetada, ali entre nós não havia mais espaço pra outra coisa a não ser apenas a palheta. A Rose se mexia e não via nada, e nada eu dizia também, até que eu passei o tênis por sobre a palheta, dando uns tapinhas por baixo das pernas dela, enterrando as memórias dos Beatles, ficamos ali, parados, colados, sabendo o que queríamos e pensando se deveríamos, era tão bom sermos amigos, tanto tempo juntos, tanta cumplicidade, e nos olhamos de um modo profundo e nos aproximamos de um jeito diferente e nos aquecemos como nunca havíamos nos aquecido e não sei como nos beijamos , mas num beijo tão longo que não parecia amor, parecia paixão ardente e os Beatles ficaram pra trás e o Beto ficou pra trás e até hoje não sabemos como tudo aconteceu se ficamos ou nos amamos, sabemos que dormimos um sono tão profundo e descomprometido que acordamos com os gritos do Beto de outra barraca, -Rose meu amor, vamos embora, já juntei a turma e desarmamos tudo, foi muito legal acordar e ter você assim tão pertinho.
    Peguei meu violão, mantive comigo a palheta, juntei a mochila e voltei ao grupo para juntos encarar mais vinte e quatro horas de volta. Noutro dia lá estava Rose, na minha casa para recordar o show dos Beatles, e eu com a mesma palheta comecei Yesterday all my troubles seemed... ela recostou suas costas nas minhas, senti o perfume do seu cabelo macio e a suavidade da sua mão acariciando minha nuca, novamente Beatles, antes, durante e para garantir o após , assim meio sem jeito falei, -pega ali aquele presentinho.
    -Pra mim??
    -é claro, ela desembrulhou com mãos mágicas e leu em vós alta, - Yellow Submarine, não, não acredito, meu sonho de consumo, como adivinhou ? Tu é demais, ah, merece um carinho especial, é claro, é especial.
    Fiz cara de quem não sabe, e fiquei esperando um beijo macio, muito mais imaginando do que esperando, mas...dei me ao luxo de esperar um beijo com sabor de quero mais, aos poucos e devagar bem devagarzinho senti suas mãos a percorrer meu corpo, numa delicada estrada de amor e assim ficamos ali, um pouco de carinho, um pouco de pouco de olhar, o tempo deu lugar ao amor, o amor deu lugar aos amantes, ouvindo Paul Mccartney e sonhando com aquele fantástico show, com as luzes, com o barro e a poeira, com a barraca e quem diria, a palheta, ainda hoje,passados tantos anos é a mesma com a qual dedilho nossas canções de amor, passou o tempo, ficaram os Beatles e ficou o amor e passaram os dias, os meses, os anos e ficaram os Beatles, os discos de vinil e hoje, continua nossa bela lembrança de tudo aquilo enquanto vemos nossos filhos, ali, escutando, imaginando e falando, -puxa, devia ser legal um show dos Beatles. Não sabem eles, que nasceram a partir de um encantado dia desses, que jamais voltará, mas como voltar se ainda está tão presente?
    pOR; WBCastanheira


    Conto classificado no concurso Petros/08 e no festival de contos p/escritores de Florianópolis/08.

    LOIRINHA SANDI

    LOIRINHA SANDI
    Por WBCASTANHEIRA

    Falarei de Sândi, loucura da minha vida, tranqüila, pandorgas, quem um dia não brincou com pandorgas, papagaio ou pipa?Brincadeira inocente, até certo ponto, veja o que aconteceu comigo de forma indireta, mas com Sândi de forma agressiva. .Loirinha, sabe? Uma bonequinha, isso mesmo, olhos azuis, cabelos cacheadinhos, reluzentes à luz e tudo mais. Adorava as pernas de Sândi, longas e torneadas, fortes e brilhantes. Por Deus, a pele de Sândi brilhava e recendia como se tivesse sido besuntada com óleos aromáticos orientais, um misto de olhinho puxado com cruza germânica, sonho? Não, ela estava ali, pertinho, ao alcance, à mão, uma loirinha em carne e osso,Usava sainhas curtinhas e shorts mais curtinhos ainda, Sândi, aquela Sândi, um dia ela veio caminhando na minha direção com aquele jeito de loirinha, sabe como loirinhas caminham na nossa direção, parece um marcar passo, um, dois, requebra, um, dois, requebra e lá vem a gatinha. Pois bem, ela veio daquele jeito e usava um shortinho folgadinho ou era justinho? Sei lá cor de rosa bebê, nunca mais esqueci aquele cor de rosa, parecia um delírio, um desses sonhos em que a gente sonha, acorda, e quer dormir de novo, pra ver se consegue receber a graça de sonhar outra vez. Notei que bem no alto da coxa dela, bem ali, pertinho da bochechinha da nádega, havia um vergão de mais ou menos palmo e meio de comprimento, comentei, tive é claro de comentar: -Te arranhou, te machucou, tá doendo??
    Ela, casualmente, com a maior voz de loirinha, sabe como são as vozes de loirinhas:
    - Foi o fio da pandorga do meu primo que me arranhou. Está até alto, né? Quer passar a mão pra ver?
    Jesus amado! Ela me convidou para passar a mão,ali,passar a mão numa região tão no alto, tão ao Norte que poderia ser considerada o Amapá da coxa esquerda dela, aquela coxa grossa e bem desenhada! Deu-me uma angústia. Mas uma angústia, uma tremedeira, uma tonteira, consegui balbuciar, trêmulo, assim quase desmaiando, acreditando que realmente Papai do céu é bonzinho.
    Sério? M-M E-E-Esmo?
    Ela como se não compreendesse a pergunta:
    -Ué ? Sério, passa o dedo aqui pra tu ver como ficou alto, parece até inchado, passa o dedo, passa, só pra sentir como ficou.
    Engoli em seco. Engasguei, tremi. Fechei o polegar, o dedo médio, o anular, ereto, teso. Fui esticando o braço. Esticando, esticando, rumo à coxa de Sândi. Aproximava-me devagar, centímetro por centímetro. Quando estava à distância de um palmo já sentia um calorzinho e o cheirinho de relva virgem, mata nativa, aquela coisa que nem se pode explicar, você é claro, entende, um violento tremor apossou-se do meu dedo, só o dedo tremia, mas tremia com uma paixão que poderia abalar-me todo o corpo. Fui aproximando, me aproximando. Sentia vontade de chorar, de sair correndo, mas não podia. Jamais me perdoaria, se fugisse naquele momento decisivo da minha vida. Finalmente, atingi a coxa, ahh, a cicatriz rósea impressa na coxa levemente dourada, aquela marquinha tipo alto relevo e eu ali pertinho, sentindo a pele de pêssego maduro, tocando e tocando, sentindo como deveria estar sofrendo a pobrezinha, por outro lado é claro, gritando, -viva as pandorgas do mundo o que elas são capazes de fazer por um pobre mortal. E meu dedo percorreu a extensão inteira daquela cicatriz, percorreu, gozosamente, esse mesmo dedo, incrível, podes crer este mesmo dedo que ora digita i, o, esse dedo que aperta campainhas, que chama táxis, que indica a número 1, que escarva cremes dos bolos, que discretamente vai ao nariz, que esmaga formigas na cozinha, esse dedo que proporcionou aquela antiga alegria, lá naquele tempo em que a gente só namorava na sala, mas é claro por vezes a velha se descuidava e... é tá pensando o quê? Este mesmo dedo, daquela época, hoje vitorioso, garboso, feliz, percorre a cicatriz da perninha macia, mas com dodói..
    Foi o início de uma campanha vitoriosa para arrebatar o coraçãozinho de Sândi. O passo seguinte foi convidá-la para dançar uma música lenta na reunião dançante lá do bairro, dançamos e tali coisa, eu concentradíssimo no Bi Dis e ela:-Tu gostas de dançar?
    Eu: -Quié?
    -Jóia, adoro dançar.Uma dancinha despretensiosa, aperta um pouquinho, aperta mais um pouquinho, a mão desce e sobe, falando, sussurrando, naquela orelha quentinha.
    Que tu vai fazer amanhã de manhã?
    Amanhã de manhã era domingo. Eu ia dormir, claro. Mas quem queria dormir, podendo estar com Sândi em qualquer lugar, até em Povo Novo? Por isso respondi:
    -Nada, não vou fazer nada, vou... ficar à toa.
    O que até era verdade. Só que não esperava pela proposta. -Quer ir a missa comigo?
    Missa, cara! Oito da manhã, Olha a proposta que a mina me faz! Que proposta, uma espetacular missa dominical, não era bem o que eu queria, mas era um convite dela. Então domingão, oito da manhã, lá estava eu , com o cabelo molhadinho, com a camisa fechada até o último botão, calça azul marinho, sapato lustrado, até com laço no cadarço, sentado no primeiro banco da igreja, mandando ver:
    “Senhor, fazei que eu procure mais, entender do que ser entendido”
    Consolar do que ser consolado
    Compreender do que ser compreendido
    Amaar que ser amado!
    Rezando e pensando, quanta coisa um homem faz por causa de umas pernas compridas e bem diagramadas, quantos planos arquitetados, pensados, noites e dias para atingir ao alvo e meu alvo nem era a Sândi, mas naquele dia vendo aquela marquinha é claro carreguei as baterias, afinei o vocabulário e fui à caça, agora quase sem perceber a dimensão do investimento estou aqui de frente pro Padre, depois de dançar coladinho a noite toda, acordar cedinho e quando percebo estou na capela ao lado dela, sou um herói, um vitorioso, realmente um garanhão do mais alto quilate, consegui nada mais nada menos que a Sândi.
    Um homem dança, como dancei,vai a missa e reza como rezei, ele come comidas orientais, ele chega ao ponto de assistir a comédias românticas, por quê? Porque ele está em campanha, ele vai ao circo, compra pipoca, ri do palhaço velho sem escutar quase nada, vai ao parque, compra maçã do amor, dá na boquinha, se lambuza todo, compra algodão doce, come, e não enche a barriga, anda na roda gigante, trem fantasma, montanha russa, quase chama o Hugo reza pra aquele troço parar, mas faz cara de feliz, paga isso e aquilo, faz cara de quem pode pagar até muito mais, embora seu cartão já tenha estourado todos os limites possíveis e imagináveis, sem contar visitas aos floristas e casas de carro mensagens, enfim é um desgaste danado, cada dia uma nova aventura para manter e causar a melhor impressão possível, é preciso estar atento a todo e qualquer movimento, um passo em falso, um não, isso eu não gosto, um cochilo e lá se foi todo o investimento.
    Isso é belo,comovente, pelo ardor, pelo desejo, no afã da conquista, o homem faz os maiores sacrifícios. Tudo, para depois, não ser compreendido pelas mulheres, todo investimento para as ingratas acharem que foi pouco, não demos o máximo, com fulano poderia ser melhor, o homem está lá, há dois, três anos com ela e reclama:-Antes, tu dançavas, tu ias ver comédia romântica, trazia flores e os beijos, ahh os beijos, eram longos, molhados, ardentes a gente perdia a respiração, ficava ali coladinho, agora...
    Será que ela não entende que é exatamente isso? Que é “antes”? O cara estava em campanha! Agora não está mais! Você tem fome, come, tem sede, bebe, sacia a sede. Simples, como é que elas não entendem?Exigem que o pobre coitado compre rosas que logo murcham, não entendem que tudo uma hora murcha querem ir ao circo ver um macaco magro, anão atirado pelo canhão, homem atirando facas, maçãs caríssimas, as mulheres não entendem essas coisas.

    Participação no concurso de contos Petros/07 e Festival de contos Teatro Guaíra Paraná
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    A VIDA DE AMBRÓSIO

    A VIDA DO AMBRÓZIO
    Por: WBCASTANHEIRA.


    Nasce um gaúcho, assim meio perdido na imensidão dos pampas, quase ao relento tendo como albergue uma tapera velha mal sustentada em quatro estacas, furos de bala por toda parte, telhado de zinco mais parecendo uma peneira destas de joiá feijão, mas era o que tinha sua pobre mãe, como lugar para dar a cria,um salão de chão batido onde muitos fandangos e muitas escaramuças haviam acontecido, o indiozito, que viera ao mundo e de tão bagual, pra chorar só apanhando de relho mal sabia que teria esta por sua derradeira surra, pois jamais alguém poderia bater naquele couro beijado e acariciado por mamãe (onde mamãe beija, macho não toca sem levar balaço, rebencaço ou algo que venha a equivaler), mas foi passando o tempo e logo em seguida pela lida da vida o guapo teve de ser desmamado ainda pequenino, precisou enfrentar geadas, correr atrás do gado, lidar com terneiros, destemer assombração (sim, isto é coisa de boióla da cidade, gaúcho que se preza corre estes mal vistos a facão), devagarito, conquistou a simpatia dos senhores do campo e ainda moleque ganhou um baio xucro para sua própria montaria, até parecia malvadeza pois o baio não deixava nem o vento tocar sua crina sem resmungar pelos campos da serra, n’uma tarde fria de renguear cusco, a neblina quase não deixava enxergar um palmo à frente do nariz, a neve de vez em quando branqueava os campos de cima da serra, a gauchada como para disfarçar o frio, tomava chimarrão, lonqueava uma costela gorda que ainda sobrara do almoço na fazenda,contavam causos, estes sobre chinas, namoro de prima ou guerra do Paraguai, coisas que os tropeiros adoram, um gaiteiro louco de faceiro tirava umas notas na sanfona furada por um balaço no último buchincho, o violeiro corria os dedos em volta do braço do violão tentando de algum modo arremedear com o gaiteiro uma coisa que parecesse uma música qualquer, no canto, dois cuscos velhos, um gato castrado, gordo de tanto dormir espiava os ratos andando por riba dos paus do telhado, uma cena bonita, era sinhá Malta de namorico com o compadre Zé Porc, de tão passados no tempo nem um dos dois talvez tivesse qualquer objetivo a mais, não fora, um apenas aquecer ao outro, mas namoro é namoro e de vez em quando Zé Porco arriscava uma beijoca na boca frouxa da sinhá Malta, onde apenas jaziam os buracos dos dentes, diziam que ainda era mulher não mexida, que até podia valer um dedo de prosa para arriscar provar um pouco daquele quentinho que como a mata, era ainda virgem, mas como diz o negro Balduíno, quem quiser arriscar leva uma talhadeira, um punção ou coisa que valha porque vai ser difícil varar aquilo, mas como ia dizendo lá pelas tantas da noite quando já todos iam se acomodar e puxar seus pelegos pra espantar o gelume da noite, eis que aparece o baio com o piazito ajeitando suas crinas e acariciando seu pescoço (porque gaúcho e cavalo parece que já nascem meio coligados) parecia um matungo, o potro que a pouco fora domado, o negrinho não tinha mais que uma dúzia de anos no couro, era difícil saber a data de aparição do vivente no mundo, uma vez que sua mãe se foi pras bandas do Uruguai com o famoso Zeca Mole, um baita balaqueiro, contador de causos, metido a gaiteiro que na verdade não saía do nheco-nheco, vari fum, mas era boa pinta o desgranhudo, destes cabeludos de cólinha e anel nas orelhas, unha pintada, um baita boióla que cortava pelos dois lados, a negrinha mãe do moleque se enfeitiçou pela conversa melosa, pelos olhos de peixe morto daquele tiatino vaga e lá se foi deixando o rebento ainda sem nome e por azar seu sem a marca do batismo pra que o Pai do Céu possa reconhecer o vivente em qualquer canto deste mundaréu, mas como gaúcho é sangue bom quase por natureza, porque o que não for bom ou é criado por estrangeiro ou é vivente achado no mundo, nunca criado pelos pais ou pelo menos, nos galpões da vida, pois uma coisa nós temos de bom, é respeito pelo Patrão velho e a Mãe do céu, como primeira prenda do céu, adoramos a Santíssima Trindade, rezamos pra São Francisco, respeitamos mulher casada e as coisas do alheio, alguns não levam desaforo pra casa, mas os mais novos já estão saindo com outras idéias e até negociam isto,um dia fizemos uma festança no galpão da fazenda, o patrão deu um novilho de pós ano, aproveitamos a passagem do Frei Zerinho por estas bandas e sapecamos água benta e unção de óleo na testa do gurisito, fazendo o batizado como manda a lei de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu o nome Ambrózio em homenagem ao Santo do dia, a partir dali calculamos a idade de 12 ou 13 anos coisa assim, mais ou menos, já dava pra ele tocar a vida com um certo norteio de tempo e uma referência de saber quem é ele nos caminhos por onde pisasse, o moleque foi crescendo ali com os peões da estância.
    Um dia n’uma certa festança, aquelas de marcação, sinalização e castração de touros e matungos, não é que o Ambrósio resolve a noite durante as danças se arriscar n’uma contradança com a filha do posteiro, olho no olho, o Ambrósio já estava lá com seus 19 ou 20 anos nunca se sabe ao certo, se arrumava bem o guri, cabelo lambido, chapéu da aba rebatid, bota de couro, nova, mais metido que lambari de sanga, mas um bom guri, cantava umas melodias dessas modernas que quase ninguém entende, nem ritmo nem linguajar, aí a mocinha que ainda não conhecia coisa melhor, foi se engraçando aos poucos com o guri e na dança, sabe como é, começa de longe, mas vai encostando, vai encostando e a coisa vai aquecendo, lá pelas tantas já está cara com cara, falando no ouvindo, acariciando a orelhinha e coisa e tal e tudo virando n’uma coisa só, de riba abaixo não cabem dois dedos de lateral, pode tocar vanerão, chote marcado, tango ou bolero pros dançarinos não interessa o ritmo, ninguém quer perder o quentinho, é um aperta daqui o outro aperta de lá, mas eis que o posteiro que sonhou sempre casar a filha com o filho do patrão (puxa saco que só ele, poderia até dar a menina em troca de um saco de batata, o infeliz) vê aquilo e fica desatinado, se contém até terminar a dança, mas o Ambrósio andou rápido e combinou ficar com ela no meio do salão, esperando a próxima marca, pra aumentar o desespero do homem, não deu outra, apartou o casal, pra surpresa de todos o Ambrósio aceitou em paz, mas saiu do galpão de cabeça baixa como que a tecer algum plano pro futuro.
    Passados algumas horas, volta o guri como sempre, em paz, ficou por ali chuleando de canto de olho, já era madrugada varada, o gaiteiro cansado não saia d’um certo vari- vari fum e vari vari fum esticava a sanfona enquanto o violão chorava um dim dom dim dom, dizem os entendidos que aquilo não era música, mas após uns tragos de canha a mais quem vai convencer os bailantes disto? Ambrósio chuliou pelos cantos e lá estava a prendinha recostada n’um pau de sebo, daqueles usados nos festejos de São João, que fica cravado no meio do salão, espichou um pouco mais o olho e viu o posteiro meio enrolado n’uns pelegos, já duro de tanta canha, babando pelo canto da boca, com um palheiro entreverado por entre os dedos, aí o guri não perdeu tempo, apressou o passo e foi lá convidar a prenda pra contra dança e não é que a guriazinha aceitou de prima, foi mais fácil que tirar rapadura da mão de criança, começou uma dancita meio despretenciosa o que menos queria era dançar, prosa vai, prosa vem e o Ambrósio foi se aprochegando pra porta de saída do galpão, a prendinha era assim uma morena destas cor de cuia, cabelo longo pra trançar no verão e cobrir os ombros no inverno, desses em que o gaúcho fica ali brincando de passar o tempo enquanto chuleia o cangótinho, era uma morena bem fornida de pernócas entroncadas, cintura bem desenhada e uns peitinhos mais ou menos do tamanho de uma laranja de amostra, olhos pretos como a aza da graúna, certamente o guri não tinha feito uma má escolha, moça virgem, criada na fazenda, a noção que tinha de sexo era a de ver os garanhões cobrindo égua ou o touro fazendo bezerrinhos com as vacas, lá de vez em quando um cachorro e uma cadela coisas naturais da estância, sabe lá ela o que é fazer amor ou revirá zóinho, mas sorte do Ambrósio que também era chucro nestas coisas, certamente desenvolvido na própria estância com alguma china gorda e malcheirosa lá dos cafundós da tia Anastácia que sempre conseguia umas gurias baratas que defendiam os peões abandonados e os mais arteiros fazendo amor por uns pilas qualquer ou um bom naco de charque, finalmente naquele fundão quem ia atrever-se a pegar uma gonorréia ou coisa parecida, posteiros e patrões iam na cidade corrê china de primeira, a gente só ouvia falar dos tais de cabarés com moças pintadas e o tal visque uma praga de bebida que nem se compara com uma boa canha do alambique do seu Tonhão.
    O guri surpreendeu a todos, enquanto uns dançavam meio bêbados e outros dormiam recostados pelos cantos, o velho posteiro era um babado só, o coitado talvez só conseguisse sair dali arrastado pelos pés e o Ambrósio que de bobo só teve o nascer, arrastou a guriazinha porta a fora, o baio já estava encilhado aguardando na estrebaria, pronto pra fuga, foi chegar, montar e fazer garupa, mostrar ao mundo a força do amor e as decisões tomadas sem violência, frutos da inteligência da nova geração, pois Ambrósio era rapaz de boa paz, arma só usava pra caçadas, correndo ladrão ou coisa de muito risco e no mais contava com sua capacidade de pensar rápido e um bom desdobramento de conversa, já estava na fronteira, pois tudo ocorre em Uruguaiana onde um passo é no Uruguai e outro é no Brasil, se bandearam pro outro lado, por lá Ambrosio fez família e dizem que até voltou pra visitar o sogro n’uma destas caminhonetas modernas que não precisa de manivela pra virar o arranque a danada pega só em virar uma chavinha, o posteiro que já era abandonado pela china malvada, é claro que ficou enraivecido com o roubo da sua prendinha, não era isso que ele imaginava como futuro mas o guri mostrou que o amor vence barreiras que parecem intransponíveis quando acreditamos na sua verdadeira força, hoje até sinhá Malta e o velho Zeca Porco estão lá velhinhos morando na fazendola do guacho achado na estância, um belo dia a gente conta se a mãe do guri apareceu lá pelas bandas do Uruguai com aquele balaqueiro a tira colo ou já encontrou coisa que preste, o velho baio foi largado ao pasto como prêmio pela bela viajem que fez, hoje é relíquia do Ambrósio, que é claro já ganhou do Pai do céu um belo gurizinho que logo logo vai campear certamente em pêlo no lombo do baio, dizem que filho de tigre sai pintado então o guri poderá ser mais um ginete domador e vamos torcer para que seja mais um estancieiro que desta vez roube uma guriazita do Uruguai para se aquerenciar neste imenso Rio Grande do Sul, muito embora uma coisa seja certa, todos somos irmãos isto é só uma prova de que o amor vence fronteiras e para ser feliz temos que primeiro formar uma boa parceria, confiar em Deus e ir na busca daquilo que acreditamos ser o melhor para a nossa vida e o sogro?
    Deve estar lá pelas margens do rio Uruguai certamente entalado em alguma garrafa de canh, cumprindo seu destino de índio livre que sempre trabalhou para os outros sem se aquerenciar em lugar algum, vida de gaudério, sem terra, mas feliz e que mal tem fugir pro Uruguai finalmente é pra lá que se leva prenda roubada.

    Este conto participou do Festival Negrinho do Pastoreio, realizado em Porto Alegre, Maio/05, conseguimos classificar em 13º, mas não desistimos a peleia continua.

    A DAMA DE BRINCOS

    A DAMA E OS BRINCOS
    Por: WB CASTANHEIRA.


    A vida corria tranqüila, quase nada de realmente novo ou que pudesse impactar sentimentos ou provocar grandes frisons acontecera nos últimos meses ou quem sabe anos, sempre tenho a necessidade de experimentar sentimentos no limite, não gosto de andar no normal das coisas, um abraço precisa ser bem abraçado, um beijo bem beijado e um amor.... um amor, estou procurando um que verdadeiramente extrapole meu modo, meus limites de sentimentos. Eis que alguém me aparece não sei de onde, porquê ou para que fim, sei lá não perguntou quase nada, perguntas do tipo quantos anos tens, és casado ou solteiro, onde moras, qual a cor preferida, olhou a cor dos meus olhos porque n’um certo dia falei que não sabia a cor dos seus e recebi uma feliz resposta. –É, mas eu sei a cor dos seus, mas... Nascemos em tempos errados precisaríamos ajustar a cronologia temporal mesmo assim encontramos tempo para breves e loucos encontros, por vezes discretos com um simples carinho nos cabelos um estar presente já basta e como é bastante pra mim sentir apenas os seus cabelos e pensar... e pensar... e parar, encontrar-se para um happy hour, para um cinema, para um jantar, enviar flores, coisas assim tipo estou aqui se precisares é só me usar. Como ela é uma dama, alguém espetacularmente acima do que poderia eu imaginar, mesmo sonhando com grandes emoções, acima do meu nível social e profissional, precisava sonhar para acreditar, mas era alguém especial, uma dama que tomou conta dos meus sentimentos agora embaralhados e confusos, o happy hour tinha de ser num café, livre de pessoas com qualquer aura negativa (não me perguntem o que é isso); o cinema para ela poderia ser infantil (quanta afinidade com sentimentos leves e descomprometidos, uma ruptura com os valores que até ali eu não conhecia), o jantar não dispensava um restaurante que não fosse rústico, ou de atmosfera meio solitária, ou meio contracultura, sabe como é? (aqueles Indianos um pouco esotéricos e de um misticismo que realmente não entendo).
    Depois desse prelúdio ela era mais óbvia, já estava no clima e apenas questionava e com seus olhos negros, um sorriso maroto, sabe daqueles em que se é capaz de contar os dentinhos, aonde vamos, no meu apartamento ou no seu? E lá nós fazíamos amor, amor que até hoje não sei se era amor, pois jamais a ouvi pronunciar esta palavra, não passava de te adoro, gosto muito de ti ou tu és meu grande amigo, apenas...
    E então ela sumiu.
    Onde anda?
    Em primeiro lugar gastei o dedo discando o número do fixo e o celular sem resposta. Aí fui no edifício dela, mas dependendo do porteiro do turno, ela: a) saíra de férias; b) tinha ido visitar a mãe doente em Belô c) viajara para um Fórum Social de Cabul ou foi cuidar de um tio muito velhinho no Nordeste. Partia eu para a busca no trabalho, quem sabe, mas lá garantiram que ela pedira demissão por causa de uma proposta vinda de Belô.
    Belô?
    -É, fica em Minas, explica o guarda, com um olhar de piedade pra mim.
    Fiquei deprimido, assim como um cãozinho abandonado e além de tudo rengo de uma perna com um pouco de sarna, entende o que é isso?
    Por via das dúvidas, fiz o roteiro completo quase uma via sacra, pelos cafés, livres de auras negativas, de todos os filmes infantis ou mais inocentes que Branca de Neve, de todos os restaurantes rústicos e sombrios ou de atmosfera nostálgica, quem sabe a encontraria para ver aquele sorriso maroto e poder ver aqueles dentes alvos juntos aos seus olhos negros, acompanhados de uma aura angelical que só eu sei explicar.
    Nem sinal, nada.
    Passei vários meses na fossa, triste pois pensava muito nela, porque aquelas manias dela envolviam-me, sua roupa, seus delirantes vestidos, seu aroma, seus brincos... nunca a vi sem eles, porquê não os tirava, porque seus filmes, seus restaurantes e porque nunca dissera-me: -Eu te amo? Não sabe ela o quanto eu preciso do seu, eu te amo, porque se entregava vestida e de repente ia tirando tudo o que a ornava, menos os brincos, tipo comunicasse, os brincos eu só tiro no dia em que te amar de verdade, guardava aquele mistério, aquele trunfo.
    Só que ninguém passa vários meses na fossa, enterrado em tanta tristeza.
    Não sou um professor ou outro literário, mas inventei três seminários sobre Paleontologia, sabe aqueles programas para dormir sentado? Isto, pensou bem nem foram tão ruins em um deles até dormi com uma professora, precisava ficar com alguém que tirasse até os brincos, por fim publiquei um livro sobre a curiosa possibilidade da existência de um tiranossauro rex fossilizado no RS.
    Foi na tarde de autógrafos que a vi no fim da fila, fila? Sei lá, havia alguns procurando por alguma coisa para ler, talvez quisessem experimentar ler um livro escrito sem qualquer propósito a não ser encontrar sua amada, mas... Ela se aproximava, dotada de seus olhos pretos, um cabelo loiro que escorria por entre os dedos e por fim um sorriso encantador que me deixava tonto, babando , vendo um, dois, muitos anjos n’uma só pessoa e .... finalmente seu vestido, (sim porque o vestido nasceu para a mulher, ajusta-se à beleza delas, as faz muito lindas com relativa facilidade, o coque não) linda como não poderia ser diferente, ela sabia como me torturar com o feitiço do vestido, tinha um jeito de falar com um sorriso aberto, um jeito meigo e safado ao mesmo tempo, mas e o seu olhar? Quando a olho me pergunto será assim que os anjos olham, tenho certeza que sim.
    Dediquei e assinei o livro olhando sempre na beleza do conteúdo daquele vestido lindo, gostaria que começasse a tirar ali mesmo.
    E nesse instante reparei apaixonado e esperançoso, ela voltara...
    Desta vez, sem brincos.
    Anjos usam brincos?

    Pseudo: WB CASTANHEIRA
    PETROS 2006

    Este conto foi premiado no Concurso de Contos Petros, destinado aos funcionários ativos e aposentados da Petrobras.