Mila, o meu caos
Quando ela vem com seu caminhar, macio, ela não pisa, flutua, desliza, requebra, no mesmo compasso vai o balanço do meu coração, viaja meu pensamento, parece que o mundo para, a banda toca, a torcida aplaude o seu passar, ah quem me dera o direito de eu, um simples mortal, passear ao seu lado, receber o generoso, quase diveno direito de segurar sua mão, de ao menos sentir seu aroma, estar ao lado nas horas inquietas, acalmar sua angustia, como é bom sonhar, o direito de oferecer meu colo, acalmar seu pranto e nos momentos de alegria partilhar daquele sorriso meigo e, sei lá por vezes maroto, inquieto, pedinte, encostar meu ombro no seu peito para ouvir a felicidade do seu coração, quando bate mais forte, mas como aos mortais pouco resta, então... apenas sonho, dou-me ao direito de sonhar pois isto ainda sobra àqueles que a admiram, no vagar dos meus delírios, vejo-a como quero, como desejo, como sonha um sonhador, talvez seja pensando nela que o poeta compôs,_ olha que coisa mais linda, mais cheia de graça é ela menina, que vem e que passa num doce, balanço a caminho do mar, moça do corpo dourado... não me canso de olhar a beleza dos seus cabelos a descer de um lado e voltar para outro, dourados, lisinhos, macios, daqueles que escorrem por entre os dedos, tal qual a areia branquinha do mar, que por certo já beijou seus pés, já acarinhou sua coxas, já abraçou de forma plena seu corpo esguio, molhou os cabelos dourados, invadindo aos poucos todo o seu corpo de infinda beleza, ah o mar, como é deliciosa a relação das musas com o mar, que trata com delicada igualdade as polacas, as morenas, negras, amarelas e outras, mas por certo o mar jamais foi o mesmo depois de provar das delicias de Mila, pois ela, só ela tem aquele brejeiro jeito de menina mulher, só ela tem o ponto provocativo exato, com seu requebrado encantador, que foge às simples mortais, Mila tem dengo no nome, bossa e malícia no ser, tem andar de maldade, tem olhar de súplica, parece dizer, _vem, vem cá, talvez tenham o mar e ela, uma relação de cumplicidade, uma relação de amor perfeito, sabe o mar e talvez só o mar, das confissões de Milinha, das angústias, dos amores, das ausências, das dores, dos fracassos, dos homens que falharam bem na hora agá, mas também daqueles que tontearam seu coração, que lhe fizeram viajar, que lhe deram tanto amor que só ao mar foi capaz de confessar, das alegrias, das festas, dos beijos doados e deixados a ser roubados, o mar e as mulheres manteem uma relação de impressionante cumplicidade, é pra lá que normalmente as mulheres que podem vão buscar refúgio, lá, dobram joelho, acocóram-se e com a cabeça por entre as pernas viajam no mundo maravilhoso dos sonhos, Milinha não deve ser diferente, ela adora o mar, ela divaga sua vida sentada, à uma pedra, pensativa, longe, percebo-a deleitar-se em vagos pensamentos, ah quem me dera estar de algum modo nos pensamentos seus, mas por enquanto apenas ela visita os pensamentos meus.
Mais um dia se passa, ela chega altiva, macia, linda, altiva, seus cabelos balançam maliciosos, tentadores, seu aroma é perceptível a milhas de distância, Milinha enebria, tonteia a gente, enlouquece mesmo aos homens mais equilibrados, mais ortodoxos, ela é um show, quase um anjo, anjo? Sim anjos, pois dizem que eles encantam, com olhar divino e cabelos dourados ou existirão anjos morenos? Sei lá, jamais vi os anjos que me visitam.. Mas, (e sempre tem um, mas), Milinha tem tudo a ver com um anjo de maldade, por certo eles não teem aquelas pernas lindas, torneadas a capricho, com a divindade das mãos celestes, anjos não teem aquela malícia no olhar, por vezes de menina, por outras com a malícia de uma mulher que sabe o que está querendo, por outro lado anjos devem pisar com a delicadeza do caminhar de Milinha, mas com certeza não ganharam o privilégio de ter seios arfantes, no tamanho exato do delírio masculino, no justo ângulo que nós homens desejamos, ali postos, como que prontos a atender aos mais angustiados desejos, delicadamente ajustados a beleza escultural de um corpo de mulher com jeito de menina, ela é tudo isto e muito mais, o verdinho dos seus olhos encanta ao mais discreto dos homens e com certeza é causa de ciúmes às mais diletas mulheres, o verde do seu olhar confunde-se com a beleza do mar, talvez seja por isso que mar e mulher, sejam uma constante nas poesias mais longínquas, nos dizeres dos mais renomados poetas, no cantar dos ilustres e no versejar dos mais humildes, mulher e mar andam juntos, são aliados das mais profundas inspirações, Milinha confunde ao poeta que jamais arrisca comparar qual a beleza maior a do oceano ou a dela? Se parece que as mais belas rosas declinam nos mais soberbos jardins ao seu passar, e eu pobre mortal?
Deixo o caos se instalar na minha vida? Ou prossigo meu caminho de simples mortal e não busco a imortalidade de ter esta mulher comigo? Instalarei o caos, transformando-me num homem que busca a delícia de estar com ela, deixando-a tomar conta do meu conservador pensamento, deixando-a quebrar meus paradigmas preconceituosos, deixando-a enlouquecer meus pensamentos, minhas ações, transformando-me num cão farejador a buscar os caminhos por onde andar Milinha, quero um dia encontrá-la solta no mundo e tecê-la com minha rede de amor e enlaçá-la de forma tão cândida e amada, pra não mais soltá-la e na glória deste esforço descomunal, ser agraciado em ouvi-la dizer, -que importa o mundo se desejo morrer nos teus braços meu amor!!
Um caos, eis minha nova proposta de vida, finalmente, para construir meus objetivos terei de abdicar de uma vida calma, de um serviço seguro, de uma proposta de dormir e acordar com a tranquilidade da vida ganha, mas quem disse que esta é a melhor vida para um homem que acaba de deixar-se enlevar pela mania chamada Mila, quem disse que para construir algo melhor não temos a necessidade de destruir aquilo que um dia pareceu ótimo, ela é assim mesmo, chega com uma nova proposta de tudo, chega oferecendo algo novo na minha vida, mas pra isto acontecer devo renascer, renovar meus conceitos, ir além da simples busca, ir talvez além daquilo que as vezes é permitido, mas todos os grandes amores passaram por incrédulas provas, todas as grandes conquistas passaram até hoje por desafios que antes pareciam intransponíveis, -ah, muito obrigado meu dileto anjo da inspiração, intransponível, a palavra exata, na medida, para justificar meu desafio na busca, na conquista do amor de Milinha, parece intransponível este desafio.
Minha vida transforma-se num caos, busco-a, visito as ruas por onde pisa, para ao menos admirar a beleza das rosas que Milinha vê ao passar a cada dia, passo em frente à sua casa para com uma ponta de ciúme, olhar os cachorros que ela diariamente acaricia, para tentar encontrar um gato que talvez partilhe com ela de espaços íntimos, oh amada minha, te amo tanto que até por seu marido... sinto, um certo quebranto, assim disse um dia o poeta da passargada, do sapato florido, se ele, até ele, sofreu por suas musas, porque não terei eu o direito de também sofrer, mas a delicia de dizer que fui à luta, um caos, estou em busca do tão falado caos, para construir um dia o paraíso, busco as praias por onde ela anda, a pedra onde ela um dia sentou, ela adora pedras, porque será que musas de beleza sentem-se seguras quando estão junto às pedras? E tão frequentemente são fotografadas sobre as pedras? Isto me leva a concluir que talvez, as duas naturezas encontrem ali o equilíbrio e a segurança, tu és forte e bela, eu, sou bela e forte, duas analogias semelhantes, Deus na sua infinita sabedoria quis assim fazer porque sabia que assim ficaria melhor para o deleite dos nossos olhos, mulher e a pedra, mulher e o mar, Milinha e o mundo, minha cabeça anda confusa, desequilibrada, estou em plena construção de um novo sentimento, em plena desordem de valores, na busca constante de um novo ser, que ser nascerá desta busca? E este caos em que está metida minha vida, precisa mudar de rumo ou a encontrarei logo ali? Não sei, pretendo viver loucamente minha reconstrução, buscar sem medo minha nova vida, deixar desmoronar a paz dos meus dias, o sono das minhas noites, quem sabe permitir experimentar o mais profundo dos sentimentos que é desabrochar de um imenso pranto, chorar? Sim chorar, deixar-se chorar, sem questionar, sem tentar explicar a profundidade, nem a quantidade despe pranto que é buscar, fazer com que caminhos desconexos, tornem-se o côncavo e o convexo, eu e ela., não posso por medo do caos, deixar de tentar viver toda a imensidão deste amor que tenho pra dar, de que vale tanto sentimento guardado, protegido por medo, protegido por não querer deixar-se envolver? A proposta do novo está logo ali, chama-se Mila, o sonho da maioria dos mortais, sentir seus cabelos, estar com ela, ter como uma delicia de momento saber que faço parte da vida dela, estar nos seus sonhos, conviver, pobre poeta, talvez continues tua busca, por lugares antes nunca idos, por sonhos antes jamais sonhados, pobre poeta das lutas inglórias porque desafias o impossível? Porque buscas o que outros homens não buscam? E porque teus sonhos não são como os sonhos de tantos mortais, pois apenas sonhas delírios, viajas na etérea massa do quase impossível, porque não buscas poeta, a reconstrução da tua vida com a calma dos equilibrados, com o discernimento dos justos consigo mesmo, ou quem sabe com a sensatez daqueles que não deixam o caos se instalar por ter conhecimento das suas próprias possibilidades? Porque poeta, te encantas tanto com o belo, te admiras tanto com a pulgência do divinamente maravilhoso, com a sobriedade destas mulheres que sabem ter o poder de te enlevar, te embebedar de amor e paixão? –Porque acredito na chance de ser sempre mais feliz, acredito que poetas nascem para viver a felicidade em plenitude, a vida para nós não vele a pena se for pequena, porque buscar ser feliz, não é direito divino, é mandamento celestial, porque amar, amar, não é acaso, é direito e se o caos existe, cabe aos loucos buscá-lo, pois os sensatos no equilíbrio dos seus tronos não arriscam perder um segundo de sua calmaria, se o caos existe, por certo aos poetas foi reservado o direito de vivê-lo na sua plenitude, na sua infinitude, pois só aos poetas é dada a chance de ter com os anjos, de viajar com suas amadas, de discutir regulamentos, de quebrar normas, de estar só e ao mesmo tempo estar voando na glória das multidões, de pensar em todas as possibilidades e nelas ver, sentir, provar os encantos de uma mulher, ah, os poetas, tão amados e tão odiados, tão iluminados e tão pouco vistos nesta imensa força da poesia, no encanto dos meus sonhos, na plenitude dos meus delírios tenho com certeza a graça da vitória de encontrar meu mundo com Milinha, quem me tira o direito de sonhar? Se dentro do sonho encontro as razões da vida, dentro da nuvem imaculada do meu sonho, tenho todas as Marias e todas as Milas que quiser? Vem pro meu sonho, deixa esta terra cheia de maldades, vem ser feliz no mundo maravilhoso dos projetos que dão certo, das propostas que encantam, da vida com suas perfeições, vem viver neste paraíso onde estamos eu e Milinha, viu, meu projeto deu certo, fizemos juntos a reconstrução de algo que parecia impossível, o impossível só é distante para quem não tem os pés fincados em projetos e a mente repleta de sonhos, projete sua vida com os pés no chão, mas... tenha sonhos, viaje, planeje, sonhe... é um direito de todo o mortal, chame aos anjos, eles andam por toda a parte, eles protegem Marias, Angelas, Milas e aos poetas, o caos só é ruim para os desprotegidos de sonhos, para aniquilados de projetos, para os desanimados da vida, para aqueles que não acreditam no poder da imaginação e na força da fé, acredite, sonhe, deixe o caos dos novos projetos invadir sua vida, pode ser que isto, apenas isto esteja separando uma pessoa feliz de uma pessoa verdadeiramente feliz, Milinha fez parte desta história para permitir que meu caos tivesse a força transformadora da força de vontade, da crença que viver vale a pena apenas se a alma não for pequena e que viver é preciso, sonhar faz bem a alma, acalma o coração e constrói a doce ilusão da felicidade a qualquer momento, a vida plena de felicidades é possível, mas só teu sonho é capaz de te dar a ilusão de que, podemos transformar a realidade do outro sem ação em passes de mágica, isto não existe o que existe é desenrolar a bandeira do comodismo e enfrentar, construir teu caos em busca de dias melhores, tua ação depende do caos que queres instalar em tua vida, mas com certeza tua glória é diretamente proporcional a este investimento.
Num dia de análizes de vida, decidi atender a um pedido muiiito especial e criamos, Mila, meu caos.
Quem sabe um dia falaremos mais sobre este assunto
Por: Wcastanheira
Mila, meu caos ... lindo ... Encantador!
ResponderExcluirQuando falas da relação da Mila com o mar, fala como se soubesse que o mar, só o mar, conhece minhas angústias, minhas alegrias, meus temores ... o Mar, meu fiel amigo.
Fiquei muito lisonjeada com leitura tão bela.
A forma como descreve a Mila ... eu nunca pensei "nela" dessa forma rsrsrs tornou-se um caos na minha mente!
Lindo, lindo! Obrigada!