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sábado, 30 de maio de 2009

A vida na mansão, eu, Teco e a cozinheira.

Meus ouvidos, que a terra há de um dia comer, no fundo daquele corredor ouviram gritos, sei lá pareciam gemidos, mas eram gritos de mulher. Na verdade, não eram exatamente gritos, e sim gemidos. Prestando bem atenção, não se dirigiam a mim aqueles gritos, quer dizer, gemidos. A pessoa que gemia nem devia saber, sequer imaginava que soubrara eu, euzinho, apenas eu, em casa. De onde vinha o ruído? Esgueirei-me pelos cantos da sala, atento como um perdigueiro, com passos delicados, flutuei por alguns momentos. Percebi que o som partia de um dos banheiros do lugar, baixinho, sussurrado, quase um som imperceptível, não fora eu naquele momento um louco, um desvairado em busca de algum tipo de som ,um banheiro situado no meio de um corredor que levava aos quartos dos empregados. Fui até lá, devagar, pé ante pé, um tigre à espreita da vítima, um angorá já sentindo o cheiro e o gosto de sua deliciosa preá, um gatinho preparando o bote final sobre aquele pássaro escolhido, a comida certa na hora exata, espiei pela porta entreaberta, fui mais além, farejei e o que vi me surpreendeu. Teco, o mordomo, tentava agarrar a cozinheira.Mas que belo sacana havia me saído esse Teco! Tinha prensado a cozinheira contra a parede. Enfiava as mãos por baixo da saia dela, aproveitava-se agarrava-a com vontade, a pobresinha, ali, indefesa, escanteada, esnucada, com ânsia mesmo. Teco queria de qualquer jeito sovar a cozinheira. Dei uma boa olhada nela. Hum. Nunca havia reparado naquela cozinheira, envolvido que estava com Amanda ou Fernanda, mas agora percebia que se tratava de uma mulata bem interessante. Boas pernas, coxas fortes. Bem interessante, de fato. As possibilidades infinitas da vida na mansão! Teco apalpava aquelas coxas cor de chocolate e resfolegava com a cabeça enfiada entre os delicados e macios seios da cozinheira. Ela arfava e repetia:

- Para! Para! Sai! Sai! Apertava a pobresinha, judiava da indefesa moça.

Mas não parecia querer realmente que ele parasse. A calcinha dela apareceu entre os dedos ávidos do mordomo. Uma calcinha amarelinha, com delicadas rendinhas azuis, sabe aquelas rendinhas dos nossos sonhos de jovem? Asssim, juuustamente iguais, uma calcinha delicada, ajustadinha àquele corpinho de boneca Suzi, acho que não podia ser menor. Em um segundo, a calcinha já lhe cobria os joelhos redondos. O sexo pulsante da cozinheira agora se expunha à concupiscência do mordomo. Grande Teco! Invejei-o. Ganhara duzentos pilas sem fazer esforço e agora ia se repoltrear com uma cozinheira gostosa, mas, convenhamos, indefesa, pois fora com certesa abatida pela lábia daquele ingrato, caiu no conto do vigário, é, conclusão Teco é um sedutor barato, um homem, se é que a isto pode-se chamar de homem, um homem sem caracter,um semvergonha, este Teco.

A coisa ia acontecer ali mesmo e seria uma loucura, um ato insano do meu amigo Teco, senti vontade de assistir e ao mesmo tempo de gritar para ele parar com tal ato de força, mas achei que a função facilitaria o meu trabalho. Primeiro o dever, depois o prazer. Deixei Teco se divertindo com a cozinheira e decidi que talvez me ocupasse dela mais tarde., quem sabe numa outra oportunidade, finalmente a vida na mansão havia de continuar após o feito mal intensionado do mordomo, deslizei para a sala outra vez, subi as escadas e fui direto para o quarto da velha bruxa. Sabia onde estavam as joias: escondidas num fundo falso do roupeiro. Rapidamente abri o roupeiro, extraí o fundo falso e de lá saquei a caixa de joias. Faiscavam, brilhavam como um pequeno sol. Um tesouro! Piratas matariam pelo conteúdo daquela caixa. Coloquei-as todas em um saco de pano que trouxera especialmente para o trabalho, exceto um colar de brilhantes muito chamativo e, provavelmente, muito caro. Esse, meti no bolso das calças. Devolvi a caixa ao fundo falso, fechei o roupeiro, retirei as luvas e saí do quarto, sempre tendo o cuidado de apagar minhas impressões digitais. Desci as escadas. Agora vinha a parte mais delicada do plano, talvez a mais perigosa: teria de esconder o colar numa gaveta do quarto do Teco. Queria imputar-lhe a culpa pelo roubo. Seria perfeito. Per-fei-to! Pagaria minha dívida com o agiota, cobriria o rombo na contabilidade da empresa e ainda me livraria do chantagista maldito, sim chantagista, um amigo chantagista, pode não parecer mas é... sobre isto se você quiser falaremos mais tarde numa outra ocasião, por hora está bom assim. Ele não poderia me acusar de nada nem que desconfiasse. Se me denunciasse, teria de admitir que fez chantagem comigo, seria possível inclusive que o obrigassem a devolver os 200 pilas que lhe paguei.

Era mesmo um plano genial. Mas, para esconder a jóia em seu quarto, precisaria passar pelo banheiro onde o mordomo e a cozinheira espadanavam em sexo pecaminoso. Foi com muita, muita, mas muita cautela que passei pela frente do banheiro. Não pude evitar: dei uma espiadela, que loucura estava eu fazendo, eu? Não o Teco ou seria eu? Sei lá fiquei meio tonto quase desgracei meu plano ao ver aquilo tudo pelo buraco da fechadura, pobre moça! Teco possuía a cozinheira em cima da pia, furiosamente, rosnando:

- Me chama de patrão! Me chama de patrão! Vai, me chaaaama...

Ela gania:

- Patrãozinho! Patrãozinho!

O bom Teco, grunia, sei lá parecia um grunido mesmo, coisa de amador, de estagiário, de quem ainda não sabe ou jamais saberá fazer direito, direitinho, como manda o figurino...

Fui em frente. Entrei no quarto dele. Não escolhi muito: abri a última gaveta de uma penteadeira e acomodei o colar entre as meias e as cuecas do chantagista desgraçado. Limpei as impressões mais uma vez. Esperei alguns minutos, escutando com o ouvido colado à porta. Só poderia sair quando o caminho estivesse limpo. Esperei. Esperei.

Esperei.

Ouvi vozes ao longe, um corredor imenso, Teco e a cozinheira deviam estar se despedindo. Malandro, esse Teco. Esperei mais um pouco. Esperei. Esperei. Esperei.

Abri a porta, enfim. Tudo estava silencioso. Tudo calmo, pairava no ar o silêncio das horas de meditação dos conventos, dos momentos mais solenes, das meia noites dos cemitérios, um silêncio que predizia perigo! Perigo!

Já estava no corredor, quando ocorreu o inesperado, o imprevisto, o desespero pareceu abocanhar-me, as pernas afrouxaram, tudo encolheu, desapareceu minha volupia, gelei, derepente...

A cozinheira me viu.

Sim. Ela me viu. Já havia se livrado de Teco, que na certa se encontrava em outro ponto da mansão. Vinha caminhando placidamente, delicadamente, santamente, pelo corredor, com o maior ar de inocência naquele rosto de rainha da bateria. E flagrou-me saindo do quarto do mordomo, com o saco de pano cheio de joias na mão.

E agora? O que eu poderia fazer???

Não sei, você sabe? No próximo sábado combinei um chop com Fernandinha, sabe a Fê do pé de valsa, quem sabe, ela com a astúcia natural das espertas mulheres, saberá dizer-me o que fazer n'uma sinuca de bico dessas, aguarde... enquanto isso, vá espiando por algumas frestas, algumas fechaduras, finalmente, existem tantas outras cozinheiras por aí...


Por: Wcastanheira. Num desses sábados chuvosos, pensando, pensando, no quase nada, só poderia sair isto, nada mais...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Se eu enlouquecer....

Se eu enlouquecer...talvez seja por vontade de te ver.
Se eu enlouquecer... pode ser pela angustia de pensar que alguém no mundo ainda não percebeu que te amo, pelo desespero de ter sabido que jamais me amaste.
Se eu enlouquecer... talves seja porque meu pensamento explodiu meu cérebro de tanto tentar enchê-lo apenas com o amor que te tenho, talvez porque apenas hoje eu tenha percebido quão é sábio aquele que se entrega às profundesas e às loucuras de um grande amor.
Se eu enlouquecer... tenhas piedade, acolha-me, talvez eu esteja louco de saudades de você, pode ser que teu carinho, a delicadeza da tua mão, o calor do teu colo, o brilho do teu olhar e a luz do teu sorriso largo, sejam o alento que eu esteja necessitando para acordar desta avalanche de insólitos atos.
Se eu enlouquecer... tenhas carinho, não grites aos quatro ventos, não avize aos passarinhos, não faça alarde ao telhado, apenas e tão sòmente, acolha a este coitado.
Se eu enlouquecer... dê-me abrigo no teu colo, dê-me a paz da tua palavra, dê-me o calor do teu regaço e.. quem sabe, mesmo louco, eu acorde para a delicia que é viver o teu amor.
Se eu enlouquecer... não comentes aos teus amigos, nem fale aos teus amores, apenas acompanha as minhas dores.
Se eu enlouquecer... pense apenas em estar comigo, pois com certeza mesmo na loucura, estou todo, mas todo... apenas contigo.
Se eu enlouquecer... talvez seja pela tua ingrata ausência, pela falta do teu beijo, que aviva meu desejo, pela falta do teu sorriso, que quebrou com o encanto do meu paraízo.
Se eu enlouquecer...estarei feliz, estarei vivendo um louco amor, na minha loucura lembrarei do teu beijo quente, lembrarei das nossas noites ao luar, das conversas abandonadas e daquelas infindáveis promessas de amor, fique em paz, pois na minha loucura com certeza terei o deleite das noites de carinho e amor, dos passeios nas praças, das visitas às catedrais e das juras ao pé de tantos altares, não tenhas piedade, apenas carinho, pois na minha loucura, lembrarei sempre do calor do teu aconchego, das calçadas, das flores, do jardim e com certeza das promessas que fizeste pra mim, não te cobres, não fiques aflita, na minha loucura entenderei, o teu não, a tua angustia, o teu medo, mas com certeza na minha ida ao etéreo dos loucos, ainda estarei saboreando os beijos que de ti ganhei e por certo feliz e agradecido estarei.
Se eu enlouquecer.. não chores não, melhor é estar louco que esperar por um amor que jamais virá, melhor é estar louco que ficar fazendo planos para um dia se der, ser feliz.
Se eu enlouquecer, será apenas por ti, mas de que adiantaria tua piedade se não podes teu amor doar? De que adianta teu carinho, se é um carinho que não acalma minha loucura?
Se eu enlouquecer... só teu amor pode me curar... só teu remédio, irá me arremediar


Devaneios num final de tarde.... frutos da visita de um certo anjo...
Por Wcastanheira

SÓ PRA VC! Q MORA NO MEU CORAÇÃO!!

Eu seria…

Se eu fosse um mês, eu seria… março, o mês que nasci. Se eu fosse um dia da semana, eu seria… a sexta, em clima de final de semana. Se eu fosse uma hora do dia, eu seria… o final da tarde. Se eu fosse uma direção, eu seria… o norte, sempre em frente. Se eu fosse um esporte, eu seria… a natação. Se eu fosse um divertimento, eu seria… um jogo de xadrez. Se eu fosse um momento, eu seria… o reencontro. Se eu fosse um líquido, eu seria… o leite, o leite materno. Se eu fosse uma pedra preciosa, eu seria… uma ametista,uma Ágata, linda também, que acho-as lindas. Se eu fosse uma árvore, eu seria… a figueira, com seus ramos explendorosos, dá sombra aos para o deleite do cançado e figos para a delicia da passargarda. Se eu fosse uma flor, eu seria… margaridas, bem vibrantes, mas não esqueceria de sempre levar junto, uma rosa amarela, há beleza maior? Pra mim, não, ainda estou na busca de beleza mais enibriante e você? Se eu fosse um instrumento, eu seria… um violão. Se eu fosse uma cor, eu seria… o amarelo. Se eu fosse um sentimento, eu seria… o Amor. Se eu fosse um animal, eu seria… um cachorro, fiel e companheiro. Se eu fosse uma fruta, eu seria… um morango, pra quê? Pra ser deliciosamente saboreado nas entrelinhas do amor. Se eu fosse um livro, eu seria… A Cabana, de William P. Young. Se eu fosse um personagem, eu seria… o Snoopy. Se eu fosse uma comida, eu seria… Arroz, bife e batata-fritas com salada de tomates. Se eu fosse um lugar, eu seria… uma praia. Se eu fosse um objeto, eu seria… um livro. Se eu fosse um filme, eu seria… A Lagoa Azul.Romântico. Se eu fosse um gesto, eu seria… um abraço bem apertado.
Vi este Meme no Borboletas no estômago e adorei. Resolvi encarar o desafio também!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Coisas Antigas

Hoje, alguém pediu-me para falar de coisas antigas, mas o que são coisas antigas? Será que falar com educação é coisa antiga? E o sorriso, ficou antigo? Creio que não, mas ficou antigo o bom dia, o muito obrigado, a quanto tempo você não,- perdão, o pedido de desculpas, sem falar no pedido de benção antes de dormir ou partir, felizmente ainda não está em desuso total, por isso, ainda acredito na felicidade.
O que ficou antigo?Por falar em antigo, lembra do Toque de Amor e da Brilhantina, os rapazes desfilavam com copos de cuba libre e para pedir uma dança? Havia toda uma corte e a espera angustiada do sim, a garota de Ipanema, as domingueiras, o Sinca Chambord, o Jk, o Austin, a Lambreta, o fuca e talvez o motociclo, mas ainda se dança de rosto colado, ainda deixamos a mão nas costas da amada, a deslizar suavemmente com aquela delicada compressão e quando permitido cruzamos o braço no peito delicado delas pra dançar uma marca, marca? Que pena, a marca não existe mais, as valsas escaciaram, mas o amor ainda resiste, a poesia ainda tem o seu valor, passaram os batedores de carteira, os malandros da Lapa deram lugar aos assaltantes de Copacabana, o som do botequim já não é o mesmo, a gafieira foi substituída pelo funk, mas ainda tem lugar o amor, ainda tem lugar a poesia da praça, da praça? Sim as praças ainda são paradouros dos enamorados, ainda teem balanços e gangorras meu amor, as praças ainda teem aquele banco, aquela rosa amarela, sei lá ainda há poesia quando olhamos o mundo com amor e sem ressentimentos, enquanto nascer uma criança, voar um pássaro, existir uma pontinha de verde, enquanto um lago tiver força de vencer a poluição, o céu mostrar uma nesga de sol, ainda acreditarei na força de DEUS e... enquanto DEUS existir, será possível o convivio do antigo e o novo, pois para DEUS nada é impossível na Sua infinita bondade.

Meditações de um final de tarde, atendendo a uma pessoa muito amiga.
Por: Wcastanheira

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Por falar em caos: MILA, MEU CAOS

Mila, o meu caos

Quando ela vem com seu caminhar, macio, ela não pisa, flutua, desliza, requebra, no mesmo compasso vai o balanço do meu coração, viaja meu pensamento, parece que o mundo para, a banda toca, a torcida aplaude o seu passar, ah quem me dera o direito de eu, um simples mortal, passear ao seu lado, receber o generoso, quase diveno direito de segurar sua mão, de ao menos sentir seu aroma, estar ao lado nas horas inquietas, acalmar sua angustia, como é bom sonhar, o direito de oferecer meu colo, acalmar seu pranto e nos momentos de alegria partilhar daquele sorriso meigo e, sei lá por vezes maroto, inquieto, pedinte, encostar meu ombro no seu peito para ouvir a felicidade do seu coração, quando bate mais forte, mas como aos mortais pouco resta, então... apenas sonho, dou-me ao direito de sonhar pois isto ainda sobra àqueles que a admiram, no vagar dos meus delírios, vejo-a como quero, como desejo, como sonha um sonhador, talvez seja pensando nela que o poeta compôs,_ olha que coisa mais linda, mais cheia de graça é ela menina, que vem e que passa num doce, balanço a caminho do mar, moça do corpo dourado... não me canso de olhar a beleza dos seus cabelos a descer de um lado e voltar para outro, dourados, lisinhos, macios, daqueles que escorrem por entre os dedos, tal qual a areia branquinha do mar, que por certo já beijou seus pés, já acarinhou sua coxas, já abraçou de forma plena seu corpo esguio, molhou os cabelos dourados, invadindo aos poucos todo o seu corpo de infinda beleza, ah o mar, como é deliciosa a relação das musas com o mar, que trata com delicada igualdade as polacas, as morenas, negras, amarelas e outras, mas por certo o mar jamais foi o mesmo depois de provar das delicias de Mila, pois ela, só ela tem aquele brejeiro jeito de menina mulher, só ela tem o ponto provocativo exato, com seu requebrado encantador, que foge às simples mortais, Mila tem dengo no nome, bossa e malícia no ser, tem andar de maldade, tem olhar de súplica, parece dizer, _vem, vem cá, talvez tenham o mar e ela, uma relação de cumplicidade, uma relação de amor perfeito, sabe o mar e talvez só o mar, das confissões de Milinha, das angústias, dos amores, das ausências, das dores, dos fracassos, dos homens que falharam bem na hora agá, mas também daqueles que tontearam seu coração, que lhe fizeram viajar, que lhe deram tanto amor que só ao mar foi capaz de confessar, das alegrias, das festas, dos beijos doados e deixados a ser roubados, o mar e as mulheres manteem uma relação de impressionante cumplicidade, é pra lá que normalmente as mulheres que podem vão buscar refúgio, lá, dobram joelho, acocóram-se e com a cabeça por entre as pernas viajam no mundo maravilhoso dos sonhos, Milinha não deve ser diferente, ela adora o mar, ela divaga sua vida sentada, à uma pedra, pensativa, longe, percebo-a deleitar-se em vagos pensamentos, ah quem me dera estar de algum modo nos pensamentos seus, mas por enquanto apenas ela visita os pensamentos meus.
Mais um dia se passa, ela chega altiva, macia, linda, altiva, seus cabelos balançam maliciosos, tentadores, seu aroma é perceptível a milhas de distância, Milinha enebria, tonteia a gente, enlouquece mesmo aos homens mais equilibrados, mais ortodoxos, ela é um show, quase um anjo, anjo? Sim anjos, pois dizem que eles encantam, com olhar divino e cabelos dourados ou existirão anjos morenos? Sei lá, jamais vi os anjos que me visitam.. Mas, (e sempre tem um, mas), Milinha tem tudo a ver com um anjo de maldade, por certo eles não teem aquelas pernas lindas, torneadas a capricho, com a divindade das mãos celestes, anjos não teem aquela malícia no olhar, por vezes de menina, por outras com a malícia de uma mulher que sabe o que está querendo, por outro lado anjos devem pisar com a delicadeza do caminhar de Milinha, mas com certeza não ganharam o privilégio de ter seios arfantes, no tamanho exato do delírio masculino, no justo ângulo que nós homens desejamos, ali postos, como que prontos a atender aos mais angustiados desejos, delicadamente ajustados a beleza escultural de um corpo de mulher com jeito de menina, ela é tudo isto e muito mais, o verdinho dos seus olhos encanta ao mais discreto dos homens e com certeza é causa de ciúmes às mais diletas mulheres, o verde do seu olhar confunde-se com a beleza do mar, talvez seja por isso que mar e mulher, sejam uma constante nas poesias mais longínquas, nos dizeres dos mais renomados poetas, no cantar dos ilustres e no versejar dos mais humildes, mulher e mar andam juntos, são aliados das mais profundas inspirações, Milinha confunde ao poeta que jamais arrisca comparar qual a beleza maior a do oceano ou a dela? Se parece que as mais belas rosas declinam nos mais soberbos jardins ao seu passar, e eu pobre mortal?
Deixo o caos se instalar na minha vida? Ou prossigo meu caminho de simples mortal e não busco a imortalidade de ter esta mulher comigo? Instalarei o caos, transformando-me num homem que busca a delícia de estar com ela, deixando-a tomar conta do meu conservador pensamento, deixando-a quebrar meus paradigmas preconceituosos, deixando-a enlouquecer meus pensamentos, minhas ações, transformando-me num cão farejador a buscar os caminhos por onde andar Milinha, quero um dia encontrá-la solta no mundo e tecê-la com minha rede de amor e enlaçá-la de forma tão cândida e amada, pra não mais soltá-la e na glória deste esforço descomunal, ser agraciado em ouvi-la dizer, -que importa o mundo se desejo morrer nos teus braços meu amor!!
Um caos, eis minha nova proposta de vida, finalmente, para construir meus objetivos terei de abdicar de uma vida calma, de um serviço seguro, de uma proposta de dormir e acordar com a tranquilidade da vida ganha, mas quem disse que esta é a melhor vida para um homem que acaba de deixar-se enlevar pela mania chamada Mila, quem disse que para construir algo melhor não temos a necessidade de destruir aquilo que um dia pareceu ótimo, ela é assim mesmo, chega com uma nova proposta de tudo, chega oferecendo algo novo na minha vida, mas pra isto acontecer devo renascer, renovar meus conceitos, ir além da simples busca, ir talvez além daquilo que as vezes é permitido, mas todos os grandes amores passaram por incrédulas provas, todas as grandes conquistas passaram até hoje por desafios que antes pareciam intransponíveis, -ah, muito obrigado meu dileto anjo da inspiração, intransponível, a palavra exata, na medida, para justificar meu desafio na busca, na conquista do amor de Milinha, parece intransponível este desafio.
Minha vida transforma-se num caos, busco-a, visito as ruas por onde pisa, para ao menos admirar a beleza das rosas que Milinha vê ao passar a cada dia, passo em frente à sua casa para com uma ponta de ciúme, olhar os cachorros que ela diariamente acaricia, para tentar encontrar um gato que talvez partilhe com ela de espaços íntimos, oh amada minha, te amo tanto que até por seu marido... sinto, um certo quebranto, assim disse um dia o poeta da passargada, do sapato florido, se ele, até ele, sofreu por suas musas, porque não terei eu o direito de também sofrer, mas a delicia de dizer que fui à luta, um caos, estou em busca do tão falado caos, para construir um dia o paraíso, busco as praias por onde ela anda, a pedra onde ela um dia sentou, ela adora pedras, porque será que musas de beleza sentem-se seguras quando estão junto às pedras? E tão frequentemente são fotografadas sobre as pedras? Isto me leva a concluir que talvez, as duas naturezas encontrem ali o equilíbrio e a segurança, tu és forte e bela, eu, sou bela e forte, duas analogias semelhantes, Deus na sua infinita sabedoria quis assim fazer porque sabia que assim ficaria melhor para o deleite dos nossos olhos, mulher e a pedra, mulher e o mar, Milinha e o mundo, minha cabeça anda confusa, desequilibrada, estou em plena construção de um novo sentimento, em plena desordem de valores, na busca constante de um novo ser, que ser nascerá desta busca? E este caos em que está metida minha vida, precisa mudar de rumo ou a encontrarei logo ali? Não sei, pretendo viver loucamente minha reconstrução, buscar sem medo minha nova vida, deixar desmoronar a paz dos meus dias, o sono das minhas noites, quem sabe permitir experimentar o mais profundo dos sentimentos que é desabrochar de um imenso pranto, chorar? Sim chorar, deixar-se chorar, sem questionar, sem tentar explicar a profundidade, nem a quantidade despe pranto que é buscar, fazer com que caminhos desconexos, tornem-se o côncavo e o convexo, eu e ela., não posso por medo do caos, deixar de tentar viver toda a imensidão deste amor que tenho pra dar, de que vale tanto sentimento guardado, protegido por medo, protegido por não querer deixar-se envolver? A proposta do novo está logo ali, chama-se Mila, o sonho da maioria dos mortais, sentir seus cabelos, estar com ela, ter como uma delicia de momento saber que faço parte da vida dela, estar nos seus sonhos, conviver, pobre poeta, talvez continues tua busca, por lugares antes nunca idos, por sonhos antes jamais sonhados, pobre poeta das lutas inglórias porque desafias o impossível? Porque buscas o que outros homens não buscam? E porque teus sonhos não são como os sonhos de tantos mortais, pois apenas sonhas delírios, viajas na etérea massa do quase impossível, porque não buscas poeta, a reconstrução da tua vida com a calma dos equilibrados, com o discernimento dos justos consigo mesmo, ou quem sabe com a sensatez daqueles que não deixam o caos se instalar por ter conhecimento das suas próprias possibilidades? Porque poeta, te encantas tanto com o belo, te admiras tanto com a pulgência do divinamente maravilhoso, com a sobriedade destas mulheres que sabem ter o poder de te enlevar, te embebedar de amor e paixão? –Porque acredito na chance de ser sempre mais feliz, acredito que poetas nascem para viver a felicidade em plenitude, a vida para nós não vele a pena se for pequena, porque buscar ser feliz, não é direito divino, é mandamento celestial, porque amar, amar, não é acaso, é direito e se o caos existe, cabe aos loucos buscá-lo, pois os sensatos no equilíbrio dos seus tronos não arriscam perder um segundo de sua calmaria, se o caos existe, por certo aos poetas foi reservado o direito de vivê-lo na sua plenitude, na sua infinitude, pois só aos poetas é dada a chance de ter com os anjos, de viajar com suas amadas, de discutir regulamentos, de quebrar normas, de estar só e ao mesmo tempo estar voando na glória das multidões, de pensar em todas as possibilidades e nelas ver, sentir, provar os encantos de uma mulher, ah, os poetas, tão amados e tão odiados, tão iluminados e tão pouco vistos nesta imensa força da poesia, no encanto dos meus sonhos, na plenitude dos meus delírios tenho com certeza a graça da vitória de encontrar meu mundo com Milinha, quem me tira o direito de sonhar? Se dentro do sonho encontro as razões da vida, dentro da nuvem imaculada do meu sonho, tenho todas as Marias e todas as Milas que quiser? Vem pro meu sonho, deixa esta terra cheia de maldades, vem ser feliz no mundo maravilhoso dos projetos que dão certo, das propostas que encantam, da vida com suas perfeições, vem viver neste paraíso onde estamos eu e Milinha, viu, meu projeto deu certo, fizemos juntos a reconstrução de algo que parecia impossível, o impossível só é distante para quem não tem os pés fincados em projetos e a mente repleta de sonhos, projete sua vida com os pés no chão, mas... tenha sonhos, viaje, planeje, sonhe... é um direito de todo o mortal, chame aos anjos, eles andam por toda a parte, eles protegem Marias, Angelas, Milas e aos poetas, o caos só é ruim para os desprotegidos de sonhos, para aniquilados de projetos, para os desanimados da vida, para aqueles que não acreditam no poder da imaginação e na força da fé, acredite, sonhe, deixe o caos dos novos projetos invadir sua vida, pode ser que isto, apenas isto esteja separando uma pessoa feliz de uma pessoa verdadeiramente feliz, Milinha fez parte desta história para permitir que meu caos tivesse a força transformadora da força de vontade, da crença que viver vale a pena apenas se a alma não for pequena e que viver é preciso, sonhar faz bem a alma, acalma o coração e constrói a doce ilusão da felicidade a qualquer momento, a vida plena de felicidades é possível, mas só teu sonho é capaz de te dar a ilusão de que, podemos transformar a realidade do outro sem ação em passes de mágica, isto não existe o que existe é desenrolar a bandeira do comodismo e enfrentar, construir teu caos em busca de dias melhores, tua ação depende do caos que queres instalar em tua vida, mas com certeza tua glória é diretamente proporcional a este investimento.

Num dia de análizes de vida, decidi atender a um pedido muiiito especial e criamos, Mila, meu caos.
Quem sabe um dia falaremos mais sobre este assunto
Por: Wcastanheira

Jornal Dimensão Tramandai 21/05/09

Opinião Comunidade


Parabéns ao Amor Exigente
Parabéns ao coordenador regional do Grupo de Amor Exigente, Sr. Manuel Coelho, pois no último final de semana, nos dias 15, 16 e 17 de maio, foi realizado o curso de prevenção às drogas, na SAT, para a comunidade em geral. Recebemos a visita de centenas de pessoas, num gigantesco evento, onde todos analisaram e discutiram sobre este delicado problema que afeta as famílias em geral, um momento de graça p/aqueles que provam das amarguras do mundo e recebem a graça de Deus em força para orientar e buscar ajuda a quem quer voltar à vida social. Um evento com organização e disciplina de horário, espetaculares. Palestrantes de altíssimo nível cultural e de experiências de vida admiráveis. Ficou mais uma vez demonstrado que o amor sem exigência nos humilha, a exigência sem amor nos revolta, o Amor Exigente constrói vidas. Parabéns ao grupo ‘Em Busca do Ser, de Tdai, pois recuperar pessoas é um ato digno, trabalhar na prevenção é quase divino. Que bom quando escolas, prefeituras e outras entidades sociais voltarem-se para a prevenção total, numa inclusão de forças em busca do Ser Gente.

Wanderlen Castanheira Indianópolis

domingo, 24 de maio de 2009

MAIS UMA PÉROLA DO AMIGO: DAVI COIMBRA

Loira, alta, pernas longas

Alguns homens sentem medo de sair com loiras altas, de pernas longas, sobretudo as que têm um metro e noventa e dois de altura. Eu, não. Ah, não! Digamos a Maria Sharapova, que, além de loira, com 1m92cm de altura, ainda é russa. Chega sexta-feira, e o que a Maria Sharapova faz? Sobe em sapatos com 15 centímetros de salto, claro, que as loiras gostam muito de subir em sapatos com 15 centímetros de salto às sextas. Lá se vão os cabelos amarelos dela para 2m07cm. Dois metros e sete, meeen!

Aí, nós dois, eu e Maria, entramos no bar, ela dentro de uma minissaia realmente mínima, os pés ligeiros calçados com botas de cano longo e saltos re-al-men-te finos. Tudo que é movimentação vital no bar cessa. Todos olham para mim e para as pernas intermináveis de Maria.

Silêncio.

As respirações estão interrompidas. Ouve-se o borbulhar dos chopes em evaporação, ouve-se o som dos corações ribombando como os tambores dos pigmeus bandar. Eu e Sharapova escolhemos uma mesa bem no meio do ambiente, exposta a todos os olhares ávidos. O garçom aparece, trêmulo. Faz uma reverência. Eu:

– Chope, Shara?

Ela pede vodca. Sabe como são essas russas... Depois de alguns drinques, Maria olha para mim e mia:

– Vamos para o meu loft?

Então, toda a minha vida passaria diante dos meus olhos em um segundo, como se fosse um filme.

sábado, 23 de maio de 2009

Zero Hora, 22/05/09

Você concorda com o deslocamento do acervo, Érico Veríssimo, para o RJ?

É chegado o momento de conscientizar as pessoas, de valorizar pelas raízes nossos ícones culturais, mostrar ao próprio Rio Grande o que temos de valor.
Muita divulgação nas escolas, faculdades, ruas, fazer o povo sentir o valor de cultuar os valores locais. Despertar sentimentos de civismo e amor aos nossos personagens épicos, isto é preservar cultura e preservação se faz construindo sólidas as bases.

Wanderlen Castanheira Marítimo – Tramandaí

sexta-feira, 22 de maio de 2009

FINAL DE DIA!!

Só pra dizer, tive um ótimo dia, meditei, senti em cada momento do dia a presença maravilhosa de DEUS e por abençoadas ocasiões a protetora mão de MARIA, logo cedinho alguém falou, _na vida, precisamos sempre buscar o melhor e estar aberto às mudanças, saber ou procurar entender que pra melhorar, algo tem que piorar, é do caos que nascem as grandes transformações, para ter uma bela estrada, é preciso fazer buracos, revirar terra, mover casas, gerar entulhos, trancar o trânsito para logo em seguida aparecer uma estrada novinha, lisinha gostosa de andar, para ter uma bela sala, uma linda casa, é preciso começar a destruir, fazer buracos, as veses quebrar paredes, fechar janelas, para construir portas, para poder então depois adimirar a beleza e aproveitar as delicias da obra, o caos de antes gera a beleza do depois. Na nossa vida também antes de algum progresso precisamos passar por mudanças, permitir a quebra de paradigmas, deixar que nossos valores por momentos sejam alterados de forma significativa, as grandes mudanças em nossas vidas podem gerar epopéico sucesso mas dependem sempre da flexibilidade do nosso comportamento, por veses deixamos de viver um pouco mais felizes porque temos medo do caos de breves momentos, por medo de experimentar um breve caos, deixamos de saborear a delicia do sucesso tanto pessoal quanto por veses profissional, a acomodação em todos os sentidos de vez em quando precisa ser revista, analizada, sentida, milimetrada, o que estou fazendo comigo? Mereço viver assim? Tentar é válido? Tenho medo de sair pra margem ou tenho piedade demais para comigo e prefiro ficar agarrado(a) a insignificantes valores, que de algum modo não preenchem minha vida?
Alguém ainda concordou comigo, quando falei, -vou escrever sobre o caos. Aqui estou, cumpri parte da missão a outra parte... Anjos virão e com certeza dar-me-ão a inspiração necessária, uma vez que apenas a eles foi doada a sabedoria do encantamento, ao poeta, cabe esperar por estes minutos de ação celestial, onde o bom é deixar-se enlevar e embebedar-se das coisas vindas da inspiração, fica a promessa de aproveitar desta visita o melhor que puder.
Beijos de PAZZ.

Por Wcastanheira. Num final de tarde, ainda ligada ao inicio do dia!!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

MENSAGEM DE PAZZ

Quando por ventura te encontrares triste, busca em Deus teu alento, pode ser que nas coisas materiais da vida teu desaponto aumente ainda mais, portanto na hora da alegria, abre tua porta, escancara teu coração, não te venhas preocupar com contagem alguma, deixe-os provar das delicias do teu convívio, porém na hora da tua tristesa deixe a mesma porta aberta e conta com carinho cada um deles que contigo estiverem, mas nao marques aos faltantes, pensa, analiza, pode ser que teu comportamento esteja voltado, esteja muito direcionado para momentos vazios, fúteis que em nada acrescentam ao nosso bem viver, busca em ti o motivo das ausências, mas não te culpes, apenas e tão somente aproxima-te um pouco mais de Deus, pois nele repouzam todos os motivos para realmente viveres uma vida feliz.
Porém se teu dia não foi dos mais felizes busca na oração e na ação, a forma de construiir ainda hoje tua felicidade.
Sorria, mas jamais esqueça que o sorriso só como exercício já é válido, mas que sorrindo com alma e coração fica mais fácil construir um mundo melhor.

Momentos de fim de tarde, pra deixar uma mensagem pra você!
Por Wcastanheira

Mais uma preciosidade do Davi Coimbra, meu peixe!!

Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2008
Crônica - Davi Coimbra

Hoje vou postar uma crônica de um dos meus autores preferidos, o David Coimbra, que também mantém um blog, o Blog do David.

Ela ou a bola?
Lá estávamos nós, aquela turma de malandros de subúrbio, gingando pelas ruelas do IAPI feito gatos vadios. Caminhávamos sem destino, falando bobagem, fazendo visagem, chutando lata, troçando um do outro. Quando nos aproximávamos do campo do Alim Pedro, deparamos com aquela turma. Não chegavam a ser nossos inimigos, como os neguinhos da Frei Caneca, mas eram rivais sérios, especialmente na bola.
Aliás, eles estavam com uma bola, artigo raro na época. A deles era uma lindeza, número 5, de couro, gomos pretos e brancos, reluzia de tão novinha. Deu água na boca ver aquela bola. O Ronifon era quem a conduzia debaixo do braço, com todo o cuidado, como se fosse um nenê, acho que não queria nem deixar que ela tocasse o chão, para não gastar.

Olhamos para eles, eles olharam para nós. Olhamos para a bola. Eles:
— É virgem.
— Ninguém jogou com ela ainda?
— Nunca foi chutada.
— Que tesão.
Fomos desafiados para um joguinho. Era mais do que um joguinho, na verdade; era um clássico. Eles eram de edifícios vizinhos, vivíamos nos estranhando, jogar contra eles era jogar um Gre-Nal. E ainda mais com aquela belezura daquela bola! Claro que topamos, topamos na hora. Só que tinha o seguinte: eu estava de chinelo. Não dava para enfrentar uma partida daquelas de pés descalços.
— Vou lá buscar meus guids! — anunciei, enquanto os outros gritavam, aflitos:
— Vai depressa! Vai depressa!
Saí correndo pelos paralelepípedos, voando entre os prédios amarelados da vila, os chinelos fazendo schlep, schlep, eu ia que ia rindo, até já sentia a sensação de meter um lançamento de três dedos naquela bola tinindo de nova, a bola fazendo um som seco, tuf!, e caindo direitinho no pé do Jorge Barnabé, lá na ponta direita. Corri, corri, estava quase chegando em casa, quando a vi.
Alice.
Sentadinha num banco de pedra da calçada, sozinha, dentro daquele shortinho branco que ela tinha, um shortinho pequeno, que deixava as bochechas das nádegas à mostra, o dorso coberto só com uma blusa leve, de alcinha, também branca, as pernas compridas e morenas cruzadas indolentemente, Alice ali, vendo o mundo passar sobre o asfalto quente da Plínio, uma luz distraída zanzando em seus olhos negros, Alice balançando o pezinho número 35, o chinelo pendente do dedão delicado, um dedão que parecia uma salsicha minu de tão saboroso, Alice, Alice, Alice, que oportunidade me surgia naquela tarde de verão, parei.
Tinha de parar. Dei uma brecada para restabelecer a respiração, estacionei em frente ao banco dela e ciciei:
— E aiam?
Ela me olhou:
— Ó.
— Sozinhazinha?
— É...
— Posso?
— Claro.
Claro! Ela disse claro. Claro é sinal de aprovação entusiasmada. Não é um "pode" ou um "senta aí", claro significa mas é evidente que fico feliz com a tua companhia, gostosão, é isso que claro significa.
Sentei.
E comecei com aquela conversinha. Ela ria e eu me entusiasmava, que é aquilo: o caminho para o coração de uma mulher é fazê-la rir. Já estávamos há uns 10 minutos na charla, aí lembrei: o joguinho! Não podia deixar os guris na mão, tinha que ir buscar os tênis e voltar para o campo. Eles deviam estar lá me esperando, ansiosos. Não começariam o joguinho com um a menos. E, além do mais, tinha aquela bola novinha, eu precisava jogar com aquela bola estalando de nova.
Mas ao mesmo tempo... Olhei para a Alice, tão linda. Como podia perder aquela oportunidade? Era a primeira vez que conversava com ela a sós, cara a cara, sentindo o hálito de chocolate branco dela, sentindo aquele cheiro de morena-jambo, cheiro de maçã verde e pimenta, cheiro de oceano.
Mas os amigos... Afinal, de mulher a gente troca; de amigo, jamais. As mulheres passam, os amigos ficam. As mulheres, elas dormem com você, elas partilham o teto com você, elas têm as maiores intimidades com você e, depois, vão embora e se tornam inimigas e falam mal de você e lhe cobram pensão. Os amigos continuam, os amigos nunca o abandonam, os amigos o aceitam como você é, um homem tem de valorizar os amigos. Mais até: homem que é homem não deixa mal os amigos. Homem que é homem coloca os amigos acima de tudo. Porque os amigos se entendem, os amigos se conhecem, os amigos compreendem tudo!
E foi o que me fez decidir. Fiquei com a Alice, é claro. Depois, os guris iam ter que entender. Os amigos compreendem tudo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

SE HOJE....

Se hoje, eu falasse de saudade, falaria do teu cabelo dourado, lembraria da tua pele alva e talvez do teu sorriso largo, franco e de todas as formas delicado.
Se hoje, eu escrevesse sobre, saudade, talvez não falasse do poeta, mas quem sabe agradeceria aos anjos por terem me lembrado de ti.
Se hoje, eu pensasse em saudade, nem lembraria dos teu beijos, mas com certeza sofreria lembrando dos teus delicados toques, das tuas longuineas mãos e daquelas conversas longas e d'outras tão fragmentadas, do teu modo brejeiro, do calor do teu abraço.
Se hoje, só por hoje, eu sentisse saudade, sequer lembraria, da tua face bonita, do teu corpo esguio ou quem sabe do teu contorno tão feminino, da tentação que é sempre chegar tão perto, sentir teu aroma e não te poder tocar, apenas e sempre, adimirar
Se por agora, neste momento, eu sentisse saudade, talvez nem tivesse do que falar e muito menos sobre o que escrever, ah, mas que tolo sou, que não permito-me a este sentimento, tão vazio de vaidade, tão vazio de orgulho e tão cheio de quase pranto, pobre poeta, com tantos motivos para viver, busca meios para quase morer.
Após um dia de exaustivo trabalho, olhei o mar, mirei o céu, adimirei o horizonte e em tudo, mas em tudo mesmo, vi um pouco de você, mas mesmo assim insisto em dizer, que não sinto, saudade.
Se por esta noite, mas só por esta noite a suadade vier visitar-me, direi que não a conheço, a dispensarei, pois meu coração há de insistir que jamais a viu, percebeu ou sentiu, e... então mandarei a saudade embora, mesmo porque tenho a certeza de que amanhã a terei comigo e novamente insistirei em não reconhecê-la.
Mas se por acaso o telefone tocar, se por acaso a porta bater, se por ventura você chegar,
não repare na desordem desta casa, não critique o desarranjo de tudo, tenha piedade, alinhe os tapetes, acomode as cadeiras e vá tomando o lugar que sempre foi teu,
cale, adimire, analize e... não fale de saudade, não comente sobre distância, sequer toque na palavra abandono, pois tenhas a certeza, foram sentimentos que jamais experimentei.
Se por algum motivo, me avistares triste, talvez seja com saudade da nossa roseira amarela que morreu, pode ser também a causa da minha tristesa, a desordem da nossa casa, fiques em paz, minha solidão jamais falou em saudade.
Se hoje, ainda hoje, Deus a mim conceder a graça de tocar teu corpo, não direi do pranto derramado, não falarei das poesia mal escritas, nem das rimas de dor com amor, de tanto com pranto ou de felicidade com saudade, não falarei da rima de clemencia com ausencia.
Se por hoje, só por hoje, eu sentir saudade, terá sido por uma casualidade.
Se por hoje, só por hoje, eu vier a chorar, terá sido uma dessas coisas que ninguém sabe explicar, porque chorar?
Se acaso meu sono não vier me visitar, não terá sido tua ausência o motivo.
Mas... se a morte amanhã, para mim for uma verdade,
por certo, foi pela tua imensa suadade.

Poemeto, de um final de tarde, para uma musa encantadora, coisas da visita de um anjo!!
Por Wcastanheira

FELICIDADE. Do amigo Davi Coimbra

Sexta-feira, 20 de Junho de 2008

DAVID COIMBRA
coluna de hoje do Zero Hora, como sempre muito bem escrita, e com um assunto pertinente
Abaixo a felicidade

É que a felicidade é superestimada. Desde Freud isso, embora, claro, Freud não seja culpado.As pessoas querem ser felizes, ponto. Quando você pergunta para alguém:- O que você quer para o seu filho?Essa pessoa invariavelmente responde:- Quero que ele seja feliz.Depois, a criança cresce e os pais vão repetindo:- O importante é que você seja feliz, meu filho. Você está feliz? Você tem que ser feliz.A felicidade é o fim em si. O objetivo da vida.Trata-se de uma distorção rasteira. É como alguém dizer que trabalha para ganhar dinheiro. Quem trabalha para ganhar dinheiro provavelmente não ganhará dinheiro com o trabalho. Um teorema simples: ganha dinheiro com o trabalho quem trabalha bem, trabalha bem quem tem prazer com o que faz. Logo, quem tem prazer com o que faz ganha bem. Uma redução, sei, mas é para resumir que servem as reduções.A felicidade, se promovida a objetivo de vida, tudo o mais fica subordinado a ela. A pessoa luta por sua satisfação, o resto fica em segundo plano. Os outros ficam em segundo plano. Os valores da pessoa são ela mesma. Então, vale tudo para a obtenção da felicidade.O filho daquele pai que lhe repete que o importante é ser feliz, por exemplo, já crescidinho ele passa em frente ao orelhão e pensa: esse telefone ficaria bem no meu quarto, meus amigos achariam muito engraçado. Aí ele vai lá e arranca o fone. Leva-o para casa, orgulhoso.E o pai, ele desliza com seu carro pela cidade mastigando um Amor Carioca. Não sabe o que fazer com a embalagem do bombom e conclui: ah, o meu carro é que não vou sujar. Sem vacilar, abre a janela e atira a bolinha de papel no asfalto. A cidade não interessa, porque os outros não interessam.Esses mesmos personagens, pode chegar um dia em que eles ocupem algum cargo público. Pode ser que um dia lidem com o dinheiro público. O raciocínio deles não mudou, eles ainda acreditam que nada vale mais do que sua própria felicidade. E aquele dinheiro, afinal, é dinheiro de ninguém. Bem como a via pública e o fone do orelhão são de ninguém. Assim, por que não tomá-lo, o dinheiro público, e satisfazer seus desejos e realizar seus sonhos e, enfim, ser feliz?Os corruptos do Brasil, tanto quanto qualquer egoísta satisfeito que senta ao seu lado no trabalho, eles só querem ser felizes.Os corruptos brasileiros são uma chaga, mas também são uma bênção. Sobretudo para o gaúcho. O gaúcho acostumou-se a analisar o mundo com uma singeleza comovente. O gaúcho é contra ou a favor, é pelo sim ou pelo não, acha certo ou errado. Não é por acaso que a rivalidade Gre-Nal é assim acérrima. O gaúcho gostaria que a vida fosse um Gre-Nal. Bastaria escolher um lado, lutar contra o lado oposto e, pronto, não seria mais preciso pensar no assunto.Mas, não. A vida é um pouco mais sofisticada. As carroças atrapalham o trânsito e maltratam os cavalos, mas os carroceiros precisam sobreviver; o MST é violento, mas a questão dos sem-terra tem de ser resolvida; o Brasil depende da agricultura, mas a Amazônia há que ser preservada. Tudo tão complicado... Porém, se há corruptos, o quadro fica mais claro. Pode-se ser contra os corruptos, eleger os corruptos como culpados e dormir tranqüilamente. O problema é quando os valores da sociedade geram a corrupção. Aí fica difícil de identificá-los, os corruptos, porque eles estão em toda parte. Eles estão no meio de nós. E a vida fica complicada de novo

Zero Hora 18/05/2009

Mais vereadores
Talvez tenhamos de eleger, quer queiramos ou não, mais 8 mil vereadores. Com esta verba poderíamos contratar 24 mil professores para educar o povo, ou policiais que zelariam pela segurança deste povão tão desprotegido, são pessoas que movem a nação, que podem fazer deste país um lugar melhor de se viver, pasmem. Teremos que doar a grana para novos parasitas, salve, salve a pátria amada.

Wanderlen Borges CastanheiraMarítimo – Tramandaí

domingo, 17 de maio de 2009

DIAS ESPECIAIS, AMOR EXIGENTE

Chego de um seminário de tres dias, estudando, meditando, uma forma de entender melhor estas pessoas que dizemos por veses que andam à margem da sociedade, terei feito uma grande loucura, tentar entender estas pessoas que deliram, que buscam outro mundo? Que viajam em espaços siderais, que justificam suas ações movidas por estimulantes quimicos e por veses batem à porta da morte em seus mais loucos momentos? Quem é mais louco, eles por se dizerem extasiados, por estarem com suas mentes turbinadas ou eu por dedicar um final de semana lindamente ensolarado, unido a 450 pessoas para tentar entender estas divagações? Sei lá, posso ter perdido meu tempo, mas acho e sempre acredito que quando faço isto aproveito meu tempo, ganho crédito com Deus, estudo fórmuilas para reaproveitar o ser humano que ainda pode existir dentro de verdadeiras carcaças de carne (muito pouca) e osso, se eles vegetam, como será vegetar? Se eles viajam, divagam, compõe, que estado misterioso é este? É talvez seja eu um louco, mas em meus estudos, em nossas paradas para analizar cada caso, concluímos que vale a pena continuar e aperfeiçoar a luta para reaproveitar pelo menos dez por cento do humano que pode existir em cada um destes malucos, que já foram beleza, hoje resta muito pouco disto em cada um deles, mas entendo que se ainda restar um pouquinho, por menos que seja podemos através do amor exigente, das propostas de amor ao semelhante recuperar uma pessoa que mesmo com um pingo de amor ainda pederá ser feliz e o melhor, fazer alguém feliz, se um maluco voltar à sobriedade já poderemos nos dizer felizes, pois este alguém volta a ser gente e uma coisa é certa, só o ser humano, ama e porque ama, pode dar contribuição para fazer do mundo um local um pouco melhor de se viver, finalmente viver vale a pena, já disse o poeta, e se ele disse, é porque anjos disseram a ele, e em anjos acredito sempre e aguardo suas visitas diariamente, para amar, para entender, para flexibilizar e ... para conseguir perdoar....

quinta-feira, 14 de maio de 2009

É BOM SER GAÚCHO. VC É D+ LETÍCIA, PARABÉNS

4 de maio de 2009 | N° 15969AlertaVoltar para a edição de hoje

LETICIA WIERZCHOWSKI

  • Da nossa timidez secular

    Somos um povo cheio de qualidades. Corajosos desde os tempos do Império, somos seres responsáveis e pra lá de organizados. Gaúcho é sinônimo de trabalhador, e lá nas grandes cidades do sudeste, quando chega um gaúcho numa empresa, pressupõe-se que chega um cara cumpridor. Mas somos tímidos… Ah, como somos tímidos! Dê uma olhadinha num gaúcho e você verá um sujeito afável e retraído. Entre numa fila de cinema no Rio de Janeiro, e entre numa fila de cinema em Porto Alegre, e você verá a diferença. Carioca, um bicho acostumado com pouquíssima roupa e aquele encontro diário na areia, anda sempre encontrando um amigo aonde quer que vá. Carioca não tem conhecido, tem amigo mesmo, assim direto. E fila de cinema no Rio é uma coisa viva, em movimento e mutação constantes. Já a nossa fila é como consta no dicionário: uma série de pessoas dispostas em linha reta, ao lado ou atrás uns dos outros.

    Acontece que o gaúcho é cabreiro. Você vê um conhecido por aí e existe uma chance de 50% de o cara não te dar um oi. Na horinha H, quando vocês se cruzarem, ele vai mexer na pasta, vai pegar o celular, vai desviar dos seus olhos por algum motivo. Fique calmo, você não é chato não. É que gaúcho é um povo mais sutil. Comigo acontece toda hora: eu vejo um conhecido, ensaio um olá, mas nossos olhares não se cruzam. E lá se vai o fulano ou a sicrana sem que a gente tenha se cumprimentado como manda o figurino. Fiz uma enquete com amigos e descobri que o mais comum é isso mesmo, pouco oi por aí. Gaúcho não gosta de jogar conversa fora – até o mate a gente tem que tomar logo, antes que esfrie. Nós, que não crescemos na beira da praia, somos uma gente mais tímida... Talvez por isso, gaúcho goste tanto do Rio de Janeiro.

    Mas, enfim, como escreveu Tabajara Ruas no seu belo romance Netto Perde sua Alma, enquanto o Rio de Janeiro era Atenas, aqui nós éramos Esparta. Não havia Corte, nem bailes, nem comitivas reais. Havia muita peleja nessas fronteiras dançarinas, isso sim. Sem bailes e sem palácios, por séculos vivemos quietos criando gado nas nossas estâncias, ou construindo cidadezinhas réplicas de uma saudosa Europa perdida para além-mar. Não deu tempo de exercitar nosso savoir-faire. Mas sou eu quem está criando caso. Afinal de contas, fila de cinema é para entrar no cinema, não é para fazer social.

sábado, 9 de maio de 2009

QUINTANA em: QUINTANARES ( Que saudades do poeta)

Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos
todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas
as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.
Mário Quintana

B
ILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mário Quintana

SIMULTANEIDADE
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.

Mario Quintana

Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim...
e que valeu a pena.

Mário Quintana

Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos sao pássaros engailoados,
sentimentos são passaros em vôo.

Mário Quintana

A Rua dos Cataventos - II

Dorme, ruazinha... E tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos

Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme, ruazinha... Não há nada...

Só os meus passos...Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...

Pérola de São Lourenço RS

Quem avisa...

Passeando por São Lourenço do Sul, amigo do Informe Especial ficou espantado com a sinceridade dessa placa num poste.

Há alguns anos em lua de mel, por lá, (préhistória), havia visto esta placa, hoje 26 anos após, lá está a placa, por certo os bebuns ainda abundam pela bela Pérola da Lagoa, belíssima cidade hospitaleira e arraigada nos bons costumes, inclusive da boa pinga, um beijo de PAZ pra vocês!!

Wcastanheira.

Zero Hora em 09/05/2009

Você concorda com o fim de vestibular?

Qualquer medida que valorize o 2º grau e acabe com a indústria dos cursinhos é válida. Os estudantes não dão valor ao Ensino Médio. Isso os obrigaria a estudar e a aprender um pouco mais, além de alinhar as possibilidades de ricos e pobres. hoje só as classes mais agraciadas com o poder, conseguem frequentar bons cursinhos, além dealguns professores não ensinarem o oóbvio para que possa ter o aluno mais tarde em seu próprio cursinho pré, onde eles realmente ensinam as matérias, o ENEN sê fiscalizado e bem aplicado, é ótimo.

Wanderlen Borges Castanheira
Marítimo – Tramandaí

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Um final de tarde na praça.

As veses dou-me ao direito de sonhar e nos meus sonhos, delicadamente por veses você me aparece, passeamos de mãos dadas, circulamos por uma praça, com banquinhos, árvores, balanços e gangorras, lago, barquinhos e peixes... e lá andamos de braços entrelaçados, cabeças quase coladas, sentamos num banco qualquer, mas... a partir daquele momento deixa de ser qualquer, pois passa a fazer parte da nossa história de amor, por nós quase desapercebida passa uma linda criancinha, ficamos ali, parados, estancados em nossos pensamentos que de algum modo visualizam nela um nosso futuro possível filho, viajamos demos passos além dos nossos dias, em volta do arvoredo cantam pra nós belos pássaros, crianças andam de um lado para outro, aperto tua mão na minha, sinto o suor quente da sua angústia, sonhamos os mesmos sonhos, planejamos os mesmos planos, traçamos uma estrada quase perfeita ou será perfeita? Minha cabeça torna a encostar na tua, uma nuvem branca, linda, encobre o sol que iluminava teu rosto, te vejo corada, cabelos em desalinho, mas linda, quase angelical de tão sublime é tua imagem pra mim, nossos pensamentos encontram-se em todos os caminhos e vamos andando pela praça, o sorveteiro ainda é o mesmo que assistiu ao primeiro beijo que te dei e com certeza o guarda também sabe contar do dia em que roubei uma rosa amarela pra você, rosas, quero sempre que Deus permita possa eu te dar lindas rosas, mesmo sabendo que diante da tua ternura e do teu encanto, rosas simplesmente tornam-se adornos que desaparecem diante da singularidade dos teus cabelos e teu meigo olhar,ah pobre poeta, como poderei viver, se minha vida parece não ter sentido longe de ti, como poderei acordar, se acordado não encontro a graça do viver sem ti, mas é preciso viver e viver vale a pena, apenas quando a alma já não é mais pequena, são balanços, são gangorras meu amor, onde um dia pela vez primeira te encontrei, onde um dia escondido te beijei, o guarda ainda zela por nós e parece que espera por nós dois, ali no mesmo banco, seguro tua mão na minha e passeamos por entre patos e marrecos, rosas e dálias, orquideas e namorados, paramos um pouco, de leve alinho seu cabelo, enquanto beijo sua face, que já não fica corada como antes, pouso e repouso meu beijo em teus lábios macios e angustiados por este momento, tão delicado e sublime, tão especial e quase angélico e assim... passeamos como dois amantes sem a preocupação do tempo, que nem os amantes de Verona tiveram, mas porque preocupar-se se a cotovia não cantará pra nós, se o tempo, o nosso tempo a nós dois pertence...
Pingos de uma chuva quase imperceptível, parecem querem incomodar-nos, mas... nos acomchegamos, abrimos o s braços do nosso guarda chuva corpóreo e nos basta o abrigo um do outro, são pingos leves, intermitentes que molham nossos rostos, que confundem as minhas das tuas lágrimas já choradas quando falamos em nossa despedida, olho teus olhos, beijo delicadamente tua face rubra, aliso teus cabelos molhados e aos poucos vou fazendo neles uma trança, outra trança... e já não me pareces aquela moça de antes, mas uma boneca com duas chiquinhas douradas, com dois brincos prateados a levemente tocar teu pescoço esguio, beijo teus pelos macios enquanto acomodas teu rosto suavemente ao meu peito quase descoberto, os pingos da chuva molham aos poucos tua blusa amarela, de uma amarelo pálido, suave, delicado, aos poucos vou perecbendo teus encantos de mulher, aos poucos vou sentindo teu calor a enveredar por todo meu corpo, enquanto adimiro a escultura do teu ser, análizo a dependência que tenho de ti, enquanto adimiro cada pingo da chuva a molhar e mostrar teu colo, vou pensando no quanto tua beleza me domina, no quanto tua altivez me faz mais teu, pareces adormecer ao meu colo, a praça já parece ser toda nossa, também pudera, apenas nós ficamos por aqui, apenas nós esperamos para ver os pássaros acomodarem-se, as aves do lago aquietarem-se, de que adinata o relógio da estação marcar as horas que anunciam a noite, se já não temos o poder de dicernir o que é noite e o que é dia, se já não diferenciamos a garoa da chuva alucinada, de que vale o sino anunciar a Ave Maria de um inverno tempestivo se para nós a tempestade do amor invade nossos corações e a paixão queima de forma avassaladora nossas almas, destruindo aos poucos nossa capacidade de perceber o corre das pessoas, o bater das horas ou quem sabe o olhar incriminatório dos passantes, percebo aos poucos teu corpo deixar-se cair com levesa e ternura no meu colo, que a muito te espera, acomodo teus cabelos e pouzo um beijo delicado no teu pescoço nú, lentamente vou acomodando minha mão na tua mão, vou cruzando minha perna com a tua, tão lento que nem percebo que dormes acompanhada dos teus sonhos de menina mulher, só sei que não devo quebrar teu pensamento que viaja nas estrelas, que visita fadas madrinhas, que não vê nem percebe o passar de qualquer hora, que espera um príncipe em seu cavalo branco no qual te levará ao delicioso campo das nuvens do amor, ah, quem dera seja eu teu príncipe, seja meu colo tua nuvem esperada e...
Como é bom sonhar com teus sonhos, viajar nos teus encantos, estar contigo nesta balada vespertina, não te deixar acordar, para não perceberes a hora e o tempo de voltar...
A chuva vai molhando cada vez mais, tua delicate pele, macia, alva me faz delirar, acomodo teus braços ao meu colo enquanto nada me faz cansar de adimirar teu corpo juvenil, somos duas crianças esquecidas das horas, perdidas do tempo, tempo? O que significa o tempo para os amantes? Pra servem relógios, bilhetes, recados, chamados? De nada pra quem vive nosso momento de amor, hão de cantar os pássaros, hão de chiar as corujas, haverá lagum anjo de nos avizar quanto ao final do nosso tempo, se adormecemos na placidez, na calma da flotresta, na docilidade da praça, então que venha o guarda nos acordar, que venha a nova manhã, trazer novos passantes, fazer os pássaros para nós catarolar ou quem sabe a cotovia dos amantes de Verona, estará por vir ao perceber que aqui outros dois amantes, esqeceram das horas, perderam a noção do tempo, estão embriagados, inundados pelo virus do amor...
Como é bom sonhar, talvez o sonho pertença aos mortais e apenas os delírios acasalem-se aos aos poetas, a praça jámais poderá ser a mesma, como ser, se em cada banco, em cada gangorra, em cada balanço sinto o seu aroma e percebo tua imagem, andas comigo no encontro das árvores, estás comigo em cada esquina e o melhor, todos os pássaros na praça cantam pra nós...

UM CONTO INCOMPLETO, QUEM SABE UM ROMANCE NA SUA FORMA EMBRIONÁRIA, NÃO SEI, O Q DAQUI PODE NASCER... UM CONTO IMCOMPLETO.
WBCastanheira.

Jornal Dimensão 08/05/2009


Mar & Motos
Uma bela festa, uma demonstração de habilidades, conhecimentos e infelizmente, muito exibicionismo, de posses e demonstrações inadequadas no comportamento no trânsito, circulou bebida o tempo todo, havia motoqueiros bebendo e saindo para o trânsito e a polícia? Apenas olhando, como quase sempre. Mas a beleza da festa é indiscutível, a vantagem econômica para o município também, o que não entendo, talvez seja muito burro, porque não fazem o encontro no Centro de Eventos? Será que é para desprestigiar o ex-prefeito Rapaki e ao ex-secretário James Souza, os idealizadores da obra? Lá é o local apropriado para grandes eventos. Até quando vamos viver como aldeia, quando vamos perceber que o Centro não é lugar para grandes festividades que alteram, a circulação, o ritmo da cidade? Sr prefeito... Imponha sua autoridade. Ou vai deixar um palco de eventos entregue à destruição pelo tempo? Valorize o que de bom foi construído, grandes festas, e esta é uma imponente festividade, deve acontecer no local apropriado para isto, ou o sr vai atender ao grito da classe dominante? Pense, e tenha um ótimo governo. O sucesso, está nas suas atitudes.

Wanderlen Castanheira Indianópolis

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Você decide!!

Você decide!

E lá se foi a noite, e a manhã me encontrou desperto, aguardando...

Aguardando...Ancioso, inquieto, pernas tremendo mais que a bandeira no mastro da Fiergs em dia de vendaval.Mas nada acontecia. Tudo, tudo parecia tão quieto, mas só parecia, algo era tramado por trás da minha espera.Tudo parecia normal. Será que havia algo errado?
Sentei-me à mesa do café sem fome. Mesmo assim, trinchei uma torrada, tomei um gole de café com leite, subi, escovei os dentes,ao meu lado circulava triunfante com pose de vitoriosa no bigbrother, a gostosa da cozinheira, aquilo é mulher onde o título de gostosa é pouco, é insignificante, não faz juz, sim, ela passa por cima de todos os títulos que conheço, diria que é algo babante, um desbunde de fazer paralizar a geral do Grêmio ou Inter em dia de clássico, já me preparava para sair, quando, enfim, ouvi o que tanto queria ouvir:

- Minhas jóóóóóóóiaaaaas! Óh meu Deussssss, minha jóiassssssssssssss

A voz roufenha de dona Mirtes fez a mansão estremecer, estátua, paralizamos, mas recorremos às forças que Papai do Céu nos deu e aí. Corremos todos escada acima e a encontramos no chão do quarto, a porta do roupeiro aberta e a caixa de jóias vazia rojada no carpete. Dona Mirtes soluçava, de algum modo praguejava, mas em especial soluçava:

- Roubaram tudo! Tudo! As jóias da minha família!!!

Era mamãe pra cá e Mirtes pra lá e calma e calma e traz um copo d´água com açúcar e chama a polícia e que absurdo meu Deus! Tem algum ladrão aqui? Será que saiu, prendam-o, prendam-o!! Em alguns minutos, a polícia chegou com estardalhaço.Sirenes a toda, revólveres nas mãos e o pior, engatilhados, sim, pois engatilhado, significa pronto pra agir, para matar, levar pro quinto dos infernos, pros sete palmos de fundura, pro sujeito comer capim pela raíz, olhei aquilo, quiz fazer de conta que nada tinha visto, mas...Tremi, tremi ainda mais, não sei porque, sequer explicar, mas tremi feito marmelo verde, feito menino mijado antes de dar explicação, mas já vendo o chinelo, imaginando o peso e calculando o tamanho daquela sola, chegou o momento em que, Todos fomos ouvidos. Tentei ser racional em meu relato. Disse que suspeitava dos homens que me haviam assaltado, pouco tempo antes, numa esquina ali da pensão, falei daqueles homens fortes, grandalhões, até mostrei uma marca de mordida no meu cangote, sabendo que bastava olhar os dentinhos da cozinheira pra ver que era marca registrada dela, mas que fazer na hora derradeira, sei lá se eles iam atinar a olhar os dentes da cozinheira, mas também quem consegue olhar seus dentes tendo aquele corpo, aquela moldura, aquela boca pra olhar, o sujeito pasma.E eles me ouviram com severidade. Perto do meio-dia, consegui ir para o escritório. Então, fiz o que tinha de fazer: levei as jóias ao agiota, paguei a dívida e ainda consegui mais algum para repor o desfalque no caixa da empresa. Sei que ele saiu ganhando,nesta situação eles aproveitam para explorar um pobre coitado, uma pobre e desesperada vitima de extorção e da força maquiavélica das mulheresas, ah mulheres, ah mulheres, sempre elas o que fazem comigo, elas teem o poder, a forma inimaginável quando estão diante deste pobre mortal, mas que sei usar quando são gostosas isto sei, o pior é que no final, elas sempre elas saem ganhando, as jóias valiam muito mais do que eu devia, mas não estava em condições de negociar, de regatear qualquer coisa naquele mísero momento.

Quando voltei para casa, soube da notícia: Laércio havia sido preso, os homens o levaram para o xilindró, ia ver o sol nascer quadrado. Descobriram o colar ( a parte dele), em sua gaveta e o levaram algemado. Chantagista desgraçado. Ele bem que mereceu!

Portanto, minha situação ficou assim: continuei com meu casamento e com meu emprego,preservei minha esposa e salvei a dignidade de um homem de bem, todos pediam a minha opinião sobre o fato, perguntavam o que eu achava de tamanha violência contra o patrimônio alheio, se tinha pistas, coisas assim deste tipo, continuei morando onde morava e com as perspectivas profissionais que tinha antes de todas essas aventuras. A cunhada? Bem, essa eu não sabia se teria de novo, a cunhada, tão perto e tão insabida propriedade, uma cunhada igual a minha, companheiro, faz fiel escudeiro tremer na base, faz guardião da Pátria ter duvidas sobre se abandona um pouquinho a guarda ou não, ah minha doce cunhada Será que ela seria fiel ao grandalhão, aquela babaca, aquele cegueta? Duvido. Mas será que continuaria se interessando em mim? Um mistério.

A cozinheira? Dessa vou falar em seguida.

O fato é que cometi adultério com duas mulheres diferentes, sendo uma delas minha cunhada e a outra a cozinheira da casa em que morava,cozinheira, não, monumento histórico nacional, obra digna de tombamento pela beleza escultural da humanidade, tudo isto justifica meu desequilibrio, meu ato inseguro, meu atentado violento ao pudor familiar, justifica minha quebra de regra, minha ruptura com as estruturas sociais do bom comportamento, aquela não é mulher, é coisa fatal de outro mundo, mas... roubei, fui autor de um desfalque na empresa em que trabalho, enganei a todos e coloquei um homem inocente na cadeia. Admito: fiz tudo isso. Mas, considerando as circunstâncias, fiz errado? Como você agiria, se por caso pintasse uma chance desta grandiosidade?

Diga-me você: você resistiria à cunhada sedutora? Não? E, se não resistisse e fosse pego, como fui pelo mordomo,ali, sem chance de gritar, de ameaçar, de pedir socorro, calça em baixo, aquilo naquilo, bunda na janela, praticaria desfalque para pagar a chantagem? E, se o plano de lucrar com o desfalque falhasse, roubaria para se safar? Incriminaria um homem inocente, ainda que esse homem tivesse tentado lhe chantagear? Você faria isso tudo? Seja meu juiz! Estou esperando serenamente seu veredicto. Aguardo seu comentário.

Talvez você desaprove que eu, tantas vezes pecador, tenha saído de todas essas aventuras e desventuras sem punição. Pois garanto: não foi exatamente isso que ocorreu. Porque um dia depois da prisão de Laércio, ela veio me procurar.

Ela. Soninha.

A cozinheira.

Fez um sinal para que eu saísse da sala em que lia a última Ele e Ela, com a Sândi nua na capa. Segui-a até um dos banheiros da casa, como aquela casa tinha banheiros, Jesus Cristo! Foi então que Soninha miou com sua vozinha de arroz-com-leite, ela ronronou com aquele tipico miado de gatinha manhosa, ela tripudiou com minha resistência, ela veio suavemente e nocauteou-me, jogou-me às cordas e ainda pisou-me no pescoço na lona.

- Seu Rildo, eu queria lhe falar sobre tudo o que aconteceu...

Senti o peito se me oprimir.- Tudo o quê? Mas, como, tuuuuudo?

- Tudo: o que houve entre nós, a prisão do Laércio, as jóias roubadas, aquela tarde...

Comecei a compreender o que ia acontecer. Estava nas mãos da cozinheira. Ela podia me chantagear de diversas formas: podia contar que a possuí, podia contar do roubo das jóias, podia me desgraçar definitivamente. Finalmente ela podia tudo e eu? Tudo precisava fazer para que ela não passasse a ser uma ex amiga, uma ex amante, já pensou no poder das ex? São enexplicáveis que o digam os homens de Brasília, eles sabem muito bem o quanto destrói uma ex bem intencionada. Suspirei.Levitei e desci ao plano chão.

- O que você quer, Soninha?

- O senhor mesmo disse que ia me dar uma boa recompensa...

- Quanto, Soninha? Quanto? - já estava me acostumando a lidar com chantagistas, seria apenas mais uma...

- Bom... Acho que tudo ia ficar bem com uns duzentos mil...

- Duzentos mil?!?! Duzentos mil, Soninha?!?!?!!!! Tá delirando, viajou na mioneze, desce Soninha, pensa bem, duzentões!!

Olhei para ela. Seus lábios carnudos sorriam levemente. Debochadamente. Seus grandes olhos castanhos coruscavam de satisfação, suas pernas lisas e macias batiam uma na outra a me provocar e quando em vez, cruzavam deliciosamente uma por sobre a outra e Soninha, balançava maldosamente aquele corpo que um dia foi meu, ali, bem ali naquele maldito ou bendito (sei lá) banheiro amarelinho, de leve, bem de leve mordiscava aqueles lábios molhados, que um dia suguei com toda minha vivacidade, passava delicadamente sua língua aveludada só para me provocar, para tontear a vitima antes do golpe fatal, para paralizar a pobre refeição antes do ataque fulminante e destruidor.. Ela sabia que eu não tinha saída. Sabia que havia me derrotado. Fechei os olhos. Abri-os. Olhei para cima. Para o teto do banheiro. Para o firmamento. E pensei, em desespero: o que fiz de errado para merecer tanto sofrimento? Me diga: o quê???


P/pequenos contos de Paquetá. RJ

Por: WBcastanheira

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A beleza do batom, daquele dia.

Seria mais um dia de trabalho, tranquilo, em paz, e foi em paz, ao chegar as coisas pareciam normais, e estavam normais, numa grande repartição o entra e sai de pessoas é normal, dia agitado, mas, normal. Um sol muito bonito despontava ao leste do oceano Atlântico, pequenas garças revoavam no horizonte, logo ali mergulhões e pequenos pássaros disputavam pequenos peixes, pescadores tentavam de algum modo conseguir sua cota diária de peixes, alguns cachorros magros completavam a cena bucólica do pequeno quadro, pessoas entravam apressadas, mostravam seus pertences ou não, finalmente nunca entendi quando alguém e porque alguns os mostram e outros não, ao passar por ela, sim ao passar por ela, não passei, parei, congelei, sabe aquela brincadeira, estátua? Estatuei, não consegui segurar minha adimiração pela beleza do seu corpo e pela encantadora e tentadora boca, ornada por um batom de uma cor carmim inigualável, seus lábios voltaram-se aos meus olhos propositalmente molhados, umedecidos, escandalosamente provocantes, paralizei, tonteei, fiquei ali embasbacado, se o corpo, os olhos, os cabelos já me fazem parar, o que dizer daquela boca molhada, entreaberta, o que dizer do suave lamber daquela língua parecendo aveludada e macia, saindo e entrando suvemente com movimentos delicados extasiantes, atraentes, provocantemente sexuais, naquele dia, não consegui trabalhar direito, as coisas não fluiam, a cabeça não via os conteúdos, as mãos não seguiam o compasso normal de um comando, como dizer então que o dia era normal?As pessoas seguiam como todos os mortais, como todos os viventes a cumprir suas missões, mas eu, não conseguia, seu batom, aquela boca maravilhosa, não me deixou parar quieto, por várias veses voltamos a conversar, mas dialogos cortados, conversas fragmentadas, por telefonemas, perguntas, visitas, um clima completamente oposto àquele que eu desejava para nós dois, voltava ao escritório, o telefone toca, alguém por mais importante que fosse, em nada conseguia mover minha intenção de bem atender, minha cabeça, meu pensar, meu todo estava naquela boca, naquele batom, carmim suave, delicado, num tom muito próximo do irresistível, não parei de pensar naquela boca molhada e tentadora, estava diferente de outros dias, de outros momentos, tentamos conversar um pouco, não me contive e elogiei de modo profundamente apaixonado, seu batom, -que linda esta cor de batom. _Ah, nem notei, só procurei um diferente, tu gostou éh?
Se gostei? Apaixonei, tu não imagina o quanto ficastes diferente e ainda mais linda.
-Ah, são teus olhos, tô sempre igual
-Pra mim não, cada dia te vejo de um modo diferente e idealizo de um modo diferente.
-Então, hoje como tú me vê?
-Ah, linda, este batom tá demais, fico tonto, te vejo com um vestido amarelinho, de alcinha no ombro, assim, com as costas nuas e um decote, delicado, alinhado, viu? Nada de mostrar tudo, um vestido até o joelho, não, um pouquinho acima e um sapato preto com uma meinha branca com detalhes amarelos, curtinha.
-Noooossa, pra ti vou ficar uma mulher amarela
-Ué, vai ficar ainda mais linda...
O malvado do telefone toca, mais uma interrupção na minha trajetória de investimento, mais um diálogo fragmentado, como escolher a hora exata de dizer, te amo? Te amo precisa ter momento certo, clima ideal, preparação, muita preparação, se na hora exata em que eu disser,- sabe que eu te amo muito; toca o telefone, chega alguém, quer maior motivo pra ela escapar pela tangente, saiar de fininho, depóis se fazer de esquecida, e ter que recomeçar toda a liturgia do, eu te amo e o meu tiro, mirado, apontado, preparado, sair pela culatra? não poderia ser ali, naquele local o lugar de eu dizer o esperado, eu te amo, era preciso aguardar, ter calma, muita paciência, centralizar, agendar um momento para tal evento acontecer.
Pensando bem, tú já pensou, já arquitetou um lance desses? Já sentiu correr no sangue, fluir nas veias, o momento de um, eu te amo? É muito forte, é como cobrar um penalti em jogo de zero a zero, aos 45 minutos do segundo tempo, tudo pode ser decidido naquele lance, tudo pode depender do teu equilíbrio, da tua segurança, naquele momento que pode ser de glória, de vitória pro resto da vida ou pode transformar-se num momento fatídico, lamentável, dificil de esquecer, não, com certeza um, eu te amo, não pode ser dito numa esquina qualquer, numa porta de fábrica, numa mesa de escritório, ao lado de um telefone, nem pensar, telefones são os maiores adversários do, eu te amo, aliás telefones jamais deveriam estar próximos de pessoas que pretendem dizer um, eu te amo, numa portaria de empresa, como dizer, eu te amo? Juro, tu não consegue, bem, dizer até que dá, mas dar o tratamento, o pós eu te amo, e este pós é tão importante quanto o exato momento do, eu te amo, aí é que reside o nó da histórinha, imagina eu nesta situação, aquele batom maravilhoso, aquela boca estonteante, aquele corpo de boneca Suzi e eu ali, pronto, ensaia do para dar a ela toda a chance de dizer-me, - eu também, te amo, quanto tempo esperei por isso.
Mas entra peão, sai peão, toca telefone, entra carro, sai carro, e eu ali com o meu, eu te amo, engasgado, trancafiado, cabeça abaixa, passos lentos, olhar distante, vago, perdido na imensidão do oceano que desponta, a olhar sem pressa os barcos que entram, os barcos que saem, lá vou eu, novamente pra aquele escritório, aquele computador, fazer não sei o quê, se nada do que é meu atende meu comando, se estou perdido por aquele batom.
Num outro dia a vagar pela praia, dia de sol, folga geral, sem jogo do Grêmio, sem arquibancada, lá ando eu a vagar pelas ruas quase desertas de uma cidade abandonada, alguns namorados desfilam abraçados, quanto batom desperdiçado, eu, ali, alimentando meu sonho, vivendo meus delírios, a praia calma, transparente, o mar delicadamente sobe e desce a margem, molhando meus pés desnudos a caminhar por uma manhã qualquer, eis que toca o telefone, ah, o telefone maravilhoso companheiro dos solitários, ah, o telefone o único que naquele momento pederia me fazer uma boa companhia e dar-me notícias, -Alô, bom dia, quem fala?
-Eu
-Eu, quem será a dona desta vóz tão macia?
-Não conheces, arrisca
-Garanto que é a dona de um batom lindo, que talvez hoje esteja usando um vestido amerelo de alcinhas?
-Errou, é verde, adorei, meu predileto, comprei pra nós
Tremi, aquele pra nós, soou como trombeta em quartel de bombeiros em prontidão, como o toque do clarim anunciando a alvorada da tropa, não sei se gelei ou queimei, mas com certeza estremecí.
-Pra nós?
-Claro, lembra de ontem, a gente combinou de sair hoje, ah, não vai dizer que esqueceste?
Juro, quase fiz um charminho, mas nós, homens, temos medo da fazer isto, elas adoram, sei lá talvez seja insegurança.
Claro que não, né? Tô aqui andando na praia te esperando
-Tá tchau
E desligou, e agora, pensei eu, ela não disse onde estava.
Mas par minha surpresa estava ali, pertinho, quase atrás de mim, quase no meu calcanhar, quando tentei virar tive meus olhos cobertos por duas mãos longas, com dedos delicadamente finos e longuineos.
-Adivinha quem é, e ganha um beijinho, erra e não ganha nada
-A dona do batom mais lindo que já ví e agora quero conhecer o sabor
Voltei-me e ela enlaçou-me no enlace mais profundo e mais forte que já experimentei, ficamos ali, entre beijos e abraços, o tempo passou e não notamos, sei lá porque, não notamos as pessoas, não notamos a beleza da praia, o contraste maravilhoso de uma manhã de sol brilhante, num dia de sol as coisas mais importantes da nossa vida aconteceram, estaria ela com aquele batom? Não sei, quando olhei extaziado o contraste do verde do mar com o verde dos seus olhos, ví apenas a linda cor natural da sua boca, seu vestido verde seria menos bonito que o sonhado amarelo com alcinhas? Não sei quando tentei olhar a beleza do seu vestido, fui novamente envolvido por abraço e um beijo tão apaixonado que até hoje ainda não me permitiu acordar.

Por: WBcastanheira
Numa tarde em que a inspiração veio vizitar-me, foi possível cumprir uma promessa feita a mim mesmo, obrigado Anjos que descem e sobem ,aos poetas cabe apenas segurar suas asas.

Zero Hora 01/05/2009

01 de maio de 2009 | N° 15956AlertaVoltar para a edição de hoje



  • Os textos do presidente da OAB-RS, Cláudio Lamachia, e do jornalista Júlio Mariani (ZH de 22 de abril) são ótimos, didáticos, explicativos, claros, não deixam dúvidas sobre as gastanças dos políticos do Senado, da Câmara e da Assembleia e até dos vereadores, cada linha mostra o conhecimento e a profunda vontade destas pessoas em fazer, construir um país melhor, mais honesto, enfim um lugar bom para morar criar e educar nossos filhos.

    São matérias escritas com propriedade e inteligência. Acredito que estão prontas para serem levadas à sala de aula, mostradas a nossas crianças para que saibam como não devem se comportar caso venham um dia a ser políticos.

    Wanderlen Borges Castanheira

    Marítimo – Tramandaí

AMIGO DAVI, UM PRESENTE P/NÓS

01 de maio de 2009 | N° 15956AlertaVoltar para a edição de hoje

DAVID COIMBRA

  • Os velhos da cidade

    Não estou preparado para a velhice. Cheguei a tal conclusão ao fazer aniversário, dias atrás. Na verdade, chego à mesma conclusão em todos os aniversários, desde os oito anos de idade.

    Bem. Um dia depois de tecer essas reflexões inquietantes, fui viajar e ouvi a seguinte frase do serviço de som do aeroporto:

    – Clientes da melhor idade têm preferência no embarque...

    Que história é essa de melhor idade? Se eles estão na melhor idade, por que o privilégio? Privilégio precisam os que estão na pior idade. Aquela loira de 19 anos que ali vai caminhando sobre duas longas pernas de garça, duas pilastras de carne rija revestidas de pele macia, sem um vinco, sem um naco fosco, pernas de louça reluzente, aquela menina fresca como as manhãs de outono, com sorriso de hortelã e olhar coruscante, ela é que está na pior idade. Ela é que merece privilégios. Por favor!

    Melhor idade. Velhice, digam o nome. Se tudo der certo, se tivermos sorte, todos envelheceremos, inclusive os que não estão preparados para isso, como o degas aqui. Aí, qual é o problema? O sujeito é velho, tudo bem. É novo, tudo bem também. Dizer que o velho está na melhor idade é o mesmo que dizer que ele está na pior idade. Tipo:

    – Como você está decrépito, putrefato, quase morto, como as pessoas olham para você com desdém e as mulheres riem das suas ridículas pretensões amorosas, vamos lhe dar um consolo: vamos fazer todo mundo dizer que você está na melhor idade.

    Um velho não precisa de elogios à sua idade. Precisa é de uma vida digna na velhice. Por exemplo: a cidade em que ele mora não pode lhe ser hostil. Ontem mesmo estive em uma cidade na qual vi velhinhos caminhando pela rua de braços dados, sentados nos bancos de madeira, conversando ao ar livre sem medo. Curitiba. Aqui pertinho, 55 minutos de Sete Meia Sete. Que inveja senti. E não foi inveja branca. Foi inveja corrosiva, amarga. Pensei: esses paranaenses falam pourco e pourta e queriam ser paulistas e constroem uma cidade dessas...

    Invejei-os, sim. Invejei, sobretudo, o Centro de Curitiba.

    O bairro mais importante de qualquer cidade é o Centro. Porque o Centro é de todos, por lá passam os moradores da periferia e os dos condomínios fechados, por lá passa até quem não vive na cidade, como o turista ou o visitante acidental. O Centro de Curitiba é limpo, arejado, organizado, iluminado e seguro. As pessoas convivem no Centro de Curitiba. De dia, circulam entre lojas e repartições públicas; à noite, riem nos bares, cafés e restaurantes, e arrastam os sapatos pelas calçadas irrepreensíveis.

    Em Porto Alegre, diz-se que o calçadão é um atraso, que uma cidade não pode prescindir do automóvel, como o corpo humano não prescinde do sangue a circular pelas veias. Mas em Curitiba o calçadão funciona, é um espaço civilizado de encontro, todos estão lá, crianças, adultos e o pessoal da melhor idade.

    O Centro de Porto Alegre é até mais bonito do que o de Curitiba. O traçado sinuoso das ruas, a arquitetura irregular dos prédios, o que há de torto em Porto Alegre a transforma numa cidade mais autêntica do que Curitiba. É uma cidade com história, Porto Alegre. As marcas da vida nem sempre fácil estão em cada uma das suas velhas paredes, das suas esquinas escuras. Mas Porto Alegre relegou seu Centro. Abandonou-o. Quem tem coragem de circular à noite pelo Centro de Porto Alegre? Eis aí a medida. A prova definitiva. Quando o porto-alegrense voltar para o Centro, a cidade estará redimida. Todo porto-alegrense. O rico, o pobre, o remediado e, principalmente, o velho. Quando o velho retomar o Centro, Porto Alegre estará, enfim, desfrutando a sua melhor idade.