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domingo, 1 de setembro de 2019

Apenas adeus!!



E no meio dessa confusão você partiu sem se despedir; foi triste, mas se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão, é melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais, eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação de perdidas discuções.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito, tipo não vai encontrar ninguém melhor que eu.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz, pois vivemos felizes, que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Ainda mantemos lá no cantinho do pensamento uma profunda esperança.
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um destino conosco, tão cruel.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve uma despedida que não devia haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada, tentar mais um pouco,  para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra
perdido numa tarde de domingo, um adeus e  quem sabe num dia destes a gente se reencontre.

POR: Wcastanheira  Em delírios do poeta, hoje assim delirando nestas coisas que a vida nos apresenta. Pra vcs bjinhos e bjinhos.

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