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sábado, 15 de agosto de 2009

As férias de Fernandinha

Fernandinha andava verdadeiramente cansada, precisava entrar em férias, a vida naquele escritório deixava-a exausta, estuda projetos, analisa desenhos, aprova, reprova, enfim um caos, isto mesmo um caos, ainda precisa aturar com bom humor piadas, cantadas vindas dos menos esperados homens da cidade, Fernandinha, não limita-se a ir ao trabalho simplesmente vestida, ela abusa da criatividade, ela desnuda-se cada dia, suas saias são um apelo ao ato carnal em si, a barriguinha delicadamente à mostra uma cor levemente branquinha, uma brancura no tom exato, a generosidade dos decotes dela é algo encantador ao olhar até mesmo de um eunuco palaciano, ao sentar deixa à mostra suas beldades, com uma maldade extraordinária, Fernandinha sabe como poucas ser uma menina mulher atraente e sedutora.
Num final de tarde, após um passeio á beira do Arroio Dilúvio, com seu marido Pé de valsa, Fernandinha, desabafa em melosa lamúria.
_Sabia que estou entrando em férias, amor?
_Férias? Pra que férias, Fê?
_Ah, não agüento mais aquele escritório preciso respirar um gás novo, amor, falou quase chorando, com aquele ronronar típico das gatinhas manhosas.
_Então tá, aproveita prá botá a casa em ordem , ela tá precisando duma presença feminina mais ostensiva...
_Ah amor, não acredito, já telefonei pra Licinha vou primeiro tirar uns dias em Sampa, no Guarujá, o AP dela, tá um arraso, lá eu descanso e volto novinha em folha só pra ti, e lá se foram os dois, não sem antes dar uma passadinha no shoping para que Fê possa fazer umas comprinhas pra viagem,
No domingo final de tarde, lá está o casal no aeroporto a esperar o vôo para São Paulo, seis horas, hora da Ave Maria, hora em que peão e patrão fazem a mesma genuflexão aos Santos, ela, embarca em vôo direto ao seu descanso combinado, bela, delirante, num sapato alto , salto agulha, um vestido branco com detalhes em azul claro, deixava-a muito elegante, uma blusa delicadamente aberta ao peito, mostrava a beleza e a cor desta gaucha àqueles que gostam de admirar o belo da mulher, seus cabelos como de costume, soltos, levemente caiam sobre seu ombro direito, hoje por opção estavam pretos, de um preto graúna, que deixavam seus olhos verdes ainda em maior destaque, a viagem foi tranqüila, sem sobresaltos...
Chegando em Guarulhos, ela estica suas belas pernas, alinha o cabelo e pega sua malinha pessoal, ao chegar na plataforma de espera, seus olhos iluminam-se, vibra seu corpo todo, ao ver Licinha, uma antiga amiga de escritório em Poa, nada menos bela que ela, Licinha, uma morena de mais ou menos um metro e setenta, quase a altura de Fernandinha...
_Fer-nan-di-nhaaa, que legal tu veio mulher, abraça-me, belisca-me, ainda não tô acreditando,
_Licinha, minha amiga, que sau-da-de, é claro que eu vinha, não podia mais esperar, não tava dando pra agüentar a espera por estas férias, que coisa maluca, ainda bem que chegou este bendito dia.
Logo ali o motorista de Licinha esperava pelas duas, pra seguir viagem pro Guarujá.
_Ah que delícia, não agüentava mais em esperar por este momento, chegar, viajar, estar, pisar na areia daquela maravilha, sentir aquela água verdinha penetrar nas minhas entranhas...
Licinha, é uma mulher bonita, simplesmente bonita, cabelos curtos, óculos escuros, com brincos dourados e um piercing a destacar seu bonito umbigo, Licinha é recatada se comparar a naturalidade da colega, trabalharam juntas por uns dez anos desde os vinte e cinco anos ela foi para o Guarujá, onde passam as férias juntas, desta vez Fernandinha estava muito angustiada, cansada da vida de casada, da mesmice do pé de valsa.
_Que bom amiga, umas férias, não agüento mais o machismo do meu marido, sempre desconfiado, um ciúme doentio, ah preciso descansar, ufa, soltar um pouco a franga, curtir um pouco, trabalhar, lavar roupa, fazer comida, xô, vou curtir a vida um pouquinho.
Finalmente, Guarujá, lindo, clean, um cartão postal, uma praia paradisíaca, tudo aos olhos de Fernandinha.
_Vamos amiga, entre, a porta abre-se, escancara-se... nisto, uma surpresa, uma deliciosa surpresa, Fê quase cai pra trás,olha novamente, quase não tem forças para crer, treme, fica coradinha, suas faces estão vermelhinhas, não sabe o que dizer....
_Gatinha, minha gatinha, ele abre os braços, mais parecendo o Cristo Redentor, apenas uma diferença, seu indefinível, sorriso, sua incomparável, simpatia, ela sabia que não deveria resistir...
Fernandinha, não exita, não pensa, não mede consequência, atira-se naquele abraço, imenso, demorado, apertado, coladíssimo, jamais, sequer em sonho poderia ter imaginado este momento, um flerte furtivo, sem pretensões, mas intenso, forte, verdadeiro, acontecido dentro daquela empresa em Poa, iria se transformar num encontro tão prazeroso e tão distante, mal sabia ela que Licinha e o primo vinham tramando este encontro há longos meses, eles que simplesmente brincavam de viajar pelo MSN, eles que trocavam furtivos ois, pra não despertar suspeitas, eles que trocavam presentes escondidos, que apenas podiam ter beijos de amigos, diante dos amigos e do marido de Fernandinha, agora estavam enlaçados e a sós, nem perceberam que Licinha havia saído e que não voltará antes do amanhecer ou quem sabe até poderá viajar a Paulicéia desvairada para encontrar seu amado, finalmente todos estão numa planejada temporada de férias, disto só Fernanda não sabe, enquanto isto ele alisa os cabelos de Fernandinha, acomoda-a em seus braços, ajustam-se os corpos e finalmente aquelas viagens imaginárias, aquelas brincadeiras que pareciam atrevidas, tantas vezes cortadas, com freio puxado por ela, dão vazão a um irresistível e longo beijo, não sentam, caem no sofá, desarrumam a sala. rolam no carpete agulha, e agora distante de tudo e todos a resistência dela, cede, a mulher do interior, com valores submissos e teses familiares conservadoras, dá espaço ao prazer, dá vazão ao instinto feminino, a sua vontade de mulher, enquanto isto ele delicadamente apanha do prato sobre a mesa um bombom ferreiro rouche e convida-a a comer um, dividem-o na boca um do outro, trocam o sabor, provam dele um no outro, enquanto ele apenas pergunta:
_Lembras, gatinha?
_Ah, tu, sempre surpreendes-me com tuas poesias, teus bilhetes e outras bobagens.
Ele abraça-a forte, arruma seu cabelo, encaixam-se concavo e convexo, delicadamente beija-lhe o pescoço, enquanto tira uma correntinha e um par de brincos de uma caixinha e pede licença.
_Dá-me o prazer, uma jóia para uma jóia, sempre tive vontade de te dar isto, mas...tinha medo.
Rolaram pelo tapete, num longo beijo em caricias e desejos reprimidos por muito tempo...
Na manhã seguinte...acordaram, tomaram um delicioso banho e olharam pela janela o vai e vem das ondas, com o sol despontando lá por cima do morro da pouca farinha, sorriram um para o outro, ele abraçou-a mais forte, puxou-a de encontro ao seu corpo e disse: _ Ah gatinha, que bom, enfim em férias, no Guarujá.

Por : Wcastanheira
Numa feliz noite, uma delicada visita do anjo, trouxe-me de volta a inspiração para reapresentar, Fernandinha, adorei, amei, bjos pra vcs!!

Um comentário:

  1. Parabéns, mais um show de interpretação, quem será esta musa tão inspiradora? E este romântico espertinho, provocando um encontro inesperado e...longe do marido, q vivam felizes, vou esperar angustiada pelo final das férias, vc é d+++, bjosss!!

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