Amanheceu um lindo dia, acordei levantei, fiz a volta na cama e a beijei com ternura, com um beijo leve, para não acordar a um anjo, fiz minha higiene matinal e preparei meu café, ao voltar ao banheiro não coloquei meu perfume predileto, nem fiz a barba, não havia necessidade, ela não estaria lá, dediquei meus pensamentos aos momentos do dia que iria enfrentar, tudo tranquilo, mas... ela não estaria lá, sai a porta, abri o carro, dei partida assim meio sem vontade, ela não estaria lá, segui pelo caminho mais longo, antes fui ver o mar, vi que estava agitado, fora da caixa, o sol tentava ainda timido vencer, transpor algumas nuvens que insistiam em proteger-nos dele, meu pensamento, meu coração ainda divagavam , entre ela e o trabalho, não conseguia foco, ela não estaria lá, só isto batia e rebatia meu pensamento, mas já estava feliz em pensar nela, engatei a primeira marcha e saí, assim meio contragosto, devagar, quase parando, pensando e admirando a tudo e a todos, um cachorrinho que parece abandonado passa pela minha frente, quase paro, dou a vez a ele, coitado, pensei, deve estar buscando um abrigo, alguma comida, alguma companhia, por certo não parecia feliz, mas eu... parecia feliz, muito embora pensasse exaustivamente, ela... não estaria lá, e fui me dirigindo para onde não encontrava motivos de ir, mas deveria ir, ela é uma dorminhoca, talvez nesta hora esteja aprofundada em bom sono, deitada talvez em belo decúdito dorsal, para inspirar um possível encantado pintor ou quem sabe esteja n'um delicioso e demorado banho, agora posso a imaginar a água morna a deslizar no corpo dela, em gotas coloridas pela luz que vem do vidro da janela, talvez escorrendo por seus cabelos macios e descendo por seu alvo corpo, um macio sabonete alisa e belas espumas contrastam com sua beleza. Talvez ao olhar o amarelo do seu banheiro possa pensar pelo menos um pouco em mim, já basta isso a um platonistico assumido, desço de leve pela rua ainda vazia, vão comigo os pensamentos, planos e um cãozinho abandonado, como parar de pensar... ela não estará lá, já imagino seu café da manhã, seu dia, e viajo profundo no seu anoitecer, deitará e dormirá, sem ao menos um pouco lembrar de mim? Talves sim, certamente que sim, mas em devaneios dedico uma boa parte do meu tempo a viajar com ela, num trem azul, num boing veloz ou numa encantada passagem transatlantica ou quem sabe numa estrela galaxica iremos ao infinito, mas o infinito são seus olhos meu amor... chego ao trabalho, desligo o carro e... começo a escrever, são relatórios, cálculos, ações diarias, mas sem graça, falta muita coisa para completar minha felicidade, também quem disse em qual momento que ser efetivamente feliz é que é ser feliz? Porque não se pode ser feliz aos poucos, quando beijamos, quando abraçamos a quem amamos, quando reencontramos ou quando damos um gostoso tchau, quando estamos perto ou mesmo longe, mas ligados na força do pensamento, nas viajadas imaginárias, nos delírios dos poetas ou na fértilidade da memória ou na admiração da platonicidade, como é bom ser platônico quando a outra pessoa percebe isso e de um modo inteligente nos deixa alimentar este sentimento, o tempo passa estou só, mas agora já estou feliz, já piso onde ela pisa, já respiro o ambiente que ela respira, já estou mais próximo do amanhã, que bom, volto pra casa e fico feliz por poder ter vivido mais um dia em que de todos modos busquei minha felicidade.
Por Wcastanheira
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