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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A FORÇA DO PRIMEIRO AMOR....


Naquele dia a gare estava vazia, esperei por ela para nossa sonhada viagem de trem, quando ao longe a vi aproximar-se trajando um belo vestido branco, usava um chapéu vermelho com delicado laço de fita, o sorriso brejeiro demonstrava a docilidade de uma moça apaixonada, cabelos loiros encaracolados davam ao rosto de menina uma expressão juvenil, o paraíso parecia estar chegando, seu abraço deixava-me provar o aroma delicado do seu perfume de rosas, sentamos num banco ao canto, não sei porque namorar num canto parece ser muito melhor, passado um tempo, ao longe o trem aproximava-se, já era possível ouvir seu estridente apito avisando da chegada, ela tremeu de emoção ajustada ao meu abraço, nosso passeio pela serra, nosso sonho de um dia andar só nos dois de trem estava começando, Mariana vivia seus planos de interior, na distante década de 1960, estudar magistério, viajar para conhecer a serra Paranaense e com sorte encontrar um bom partido, eu seria um bom partido...
Acomodamo-nos no primeiro vagão, da primeira classe, o trem apita deixando para trás o romantismo e a sonoridade da despedida, pessoas acotovelam-se e gesticulam seu último adeus, lencinhos, prantos e tiaus são presença em cada partida do trem de Paranaguá, começamos lentamente a perceber o verde das matas, a beleza da serra, quando decidimos ir até o vagão do bar, ao fundo vi a imagem de uma bela pianista, clara, pele alvíssima, dedos longuineos, cabelos ruivos e face delicadamente rosada, tocava alguma coisa de Paul Mauriat e repetia New York, New York, Mariana insistiu para que sentássemos ao lado da pianista.
Ao terminar a música viajei no tempo e no espaço, voltei à minha infância, ao tempo da primeira namorada dos fortuitos beijos ao namoro no portão, a pianista como que a adivinhar do que eu gostava tocou Banho de Lua da Celi Campello em seguida não resistiu e tocou fundo no meu coração, dedilhou Marina do Cauby, delirei, voltei o olhar a pianista que delicadamente olhava-me também, tremi, reconheci minha primeira paixão, meu grande e inesquecível amor estava ali, podia sentir seu cheiro, podia perceber o pulsar acelerado do seu coração, de algum modo por minha causa ela mudara o repertório, voltamos aos tempos dos bailes da brilhantina, Mariana começou a perceber minha inevitável mudança de comportamento e desequilíbrio, queria saber o que aconteceu, não resisti, confessei, ali estava a dona do meu coração, a viagem tomara outro destino, outro rumo, Mariana queria sair dali e voltar ao outro vagão, eu, insistia em ficar, queria ouvir a magia de cada música, queria tontear minha cabeça a pensar no que fazer após o êxtase que experimentei, ela saiu, foi embora, insistiu em descer na primeira estação, o passeio acabou antes do fim, as vezes precisamos tentar enganar nosso coração, por outras precisamos decidir no momento o que fazer, sentei ao lado da pianista, no intervalo senti o calor da sua mão macia e o perfume do seu colo quente, _quer ouvir uma música especial? Ronronou com sua voz melodiosa.
_Escolhe...
Ela começou, It’s now or never do Elvis, delirei, era a nossa música, no final ela enroscou seu corpo ao meu, ocupamos quase que apenas um banco e recordamos com beijos nossos amor adormecido, o trem apitou de forma delicada, suave, estava chegando em Curitiba, segurei sua cintura e ali no trem vazio reencontramos cada um a felicidade que procurava...

Por Wcastanheira Decidi dar continuidade ao meu 1º conto premiado como escritor, Um homem e um trem, está nas primeiras postagens, hoje com nova roupagem, mas seguindo um linha tipo, o conto não pode parar, o que acontecerá com os dois? Anjos virão e dirão, pra vcs, bjos, bjos.

15 comentários:

  1. Que legal!!!

    Imaginei toda a cena.. o trem... os personagens...amei!!

    Vai continuar?

    bj

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  2. Parabéns pelo conto!

    Muito dez, mesmo, Wanderlen.

    E tem que continuar...segunda parte...

    Um abraço!

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  3. E que repertório, hein? rs Adorei...
    Que a estória continue.... continue sempre!!
    Lindo e romântico conto!! Xonei... rs
    Bj
    Helô

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  4. Amigo!!!

    Que linda essa estória!!

    Imaginei a cena toda!!
    Inspirador!!!

    abraço e bom final de semana!!!

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  5. "reconheci minha primeira paixão"

    ...ver em alguém toda aquela emoção que um dia foi presente!
    já passei por situação parecida, é uma sensação difernte!


    linda história.
    =*

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  6. Linda historia, não tem como não imaginar a cena.

    Bom carnaval amigo.

    beijooo.

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  7. Muito lindo o texto.
    Viu só, como ñ esquecemos o nosso primeiro amor?
    Adorei.
    Beijokas.

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  8. Lindo e deves continuar mesmo! Ficou ótimo!

    E tu conheces o Carlos Aveline de onde? abração,chica

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  9. Bem legal, fikei aki imaginando! e lembre do meu primeiro amor tb!
    beijos

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  10. Lindo!!! Lindo!!! nossa viajei... quem é que nunca teve um amor..arrebatador...desses de tirar o folego e que chega de mansinho e quando nos damos conta estamos totalmente enebriados e absorvidos por ele! Gostaria tanto de poder reencontrar esse amor arrebatador... meu lindo par de olhos cor de esmeraldas de um sorriso encantador e poder falar do meu amor e que nada mudou... quem sabe algum dia em alguma estação...quem sabe...
    bjus...bjusss...

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  11. Parabéns pela história e se for real,mais parabéns ainda.
    Obrigada pelo comentário lá em casa e volte sempre(rs)

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  12. *Castanheiraaaaaaaaaaaaaa !!! *

    *Tô aqui para te desejar um CARNAVAL com

    muita dança e cervejinha na companhia dos

    teus !!!

    *Fiques com Deus.

    *Beijossssssssssssss.

    P.S. - *Primeiro amor ?! Xiiii ... nem quero

    pensar nisso agora ! (*Faz tanto tempo !!!

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk).

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  13. Oi obrigada pela visita no blog e pelo elogio,os comentários são nossos pagamentos pelo trabalho despretencioso de blogueira.
    bj
    Tô seguindo!

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