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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Saudade. Da conterrânea Martha medeiros.

Trancar o dedo numa porta dói, bater com o queixo no chão dói. 
Torcer o tornozelo dói, um tapa, um soco, um pontapé, doem. 
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim, mas o que mais dói é a saudade, não mata, mas com certeza, maltrata.
Saudade de um irmão que mora longe, saudade de uma cachoeira da infância, saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais, saudade do pai que já morreu. 

Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu, saudade de uma cidade. 
Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. 
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama, quando se vai pra longe e por vezes este longe nem é tão longe assim, pode até ser a distancia de uma esquina, de um quarteirão.

Saudade da pele, do cheiro, dos beijos, das risadas, das coisas dele ou dela, saudade da presença, e até da ausência consentida.
Saudade de saber que daquele vestido ele gosta, com aquela saia ele lhe acha linda e sabe do quê, de saber que usar a calcinha daquela cor excita-o, mas hoje usar, pra quê?
Saudade é saber que se você usar vestido de alcinhas, vai ver um sorriso largo e feliz no rosto dele, mas por enquanto deixo o vestido de alcinhas, pra quando ele voltar.
Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. 
Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. 
Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã, mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
 Saudade é não saber, não saber mais se ele continua se gripando no inverno, não saber mais se ela continua clareando o cabelo, não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. 
Saudade é não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu, não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando. 
Saudade é não saber, não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música que você sabe que movia o amor entre vocês, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche faz tudo ficar vazio, é o tempo que se arrasta pra você quando tantos dizem que o tempo voa.
 Saudade é não querer saber, é até desejar se esconder e esbravejar e até...Chorar.
Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. 
Saudade é só  querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer, é esperar o tempo passar na certeza de que o abraço. o beijo, o sexo e tudo mais chegará quando ele, quando ela voltar, mas mesmo tendo esta certeza, você há de chorar quando a saudade, apertar...
Martha Medeiros

POR: Wcastanheira   Hoje apenas deixando esta mensagem, da minha querida conterrânea. para pensar, pra minha linda meditar. Pra vcs beijinhos e beijinhos

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