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sábado, 5 de março de 2011

A força do amor platônico, Leninha perde o tempo do amor...




Sempre foi muito tímida, caseira e pudica, praticamente virgem, praticamente? Se não fosse pela sua primeira vez desastrada com seu primeiro e único namorado, um menino magro, de aparelho nos dentes e óculos de aros grossos, um ano atrás.
Foi estudar música e fazer aulas de teatro para aprender lidar um pouco melhor com a timidez, sair de casa, fazer amigos, mas isso não aconteceu, fez amigos, mas não ficou menos tímida, continuava trancada em casa encerrada em si mesmo.
Não lembrava sequer o nome dele e jamais teria coragem de perguntar para alguém, finalmente ficara apenas uma noite, uma única noite de ficantes, simples perguntar: quem é o cara? Impossível, não ficara nada gravado na sua retina ou coração, falar com ele então... JAMAIS. Ela sentia vertigens só de imaginar o ato. Leninha era muito, mas muito complicada mesmo.
Mas com o tempo algo aconteceu dentro dela, Leninha queria aquele homem, após mais uns tantos meses de preparo, decidiu um dia esperá-lo até o fim de sua aula e puxar um assunto, perguntar a marca de seu violão ou as horas talvez, ela queria ouvir sua voz, fazê-lo perceber sua existência, cansou de ser a menina invisível.
No dia H, ela pensou na roupa, no cabelo, no perfume, nas frases, no tom de sua voz, no sorriso que iria usar. Depois pensou no beijo, no cabelo dele roçando seus seios, nas mãos deslizando no seu corpo, na respiração ofegante e libidinosa dos dois entrelaçados no lençol branco de sua cama. Ela de babydol rosa, um conjunto macio, suave que a deixava soltinha, livre dentro dele, imaginou o momento se despindo pra ele, dar-se inteira como sempre sonhou.
Terminou sua aula e postou-se corajosamente frente à escola de música, encostada à parede, perto da porta a garganta seca, as pernas bambas, as mãos suadas, que mal amparavam a alça da bolsa na mão.
Então, como que em câmara lenta, o viu projetando o corpo tão sonhado para fora da porta era ainda mais lindo, alto, pele acetinada, morena, cabelos soltos, sentiu seu corpo todo se retrair, como num espasmo, Leninha quase perdeu seu objeto de vista, mas não, viu-o em seguida encostado à parede, do lado oposto da que ela estava, olhava-o de canto, sem parar de tremer, rezando para todos os santos para que conseguisse, que calmamente dirigisse a ele uma palavra que fosse, só uma, a palavra que seria a primeira de muitas.
E num rompante que quase travou todos os seus músculos, deu três passos na direção dele e articulou quase com desespero as primeiras palavras: “...que horas...”, embora tenha observado que ele não trazia relógio no pulso. No momento a seguir em que ela viu seus olhos pousados nela e que sua linda boca começava a articular algo, inesperadamente uma mulher correu na direção dele, vinda do outro lado da rua e arremessou seu corpo de curvas perfeitas de encontro ao corpo dele, que correspondeu com um riso escancarado ao abraço sôfrego, rodopiaram no ar, grudados, onde os cabelos longos dos dois se misturavam e onde bocas indefinidas e línguas molhadas passeavam, ardendo em desejo um balé de braços, pernas, beijos, cabelos, mãos, olhares e afagos.
E Leninha ali, parada, a um metro da cena, imóvel. O momento descongelou-se quando ela ainda pôde ver o casal caminhando pela calçada, na direção oposta da dela, abraçados, rindo e falando alto, loucos de amor, totalmente indiferentes à presença da menina, ainda olhou a bunda perfeita da moça rebolando num vestido balonê.
Ela então, livrando-se da imobilidade correu, correu muito, em prantos, rasgando aos pedaços a saia nova que comprara para o encontro, tirando da boca, com as costas das mãos, o batom que pela primeira vez passara, depois de muitos anos. Naquele momento seu castelo de cristal quebrou, não tinha equilíbrio para entender que aquela paixão platônica seria superada, pois como só nós sabemos, ela estava obcecada., Leninha perdera o tempo exato de agir, esperou, sua timidez a fez perder o tempo do amor...

Por: Wcastanheira Para uma amiga especial, timida que curte o amor platônico, perde o time, não avança, vê a amiga, amiga? Avançar, tomar conta, apropriar-se, o amor tem seu tempo, a vida é feita de ação, o invisível, não é percebido, então amiga, vá a luta, apareça para ser vista e lembrada ou a banda passa e você apenas vê, da janela. Pra vcs bjos e bjos.

7 comentários:

  1. Belo, romantico, lindo, adoro seus contos, amo seus devaneios, ainda vou usra franja e vestido pra ganhar um conto seu, parece q passou a menina SILSIL ou ainda há resquicio dela? Não sei vcs poetas viajam, deliram e confundem nossa avaliação, realmente a menina invisível precisa sair, aparecer senão tomam o peixe dela, vc como sempre excelente, é uma delicia ler seus contos, será q uma nova musa, está tomando o lugar da menina SILSIL? Não sei mas acho q o poeta ainda está de algum modo cantando a beleza da musa de Salgueiro, pra vcs dois beijinhosssss

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  2. MA-RA-VI-LHO-SO. Nossa, não sei como pude ficar tanto tempo longe daqui, seu blog é maravilhoso.. Ok, isso todo mundo sabe. Que texto é esse? Arrebentou... Me vi nele alguns anos atrás. Os personagens, a trama e ela, a Leninha... Quantos não existem por aí, não é? Fico sem palavras. Escreves tão bem... Que quando acaba queremos mais.. E mais. Parabéns, querido. ótimo fds.

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  3. Sempre arrasando corações, amigo!
    Bom Carnaval, bom descanso!!!
    Beijinhos!

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  4. Belo texto.
    A timidez as vezes atrapalha.
    bjs e bom domingo

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  5. Eu que o diga...timidez as vezes é bom...

    Naum nos deixa nos arriscar!!!

    XERO

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  6. Timidez é porta fechada para os sonhos...
    Lindo alerta para sua amiga, espero que ela o ouve.
    Uma noite bela.
    Abraços.

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  7. Anjinho meu!
    Prometi e estou cumprindo: vim te visitar e matar as saudades
    de ti e do teu blog.
    Espero que o teu Carnaval tenha sido divertido.
    Eu apenas descansei bastante.
    Que a tua semana seja de paz e alegria!
    Todo o carinho deste Anjo Sedutor para ti!

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