Momentos de devaneios, aproveitando-me dos Anjos q visitam aos poetas, cantar e prosar minhas subjetivas musas
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011
A pianista, meu primeiro amor...
Naquele dia a gare estava lotada, esperei ancioso por ela para nossa sonhada viagem de trem, quando ao longe a vi aproximar-se trajando um belo vestido branco, ela usualmente trajava assim, um chapéu vermelho com delicado laço de fita, o sorriso brejeiro demonstrava a docilidade de uma moça apaixonada, cabelos loiros encaracolados davam ao rosto de menina uma expressão juvenil, o paraíso parecia estar chegando, seu abraço deixava-me provar o aroma delicado do seu perfume de rosas, sentamos num banco ao canto, não sei porque namorar num canto parece ser muito melhor, passado um tempo, ao longe o trem aproximava-se, já era possível ouvir seu estridente apito avisando da chegada, ela tremeu de emoção ajustada ao meu abraço, nosso passeio pela serra, nosso sonho de um dia andar só nos dois de trem estava começando, Mariana vivia seus planos de moça do interior, na distante década de 1980, estudar magistério, viajar para conhecer a serra Paranaense e com sorte encontrar um bom partido, eu seria um bom partido?
Acomodamo-nos no primeiro vagão, da primeira classe, o trem apita deixando para trás o romantismo e a sonoridade da despedida, pessoas acotovelam-se e gesticulam seu último adeus, lencinhos, prantos e tiaus são presença garantida em cada partida do trem de Paranaguá, antes de começar o passeio litorino, começamos lentamente a perceber o verde das matas, a beleza da serra, quando decidimos ir até o vagão do bar, ao fundo vi a imagem de uma bela pianista, clara, pele alvíssima, dedos longuineos, cabelos ruivos e face delicadamente rosada, tocava alguma coisa de Paul Muriat e repetia New York, New York, Mariana insistiu para que sentássemos ao lado da pianista.
Ao terminar a música viajei no tempo e no espaço, voltei à minha infância, ao tempo da primeira namorada dos fortuitos beijos ao namoro no portão, a pianista como que a adivinhar do que eu gostava tocou Banho de Lua da Celi Campello em seguida não resistiu e tocou fundo no meu coração, dedilhou B J Thomas com Rock and Roll Lullaby, delirei, voltei o olhar à pianista que delicadamente olhava-me também, tremi, reconheci minha primeira paixão, meu grande e inesquecível amor estava ali, podia sentir seu aroma, podia perceber o pulsar acelerado do seu coração, de algum modo por minha causa ela mudara o repertório, voltamos aos tempos dos bailes da brilhantina, Mariana começou a perceber minha inevitável mudança de comportamento e desequilíbrio, queria saber o que aconteceu, não resisti, confessei, ali estava a dona do meu coração, a viagem tomara outro destino, outro rumo, Mariana queria sair dali e voltar ao outro vagão, eu, insistia em ficar, queria ouvir a magia de cada música, queria tontear minha cabeça a pensar no que fazer após o êxtase que experimentei, ela saiu, foi embora, insistiu em descer na primeira estação, o passeio acabou antes do fim, as vezes precisamos tentar enganar nosso coração, por outras precisamos decidir no momento o que fazer, sentei ao lado da pianista, no intervalo senti o calor da sua mão macia e o perfume do seu colo quente, _quer ouvir uma música especial? Ronronou com sua voz melodiosa.
_Escolhe...
Olhou profundamente meus olhos, deixou sua mão delicada de pianista acomodar-se no meu colo e divinamente começou, It’s now or never do Elvis, delirei, era a nossa música, no final ela enroscou seu corpo ao meu, ocupamos quase que apenas um banco e recordamos com beijos nosso amor adormecido, o trem apitou de forma delicada, suave, estava chegando em Curitiba, segurei sua cintura e ali no trem vazio reencontramos cada um a felicidade que procurava...
Por Wcastanheira Decidi dar continuidade ao meu 1º conto premiado como escritor, Um homem e um trem, está nas minhas primeiras postagens, hoje com nova roupagem, mas seguindo uma linha tipo, o conto não pode parar, o que acontecerá com os dois, nem imagino? Anjos virão e dirão, pra vcs, bjos, bjos.
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Que coisa mais linda!
ResponderExcluirAplausos...
Clap, clap, clap, clap Aplausos tb deixo aqui!
ResponderExcluirBeijo, beijo querido!
She
Lindo e doce... puro amor... parabéns!
ResponderExcluirBjinhux mais sexys
Hope
Lindo demais esse conto....amei tio, parabéns.
ResponderExcluirBeijos.
Sincero e de um carinho incrivel,dá pra sentir o amor nas palavras,Adorei aqui,estou seguindoooo..beijooos
ResponderExcluirO amor que foi seduzido pela música e a música que seduziu o amor!
ResponderExcluirDemais!
Viver um amor assim com uma composição e harmonia perfeitas!
beijo grande, Querido!
Nossa que lindo, até me arrepiou rsss
ResponderExcluirPassando pra te deixar um beijo e lhe desejar um ótimo dia!
Meu amigo
ResponderExcluirMuito lindo este conto...tansporta-nos a outras paragens...outros tempo, adorei.
Beijinhos
Sonhadora
A cada dia mais apaixonada pelos seus contos, muito bom!
ResponderExcluirPude ouvir cada melodia,emanavam das palavras,que livres,rodopiavam em pensamentos meus como harpejos e arcodes,compassos parafraseados de uma canção nova envolta por um sentir antigo...
ResponderExcluirNão há nada mais belo...Palavras musicais,exalando sons de um poema-piano!
E a essa hora nem posso tocar o meu,ou acordarei a todos...Recitaria esses texto em suas teclas!
Belo!