Pesquisar este blog

sexta-feira, 18 de março de 2016

A despedida do amor...Martha Medeiros

Existe duas dores de amor. A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão envolvidos que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
Você deve achar que eu bebi. Se a luz está sendo vista, adeus dor, não seria assim? Mais ou menos. Há, como falei, duas dores. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por ninguém. Dói também.
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. 
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. 
É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um suvenir de uma época bonita que foi vivida, passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação com a qual a gente se apega. Faz parte de nós. 
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente e que só com muito esforço é possível alforriar.
A alforria das lembranças, aquele lugar, aquele banco, aquela praça, parece que tudo geme, tudo nos faz mexer com memórias que precisamos esquecer, esquecer carinhos e mimos sempre especiais, diferentes parece que no mundo ninguém tem semelhante pelo menos, mas como?
É uma dor mais amena, quase imperceptível, mas lenta e profunda.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a dor-de-cotovelo propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. 
A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: eu amo, logo existo.
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. 
É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.
Martha Medeiros

POR: Wcastanheira  Em delírios de um final de tarde, recebi este mimo de uma leitora assídua e dedicada aos meus delírios e decidi, publicar, compartilhar com carinho esta pérola da imensurável Martha Medeiros, viu? Pra vcs bjinhos e bjinhos. 

2 comentários:

  1. Ah esses dois processos fazem parte, não são fáceis, mas todos um dia vão passar.

    bjokas =)

    ResponderExcluir

  2. Olá, wcastanheira, bom dia.
    Após um tempo ausente. Estou retornando com o blogue www.josemariacosta.com Aproveito para te convidar a vim em visita.
    Te espero lá. Que tenhamos todos um fim de semana agradável.
    Abraços

    ResponderExcluir