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sábado, 16 de março de 2013

Nossa solidão...Ainda no Leblon.

A solidão é uma péssima companheira, normalmente é isto que sinto quando viajo e não tenho alguém para compartilhar as belezas ou tristezas de cada momento, mesmo sabendo que por vezes um retiro seja necessário para aprofundar valores e teses pessoais ou sociais, mas desta vez em que visitei ao Rio parece que minha alma estava mesmo carente, necessitando de alguém para estar ao lado, dizer bobagens, rir do quase nada, tropeçar na rua, molhar-se na poça d'água e ainda assim abraçar-se e rir do pequeno infortúnio, são momentos, são coisas que por vezes passam despercebidas e por outras removem coração e alma, não fosse assim, nós humanos seríamos previsíveis e perfeitamente compreeensíveis, até os poetas como seres meio despresíveis sentem isso na carne e acho que mais profundamente na alma.
Naquele final de tarde desci, meio sem rumo, um momento que não gosto,  é descer ao saguão do hotel, olhar à rua, voltar-se para os dois lados e não encontrar motivo para sair por qualquer um deles, pois tanto faz, sinto-me abandonado, um ser inexpressivo, seguir aos cães que normalmente dirigem-se às multidões ou sem faro tirar no par ou ímpar comigo mesmo?
O menino aproxima-se, e no Leblon é o que mais tem, tenta vender-me um bilhete de alguma coisa, dou uns passos rumo ao baixo Leblon, lá a vida noturna é mais expressiva e mais homens e mulheres solitários encontram-se e reencontram-se para conversas triviais e tratar de assuntos banais,combinar coisas que jamais farão juntos, mas trato é trato, penso que é o local mais indicado a um poeta cinquentenário hoje sem companhia, passear na Av. Nossa Senhora de Copacabana aumenta ainda mias este sentimento estranho, lá desfilam casais de apaixonados namorados, pessoas com aspecto felizes e talvez eu hoje não esteja neste mesmo tom, por falar em tom, beber um chop no Tom Jobim é sempre uma ótima ideia no Rio, mas não, hoje e talvez apenas hoje, quero experimentar a boemia mais baixa, mais junto ao chão, não desejo nada sofisticado, não quero personal atendimento, quero estar no meio, conviver entre, levar encostadas e dar alguns safanões também, chega de parecer chic e por dentro estar à mendigar, pensei num barzinho com meia luz, algumas mesas com toalhas de plástico e umas cadeiras que pela segurança é bom testar antes de sentar, andei duas ou tres quadras e o neon avermelhado em contraste com tons e contra tons mostrava-me bem o caminho, agora já decidido, sem volta, sem jeito, sem proposta qualquer que venha mover meu instinto de predador noturno.
A cada porta que passava algumas moças faziam-me propostas nada poéticas, elas são frias e diretas ou dá ou desiste...
Mas eis que ao entrar numa casa carinhosamente escolhida, encontro uma moça cantando com sonoridade diferente, ela esbanjava romantismo e sensualidade em cada estrofe, sentei, solicitei uma dose de um doze anos e fiquei mirando a beleza daquela música, pois jamais havia escutado Yellow Submarine, dos Beatles, numa interpretação feminina, uma docilidade, esta música cala fundo no meu coração, também não imaginava que fazia parte do repertório de boates do baixo Leblon, deliciei-me curtindo este mimo, depois parece-me que adivinhando meu repertório ela dedilhou carinhosamente Detalhes do Rei Roberto, encostei-me mais na cadeira, relaxei e pensei, eis aqui um bom lugar, uma jovenzinha encostou-se a mim e perguntou simplesmente, enquanto acariciava-me, _posso sentar?
Gesticulei com a mão em forma positiva, era uma bela menina, cabelos soltos e ainda bem alinhados, uma pela clarinha, não parecia-me ser carioca da gema...
_Posso pedir um energético, questionou ela...
_Pode, uma bela companhia naturalmente tem seu preço, ela sorriu e encostou bem seu corpo ao meu...
_De onde vens?
-Sou um poeta boêmio, venho da rua da solidão em busca de aconchego e carinho.
_Pois acaba de encontrar do bom e do seu melhor gosto, peça ou exija e carinho sempre terás...
A moça começou a roçar sua perna na minha e sua mão a acariciar-me gentilmente, confesso que meu momento carente gostou e deixou-se acariciar, quando ela falou ao meu ouvido...
-O que desejas?
_O nome da cantora, o endereço, o quanto vale e tudo que for preciso para encontrá-la.
_Calma seu poeta, eu também tenho receita para acabar com a solidão, depende de você deixar, permitir que eu possa fazê-lo feliz.
A cantora agora exagera no meu gosto e como é moda, é de praxe, dedilha Este cara sou eu, o olhar dela parecia-me fitar com a força de um raio x, com o esmero de uma ressonância magnética, enquanto a moça, agora já com a perna sobre aminha, em beijos e carícias, pergunta-me.
_Vamos?
_Quanto você quer para trazer a cantora aqui?
_Noooossa é obseção?
_Não, é apenas, tesão...

POR; Wcastanheira    Em delírios de um final de tarde, recordando momentos  vividos e nunca esquecidos, ao que leva a solidão!Teria ele conseguido a companhia da cantora? Não sei, os anjos ainda não contaram-me. Pra vcs bjos e bjos.


6 comentários:

  1. Texto interessante, intrigante.. Bela forma de unir as palavras no conto. Parabéns!

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    Big bj ;*
    http://angelpoubel.blogspot.com.br

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  2. Quando se sentir sozinho, pega a solidão e dança! (8' rs

    Tenha um ótimo fim de semana!

    Adolecentro

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  3. Interessante esse conto, tio Castanha!
    a música espanta a solidão mesmo. ^^

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  4. Ah no mundo de hoje a poesia é difícil de ser apreciada, não é Tio? E corações como os nossos só se encantam com o belo, a cantora emitia as notas certas pra tocar o corpo e alma.
    Espero que tenha conseguido o número!

    www.reticenciando.com

    Milhões de beijos

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  5. Olá, adorei o conto, bem bacana! :) ótima semana tio castanha, beijos ><

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