A solidão e o mimo da musa...

 

Naquele dia minha musa estava tristinha, encontrei-a  deitadinha no sofá quietinha, apenas ela e seu mimo, andei pé ante pé, para não fazê-la despertar talvez de um belo sonho, quem sabe neste momento esteja ela a conversar com os anjos sobre sua vida, sobre as dificuldades, desilusões e também algumas doces ilusões das quais tem provado, quem sabe o sono leve da musa, leve-a visitar-me em belos momentos em escondidos lugares? Sei lá, mulheres são as vezes tão previsíveis e em outras complexas e enigmáticas, são tão doces e puras e em outros momentos tão difíceis de entender e até conviver, imaginei a morena ainda de franjinha, imaginei-a numa festa com seu lindo vestido com belos motivos florais e delicado lacinho branco  à cintura, (adoro vestidos este duo, musas e vestidos, sempre me faz delirar), imaginei-me acomodando seu cabelo que delicadamente insistia em cobrir seus olhos, delirei, viajei ao vê-la ali, inerte, parecendo insensível ao toque e ao beijo, seu cabelo em desalinho merecia um afago, um carinho, seu rosto delicado e pele macia, sugeria um beijinho, bem coladinho, mas quem ama, deve saber e ter a sensibilidade de amar bem devagarinho, não gritar aos telhados, nem acordar aos passarinhos,(Obrigado Quintana, o poeta anjo) ser cordial, ter ao menos a delicadeza e saber curtir a beleza de admirar o lindo, o quase angelical, pois o que seria do mundo se todos colhessem a rosa, quem admiraria a beleza da roseira em flor? E assim, ensurtado de amor e carinho, parei diante do mais belo quadro, que imagino, o homem ainda não esculpiu, minha musa adormecida e o seu mimo à mimar sua bela companhia, naveguei na divina imagem do belo e do inocente, do puro e do candente.
O sono e quem sabe o sonho, andem juntos neste momento, a musa desligou-se do mundo e o mundo por vezes à elas não faz bem, então necessário se faz, deixar anjos e querubins agirem em nome do deleite do mundo imaginário do faz de conta, parece-me que os dois brincaram, correram e juntos cansaram e deixaram-se abandonar de qualquer jeito, assim devemos fazer em vários momentos da vida, quando a vida nos parecer dura e a poesia andar fugidia, deixe-se abandonar no nadismo das preocupações,solte um grito de liberdade, as nuvens escutam, os anjos aplaudem, não tenha medo sorria, cante, pule, deixe o botão desabotoado, não refaça a maquiagem, deixe o cabelo desalinhado, há coisa melhor? Ande um pouco de pés descalço, cante como se estivesse só no mundo e uma plateia de sonhos estivesse nas nuvens a lhe aplaudir de pé, olhe o movimento das nuvens livres na beleza do céu de cada dia, imagine flores, animais o que de melhor você quiser, já percebeu que seus desenhos e suas representação vão além do nosso imaginário? Se ainda assim e mesmo assim isto for ainda pouco para você encontrar motivos poéticos para viver, pare, respire e sinta o ar fresco nos seus pulmões, ande um pouco, busque uma flor e sinta  a pureza da sua criação, ande mais, mais um pouco e busque a singularidade das cores das borboletas e se mesmo assim ainda não te sentires feliz, ande mais um pouquinho, busque a beleza e a pureza de um sorriso e sê possível for deixe-se completar pelo sorriso ou um abraço de uma criancinha, mas, pare...Não perca esta singela e imensurável oportunidade, beije-a com carinho e abrace-a num abraço, bem apertadinho.
A musa continua adormecida, eu porém já viajei, já imaginei, já quase tudo, sonhei, que importa se o lugar que mais me emociona estar, o seu mimo, insiste em ocupar??

POR: Wcastanheira   Em delírios de um final de tarde, hoje num delicado e poético momento especial à musa da franjinha. Pra vcs bjos e bjos.