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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A mulher de rua...

Observei atento o modo como admirava-se naquele imenso espelho retangular, uma bela mulher escondida com maquiagem densa, farta e nem tão bem espalhada pelo rosto e pescoço, que alias excita-me apenas à imaginar mil deleites que poderia por ele percorrer, a mão desliza suave sobre seus cabelos cabelos negros da cor da asa da graúna, ela deseja ser apenas casual, sensual, agradável, mas sabe que precisa ir além, ela necessita conquistar, ela sabe disso, mas as vezes deseja apenas conquistar pela simplicidade do seu belo e penetrante olhar.
 Ajeita seu micro vestido vermelho que sobe às coxas bem delineadas, acomoda um belo pingente que encaixa-se em seu chamativo e atraente decote, que valoriza seus belos seios. 
Delicadamente e elegante desce a escadaria do prédio, elevadores são por ela sempre evitados, na rua parece encantada com cada vegetal, com cada parede ou mesmo com o enfeite de algum vitral, disfarça sua habilidade em passear por ali, deseja ser diferente, novata e predadora, no seu desfile diário parece estar sendo filmada em cada detalhe e assim usa no extremo sua habilidade de andar sobre dois saltos tipo agulha e um vestido muito justo e escorregadio, passa pelo porteiro que parece não a conhecer, é assim, alguns homens por ela preferem ignorar, enquanto outros hão de com ela amar, assim vai entrando em becos, desfilando em ruelas e a alguns cativa, a outros excita, porém sua expectativa de encontrar alguém para realmente amar é zero, é nula, ali não há amor, apenas preenchimento de solidão e dor, depois de tudo volta o vazio, o mesmo quarto e a mesma solidão, nem parece a mesma mulher...Pois aquela que desfilou, aquela que na noite inteira andou, também é gente e busca amor, assim adormece em mais uma madrugada a mulher que muito fez amor e nada foi amada, assim segue a sina que um dia tornou-se sua, é mulher vadia por ser mulher da rua.

POR: Wcastanheira   Em delírios de um final de tarde, hoje viajando neste mundo estranho das chamadas mulheres de rua, que a tantas dores atendem e a tantas solidões fazem de conta que preenchem. Pra vcs bjos e bjos.

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