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terça-feira, 1 de maio de 2012

Um passeio no tempo de infância, apenas um passeio...

E andei pelos campos, senti a brisa leve, mas fria do vento sul, a gelar minha orelha e meu nariz, senti o cheiro da terra ao ser arada e presenciei a revoada dos pássaros em busca de bichinhos e minhocas na terra que deixara de ser virgem, olhei aquela árvore, velha figueira da infância e em pensamentos mil, em viagens e delírios lindos, escalei seus troncos, andei por galhos e saboreei deliciosos figos, e só dela desci quando ouvi mamãe quase em desatino meio gritando dizer, -Desce daí guri, tu vai cair, este galho é tão fraquinho, desce, Wanderlen...Ainda ecoa, pareceu-me tão presente, pareceu-me tão local, tão hoje, tão agora, mas apenas pareceu, acordei, meu coração de poeta louco e quase insano, estava mais uma vez viajando. Vi a vaquinha e seu bezerro ao pé, olhei looonge e vi aquele mato ainda protegido da invasão do homem e pensei nas vezes em que ainda criança, lá eu via e não havia quem me tirasse da idéia, lá eu via leões e dinossauros e via pássaros encantados, e pensava que lá morava a bruxa má ou até o lobo que tanto maltratava os três porquinhos, a mata em que minha mãe insistia que eu não podia ir, permanece em meu coração, encantada, virgem, não tocada, mas o poeta, pobre em realidade e rico em ilusões, preferiu deixar assim, preferiu pensar no encanto que lá ainda existe... E corre o poeta atrás do pensamento, atrás da magia, daquele menino que um dia, quase sem saber atendeu ao seu sonho de infância, ser marinheiro, correr o mundo, viver de porto em porto, mas quando pode, sempre volta, olha a transformação do tempo e viaja, na infância de luz de candeeiro, de lampião a querosene, das ruas ainda chamadas de estradas, viaja o poeta, agora menino, na areia quente do verão, no sol escaldante abrandado pela repousante sombra da imensa figueira, dá-lhe recordações, viajo, foi também pra isto que parei um pouco, deste ritmo alucinante da vida contemporânea, para tentar voltar em pensamentos e poemas, ver a menina que cresceu e envelheceu e pousar no espaço quase imaginário do primeiro beijo, tentar adentrar em cada sala de aula da velha escola, descer no imenso vazio que ficou da velha casa e sonhar e delirar com a lembrança da juventude na bela pracinha e na simplicidade da antiga igrejinha, lá fui batizado, primeira comunhão, crismado e voltei para casar, dei meus primeiros passos na religião que tento viver e pregar até hoje, talvez lá tenha nascido um pouco do poeta, pois creio na composição total e plena da formação feita em cada dia, em cada momento da sua vida, mesmo sem perceber sei que a composição de uma pessoa é feita por etapas e concluída por vivência de cada uma delas. Em cada café o olhar distante se perde pensativo, o dia vai passando a tarde vem e pela noite tento reviver cada passo que ali um dia eu dei, quase não posso controlar minha vontade de sair correndo e gritar que o tempo não passou, que cidade não chegou, que a infância ainda não terminou, mas que bom que para minha felicidade a poesia, chegou. Precisava voltar e voltei... POR: Wcastanheira Em delírios da vida de infância, após um delicioso passeio ao passado, convenhamos, nem tão distante assim, são apenas uns 45 anos, (uauauauu qto teeempo) mas foi bom, construiu muito do pouco que hoje sou. Pra vcs bjos e bjos.

10 comentários:

  1. A infância é lugar tão adorável, as lembranaças, memórias, cicatrizes, fotos, brincadeiras, amigos...Tudo se foi, ai me pergunto se devo ficar triste? Respondo á mim mesma, claro que não afinal, tudo na vida passa o que devemos é aproveitar a cada momento como se fosse o ultimo, e deixar viva as melhores lembranças!Que bom que voltou!

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  2. Que encantador "delírio" nos deste aqui e hoje!
    Beijo.
    isa.

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  3. Passeio necessário para ganhar forças na origem e poder seguir em frente.
    Um grande bj querido amigo

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  4. Lindo demais...Eu tbem sinto saudades, do tempo em que corria livre pelo mato, descalça,,,do tempo em que levantava cedo pra ajudar a ordenhar as vacas e ja levava a caneca com um pouco de açucar pra tomar o leite tirado na hora...Do tempo em que colhia as verduras no canteiro que eu mesma plantei. Agora aqui, só concreto e edificios, carros e pessoas que nem ao menos se dão bom dia.
    Mas como vc mesmo disse: Ainda bem que ainda me resta a poesia,
    Bjos achocolatados

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  5. Bom demais!


    Passear e lembrar a doce infância!

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  6. Que lindo...como é bom descansar na infância, no conforto, e no aconchego que ela nos trás, foi tão recompensante passar por aqui hoje e ler tuas palavras, pude voltar na minha infância e descansar nela...
    Um obrigada, um beijo e um abraço imenso por passar em meu blog e me fazer renascer um pouquinho a cada dia com tuas lindas e queridas palavras...
    Beijinhos...da menina do blog!

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  7. a criança que vive dentro da gente nunca deve morrer apenas esperar o momento certo pra dar as caras de vez em quando e colorir nossas vidas não deixe aquela criança que viveu lá tanto tempo desaparecer.

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  8. Ótimo post, muito bom sentir os ares do campo, relembrar a infância, momentos que nunca se perdem :)

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  9. ah que lindo !! Ver que os melhores tempos passaram é bom e ao mesmo tempo triste... mesmo assim, ficar relembrando, voltar no tempo e ouvir as vozes da mãe chamando, lembrando-se da inocencia... nada melhor *-* ainda mais nesse lugar calmo e frio q voc foi...

    http://help-adolecentro.blogspot.com.br/

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  10. A infância sempre nos deixa marcas...
    Abraço Lisette.

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