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sábado, 5 de maio de 2012

A moça do avião...A moça do piano.

Naquela viagem meu destino estava traçado, combinado e seria, seria, profissionalmente correto, chegar ao aeroporto, enfrentar a monótona fila do recebimento das malas, onde parece que todas passaram na esteira e a sua está voltando num vôo qualquer que irá desde Madri até Hong Kong, normal, até esta angustia é aceita dentro dos padrões de quem enfrenta os delírios de viajar seguido, tomar um táxi e seguir para o hotel, um jantar, um show ou um teatro, apenas para quebrar o peso do compromisso profissional, uma quase rotina que enfrento em meus deslocamentos, porém naquele dia num havia o destino reservado algo especial, um concerto para piano e flauta, chamou minha atenção no teatro Municipal do Rio de Janeiro, comprar ingresso, reservar na segunda fila é para mim quase um ritual, gosto não sei de onde veio este bem querer pela segunda fila, toda a beleza do teatro fica ao meu olhar, naquele dia anunciava-se um concerto para piano n° 2, música clássica de Beethoven... 21:00 horas, a pontualidade neste tipo de evento é clássica, chama-me a atenção, apesar de ser no Brasil, o público calmamente chegava e delicadamente ia pisando sobre os tapetes vermelhos que recebem as visitas no municipal, as luzes todas em contra cantos davam um ar sombrio porém com claridade natural ao ambiente, o tradicional lustre de centro destacava-se ao olhar mesmo distraído de algum dos presentes, impossível não perceber tamanha notoriedade em beleza e requinte, 21: horas, suspense na platéia, um suave tocar de flauta doce anuncia a dama do piano, ela entra deslumbrante, linda, um vestido alinhado aos joelhos, com cintura bem delineada por um belo cinto, uma sobre blusa enfatizando a beleza dos seu ombro nu, cabelos soltos num belo Chanel que destaca a beleza do seu rosto e oferece-me o encanto dos seus brincos cintilantes, uma mulher, um desenho de beleza e suavidade, ela elegantemente apresenta-se num gesto delicadamente feminino e sutilmente profissional, meia volta e seus dedos dedilham Beethoven, a platéia ergue-se e ovaciona tão sublime encantadora sonoridade, da cadeira confortável, deliro diante da beleza feminina e do encanto de sonoridade e assim transcorreu a noite e assim fui aos poucos imaginando, testando minha astucia de curiosidade, como chegar até a moça pianista? Aquele rosto tão igual a moça do avião, aquele meio sorriso, preso por questões de estilo, tão igual ao riso largo e descontraído da moça do avião, ali ao meu lado de Porto Alegre ao Rio, aquele corpo alinhado, semi ereto, tão igual àquele corpo relaxado, entregue ao conforto da poltrona e de vez em quando trocando comigo a energia quente de nossas peles, ali trocamos belas risadas, contamos um ao outro um pouco de nossas vidas e de algum modo nos olhamos profundamente enquanto nossas mãos por acaso ou uma força qualquer encontravam-se mesmo meio sem querer, a moça do piano, estava ali, nada mais que uns vinte metros do seu companheiro de poltrona, parece que percebi seu olhar, parece-me que notei seu riso direcionado focado na poltrona 30, lembro bem daquele corpo esguio ao meu lado, seu vestido leve, deixando os ombros nus expostos a um carinho, ainda guardo aquele calor em minha mão, quando conversando apoiava-me neles para contar algo provocadamente em seu ouvido, guardo comigo nossa troca de lanche durante a viagem, _Como gosto de um bom vinho...Uma deixa, quem sabe para após o show, não sei... POR: Wcastanheira Em delírios de um final de tarde, da série, o conto não pode parar, o que vocês acham, a moça do avião deverá ser a moça do piano?? Pra vcs bjos e bjos.

6 comentários:

  1. Oi Castanheira,

    Realidade ou fição?
    Só o escritor sabe, né?
    Que descrição maravilhosa, nossa!
    A moça do avião, tal qual a moça do piano e quantos anseios e vontades.
    Se delirou, foi ótimo, pois seu texto está super.

    Bom fim de semana.
    Beijos da Luz.

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  2. Já imaginei uma cena maluca: a moça, o piano e o cavalheiro!

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  3. Será que o delírio está na beleza dessas prováveis mulheres que são apenas uma? Ou no talento delas num sorriso? Talvez tenha continuação, talvez não.

    Beijos,
    http://eppifania.blogspot.com.br/

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  4. Bom dia!
    Comigo acontece ao contrário.
    Se voce me encontrar no meu
    cotidiano, trabalhando, não
    iria acreditar quando me encontrasse
    num momento de lazer, pois sou totalmente
    diferente...Na profissão, sou moleca, sapeca,
    de camiste básica sem desenho, tenis All Star,
    e jeans velho desbotado mesmo!
    Diferente de quando saio e vou vestida, quase que,
    elegantemente! Ai, ai...passou uma imagem na minha
    cabeça...Qual será das duas a mais feliz? A simples,
    na poltrona do avião, tranquila e relaxada ou a imponente
    elegante perfeccionista do piano, no palco?
    Fica a dica para se pensar!!
    Abraços e eu me envolvendo, como sempre, com teus textos,adoro!!

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  5. Certamente se o homem interessou-se por ela,não poderia confundi-la com qualquer outra que fosse, por mais bela que fosse, pelo menos é o que acredito quando se ama ou mesmo apaixonada, sabe ao menos distinguir quem és tua amada!Então eram á mesma pessoa!

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  6. A viajante, ou a musicista?

    um mistério no ar , que visa o amor e a conquista.

    lindo conto...

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