A menina meia médica, em Copacabana.

Naquela noite encontrei-a num passeio descontraído, pelo calçadão de Copacabana, andava meio distraído enquanto admirava ao longe os rochedos do pão de açúcar, voltava minha atenção às belas moças que desfilavam suas belezas pelo calçadão ou esticava meu olhar um pouco mais e curtia aquelas que ao cair da tarde caminhavam à beira mar, o sol já há muito estava encoberto pela selva de pedras que costeia toda orla carioca, ciclistas iam e vinham alegres pela ciclovia linear das praias, decidi descer, sentir o contacto com a água, precisava descarregar a energia acumulada por um dia de trabalho, reuniões, computador, enfim a melhor opção era curtir a beira mar, ao fazê-lo vi uma moça caminhar descontraída, pés descalços, sandálias na mão, uma linda saia rosa e uma blusa delicadamente jogada sobre os ombros, cabelos castanhos soltos, ao vento, saboreava a delicia de com pingos de mar banhar suavemente suas belas pernas, ao chegar próximo, minha surpresa, houvera conhecido a bela moça dias atrás, era Kessy, a linda menina meia médica, sorri alegre e feliz, para minha surpresa ela devolveu o mesmo sorriso, pareceu-me em dose dupla, no automático abri os braços no mesmo instante ela estava presa a eles, rodopiamos, dançamos, entramos assim grudados pelo pescoço até que a água quase cobrisse-nos pela cintura, olhei-a e nos beijamos demorado, perguntei, _isto é um sonho?
_Não sei, mas deixe-me dormir, está tão bom, dormir assim...
Caminhamos em direção ao aterro, de mãos dadas, passos lentos, água na altura dos joelhos, aos poucos ia sentindo sua mão apertar a minha, seu corpo encostar no meu e sei lá como, ela adiantou-se e envolveu-me num abraço impossível de sair, estava enovelado com nada mais nada menos do que a menina meia médica, ficamos ali, parados, estátuas, imobilizadas pelo calor dos nossos corpos e pelo desejo de que de algum modo poderíamos completar um o corpo do outro, o cair da noite avançava sobre nós e a praia, ainda não tivéramos tempo para mais que duas palavras, queríamos apenas curtir aquele encontro que marcáramos no Leblon, mas que de algum modo sem que possamos saber, aconteceu em Copa, de todo modo foi legal absorvemos a surpresa sem cobrarmos um do outro pelo nosso desencontro...
_Conta pra mim, ainda deseja ser cirurgiã plástica?
_Ainda, apesar de algumas criticas desejo sê-la, porquê?
_Nada, apenas quero ser seu primeiro cliente, quero que modele minhas orelhas, deixe-as novamente em forma , você morde muito gostoso talvez tenha que reformar caso a gente tenha outro encontro...
_Ah, deixa de bobagem é que estava com saudades, nem acreditei quando vi você passeando por aqui, que música você vinha cantando?
_Cantava Chico, sou ligado nas músicas dele, mas não são do seu tempo...
_Bobagem canta um pouquinho...
_Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês, a noiva do cawboy, era você além das outras três, eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões...
_Taí, uma letra legal, Adoro também escutar Chico, ele me faz viajar, sou uma mini médica não uma mini aborígina...
_Subimos ao calçadão um pouquinho, lá a gente pode sentar bater um papo, atravessar a rua e quem sabe tomar um choop, comer alguma coisa, finalmente a noite está linda, veja que bela lua começa a surgir.
_Poucas imagens são mais lindas que o nascer da lua em Copacabana, demos sorte, eu nem sabia que era noite de lua cheia.
_Sorte não, os anjos prepararam este momento pra nós, no meu reino de memórias vai ficar guardado este momento especial, uma bela praia, um cara legal, com um beijo pra lá de gostoso, uma noite calma, apenas uma suave brisa e finalmente minha primeira cirurgia plástica já marcada, recuperar esta orelhinha que mordi até quase deformar, vou morder novamente, vem cá meu gato, depois a gente ajeita isso...
Após nossos abraços enlouquecidos, subimos até o calçadão, ficamos ali, conversando, bebendo um pouco enquanto ouvíamos alguém cantar Chico e Caetano, juntou dois tempos, duas gerações unidas pela mesma música, ficamos assim até quando ela desencostou sua cabeça do meu peito e disse, _O sonho acabou, preciso ir, quem sabe a gente marca um encontro para amanhã em Búzios e se encontra em Cabo Frio?
_Gostei, ótima idéia, Búzios é quase tudo de bom, locamos um Yate e passamos o dia viajando pelas ilhas paradizíacas deste belo Rio de Janeiro, uma esticada até o sul, quem sabe Ilha Bela, Guarujá , podemos pernoitar por lá, o que achas deste doce delírio?
-Nossa, que viagem meu gato, um verdadeiro programa de marinheiro, de quem sabe onde encontrar as delícias da natureza marítima, poderia apenas dar um passeio por Ipanema, mas adorei, prometo pensar.
_Pensar?, Não, é pegar ou largar, o telefone está aqui, ligo agora pra Marina e reservo, our dream...
_Calma você é muito apressadinho, deixa o dia passar, deixa-me somatisar a idéia , mais tarde te ligo, tenha um pouco de paciência comigo...
Assim ela saiu, pegou o carro e desapareceu, pela Vieira e Souto, fico aqui a aguardar sua disposição em fazer-me feliz, ela é assim, uma doce menina com um turbilhão de pensamentos pró ativos, meio maluquinha, meia médica, mas, muito encantadora, com seus olhos castanhos e seu modo maroto, brejeiro de sorrir, vou esperar , aos poetas resta sempre pelas musas...esperar...
Por: Wcastanheira
Da série, o conto não pode parar, escolhi a bela Copacabana, um lugar de sonhos, não que o Leblon do poetinha Vinicius seja menos, mas o charme de Copa ajuda a tornar as mulheres mais flexíveis, o amor flui, a poesia desperta e até estas...mini médicas tornam-se quem sabe, um pouco mais...amantes, bjos, bjoss.