A vida até aqui tem sido tudo muito fácil para mim, fácil demais.
Às vezes
desejo ardentemente que aconteça alguma pequena desgraça que me mova, que me
retire deste conforto que é amar e sentir a energia do amor como doce retorno, quem
sabe uma suave catástrofe que me jogue ao nível do chão, que me faça
experimentar a solidão ou o desconforto de um breve momento solitário, para me
obrigar a despir as máscaras, o falsos gestos, as falsas palavras, este tão
comum gesto de carinho e afeto que gosto de distribuir.
Uma coisa
que me torne ínfimo e um pouco confuso e só do que sou, que me deixe a sós
comigo mesmo, nu, na frente de um espelho, a investigar a minha verdadeira
condição.
Então eu
saberia, pela primeira vez eu poderia saber.
Então
viria a solução final, definitiva.
Levantar-me
aos poucos, como um pé-de-vento, lentamente crescendo, incorporando outros
seres a mim, e girando, girando sempre, tornar-me tormenta, furacão, vendaval,
terremoto, cataclismo.
Ou me
dissolveria em poeira à primeira brisa que soprasse, experimentava novos amores
e com eles novas dores, deixaria quem amo e tentaria talvez a vida com alguém
que ainda nem conheço ou ame, sairia deste conforto, deste marasmo de andar no
limite, de não sair dos trilhos, de respeitar meu, limite branco — quem sabe?
POR :
Wcastanheira Em delírios do poeta, recebi de uma pessoa especial e decidi
partilhar com minhas visitas especiais, este mimo do Caio, mais um delírio da
magia poética do CFA. Pra vcs bjinhos e bjinhos.
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